Apesar de queda do preço, petróleo teve produção recorde

Produção deve ser mantida para viabilizar pagamento de dívidas externas, sugerem analistas

Produção deve ser mantida para viabilizar pagamento de dívidas externas, sugerem analistas

Evguêni Biatov/RIA Nôvosti
Contratos de investimento de longo prazo possibilitaram projetos de extração na Rússia. Sob risco de diminuir produção, petrolíferas do país receiam perder mercado europeu.

Embora os preços da commodity tenham sofrido grande depreciação ao longo do último ano, a Rússia registrou um acréscimo de 1,4% na produção de gás e petróleo em comparação a 2014, totalizando quase 535 milhões de toneladas.

O nível recorde de produção é, segundo especialistas, o resultado de investimentos em projetos realizados anos atrás. “O aumento da produção ocorre devido aos investimentos na exploração de novas jazidas”, aponta o diretor do Fundo de Desenvolvimento de Energia, Serguêi Píkin.

Além disso, uma vez que os planos de produção de hidrocarbonetos são projetados para décadas, o lançamento ou congelamento de jazidas seria um processo longo e complicado.

“É preciso também coordenar as mudanças nos planos com o governo, o que atrasa o processo ainda mais”, explica o presidente do conselho administrativo da 2K, Ivan Andriévski.

Por esses motivos, o analista do Fundo de Segurança Energética Nacional, Ígor Iuchkov, acredita que o país aumentaria a produção mesmo se os preços do petróleo tivessem permanecido altos.

“No entanto, devido à queda dos preços do hidrocarbonetos, a produção começará a diminuir não apenas na Rússia, mas em todos os países produtores”, prevê Iuchkov.

Entre os especialistas há consenso de que as empresas russas devam, porém, manter a produção de petróleo para garantir o fluxo financeiro positivo.

“Nas condições das sanções as petrolíferas russas têm que pagar as dívidas externas e, para isso, elas precisam aumentar os ganhos cambiais”, afirma Píkin. 

Disputa pelo mercado

Os membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram, no início de 2015, manter as cotas de produção de petróleo em 30 milhões de barris por dia. Como resultado, outros países produtores de hidrocarbonetos, além da Rússia, registraram aumento de produção.

Em dezembro passado, a Arábia Saudita produziu 10,3 milhões de barris do petróleo por dia, enquanto a produção diária na Rússia ultrapassou os 10,7 milhões de barris.

Ao assumir a presidência da Opep este ano, a Nigéria sugeriu realizar uma reunião extraordinária da organização para discutir o declínio contínuo dos preços e possivelmente reduzir a meta de produção diária da commodity para conter a queda.

Essa iniciativa pode, entretanto, gerar prejuízos à Rússia, segundo Andriévski, já que forçaria à redução dos fornecimentos e outros fabricantes ocupariam o lugar do país.

“Infelizmente, hoje as petrolíferas russas são obrigadas a trabalhar com lucros mínimos e esperar que o período de preços baixos do petróleo não irá muito tempo”, diz o especialista da 2K.

“É muito caro e difícil reduzir os volumes de produção”, afirma também o diretor do departamento de avaliação do Grupo SRG, Eduard Danilov. Segundo ele, a própria Arábia Saudita, embora seja mais flexível, decidiu aumentar a produção em 7% em vez de reduzi-la.

“A Rússia está lutando pelo mercado europeu, que começou a comprar petróleo saudita e planeja abrir o mercado ao Irã e aos Estados Unidos. Se a Rússia reduzir a produção, o país perderá seus clientes tradicionais. Depois será muito difícil voltar ao mercado europeu”, conclui Danilov.

 

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