Com recorde nesta segunda-feira, queda do rublo tem retrospectiva

Liberalização de moeda russa conteve, moderadamente, alta do dólar, mas teve efeitos sobre a indústria

Liberalização de moeda russa conteve, moderadamente, alta do dólar, mas teve efeitos sobre a indústria

Shutterstock/Legion Media
Gazeta Russa mostra como moeda tem caído em relação ao dólar e ao euro desde 2014, com agravamento da crise na Ucrânia, atingindo o pico de queda nesta segunda-feira (28).

Nesta segunda-feira (28), o dólar alcançou seu valor mais alto na bolsa russa desde dezembro de 2014, chegando aos 72 rublos. O euro chegou aos 79,3 rublos. A queda do rublo acontece devido à queda dos preços do petróleo e ao fim do período fiscal.

Em comparação aos indicadores de 2014, o valor do rublo em 2014 em relação a outras moedas estrangeiras caiu para menos da metade.

A queda ocorre desde o agravamento da crise ucraniana, em 2014, e, para contê-la, em 14 de novembro daquele ano, o Banco Central da Rússia parou de vender dólares do Fundo de Reserva para diminuir a demanda por moedas estrangeiras e adotou o regime de câmbio flutuante para o rublo.

“O Banco Central já não podia conter a nova queda do rublo com intervenções cambiais", explica a vice-diretora da consultoria FinEkspertiza, Natália Borzova.

De acordo com o analista financeiro da FxPro, Aleksandr Kuptsikêvitch, com a liberalização da taxa de câmbio, a economia pode reagir de forma mais flexível no mercado.

“Todos os países produtores de petróleo com taxas de câmbio fixadas ao dólar enfrentaram um déficit orçamentário de 20% e tiveram que compensar as perdas com reservas. O Banco Central russo não teve alternativas", afirma Kuptsikevich.

Efeito da liberalização 

Após a liberalização da moeda, a relação de dependência entre a taxa de câmbio do rublo e o preço do petróleo chegou aos 88%, de acordo com dados do Banco Nordea (ver infográfico).

Além dos preços do petróleo, a taxa de câmbio também é afetada pelos riscos geopolíticos e por fatores domésticos, como a taxa básica de juros, os prazos de pagamento de impostos e a amortização da dívida externa.

Ainda neste mês, quando os preços do petróleo tipo Brent caíram para os US$ 36,40, o preço do dólar norte-americano chegou aos 70,55 rublos, o que era considerado um avanço, dadas as quedas anteriores, muito mais acentuadas.

"Se a relação entre os preços do petróleo e a taxa de câmbio do rublo fosse fixa, o dólar americano custaria 88,8 rublos. Ou seja, os responsáveis pela política monetária do país obtiveram um grande sucesso na desaceleração da queda do rublo em relação à do petróleo", dis o professor da Escola Superior da Economia da Rússia, Aleksandr Abramov.

Golpe duro para a indústria

Apesar do sucesso apontado por economistas, o valor do rublo, em relação ao dólar, caiu quase pela metade desde a adoção do regime de câmbio flutuante. A desvalorização da moeda, por sua vez, dificultou a importação e exportação de produtos.

“Devido às sanções contra o setor financeiro russo, a indústria perdeu acesso a recursos europeus e americanos de baixo custo. A maioria dos equipamentos, componentes eletrônicos e produtos de alta tecnologia são importados do exterior por empresas russas, por isso os gastos só crescem”, diz o diretor de análises da OK Broker, Vladímir Rojakôvski.

Para ele, a liberalização da taxa do rublo foi o principal fator de desvalorização da moeda russa. “Acredito que seria razoável restabelecer o controle do regulador sobre a moeda em 2016", diz.

Apesar de reconhecer os efeitos negativos das novas medidas, a assessoria de imprensa do Banco Central da Rússia afirmou à Gazeta Russa, por e-mail, que esses são superados pelos positivos.

"A contribuição positiva do aumento das receitas de exportação excedeu o impacto negativo da dinâmica da taxa de câmbio sobre as despesas. Não pretendemos apertar a política cambial, mas não excluímos a possibilidade de realizar intervenções cambiais esporádicas para apoiar a estabilidade financeira", escreve a assessoria.

 

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