Uma das causas da mudança é a livre circulação de capital, de acordo com declaração do presidente russo.
GettyimagesDe julho a setembro de 2015, o influxo de capital na Rússia chegou a US$ 5,3 bilhões, de acordo com comunicado oficial do Banco Central. O documento ainda afirma que este é o primeiro influxo de fundos na economia russa desde o período de abril a junho de 2010.
A tendência vai na contramão do resto do ano, já que, ao final dos três primeiros trimestres de 2015, o Banco Central registrou uma saída de capital de US$ 45 bilhões.
Uma das causas da mudança é a livre circulação de capital, de acordo com declaração do presidente russo Vladímir Pútin em outubro de 2015. Segundo ele, o governo não restringirá a circulação de capital ou fixará taxas de câmbio.
Esse tipo de medidas estava em vigor no final dos anos 1990, mas não levou a uma mudança significativa na taxa de câmbio durante o período de desvalorização.
Além disso, a fuga de capital de mercados emergentes tem diversas causas, entre elas a política monetária do Sistema de Reserva, segundo o presidente. Nos próximos anos, porém, ele garante que a economia do país irá superar a recessão e dará início a uma dinâmica positiva.
“O influxo de capital está relacionado ao fortalecimento do rublo e a fatores sazonais. Ao rejeitar empréstimos externos, as empresas estão atraindo recursos em rublos mais ativamente”, explica o chefe de operações da consultoria Freedom Finance, Gueórgui Váschenko.
Além disso, o influxo real de investimentos começaria na Rússia depois que o preço do petróleo ultrapassasse os US$ 70 por barril.
“Até lá, os investimentos serão pontuais, pois, por enquanto, o interesse no mercado tem caráter especulativo”, diz.
Sem medo
Para a sócia da consultoria UFS IC, Elena Jeleznova, muitos investidores estrangeiros, sobretudo asiáticos, têm agora um interesse maior no mercado russo e pesquisam ativamente outras variantes para desenvolver a cooperação.
“As corporações russas, por sua vez, aprenderam a ter uma atitude igualmente reverente, compreensiva e respeitosa tanto em relação a seus velhos parceiros europeus e americanos, como em relação aos novos amigos asiáticos”, diz.
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Mas, por enquanto, o Banco Central não espera que essa tendência se mantenha em longo prazo. As previsões da instituição são de que, em 2015, US$ 85 bilhões saiam do país. Já no Ministério das Finanças, acredita-se que a saída de capital chegará a US$ 70 ou US$ 80 bilhões, e no Ministério do Desenvolvimento Econômico, as estimativas chegam aos US$ 93 bilhões.
Durante todo o ano de 2014, US$ 154,1 bilhões saíram do país e, em 2013, US$ 61 bilhões.
Interesse em títulos
Os indicadores positivos, porém, se intensificaram com a entrada, em outubro de 2015, de duas grandes empresas russas para os mercados de capitais ocidentais: o monopólio de gás Gazprom e a maior produtora de níquel e zinco do mundo, a Norilsk Nickel.
No início de outubro, as duas companhias colocaram seus eurobônus no mercado. A demanda por papéis russos superou em muito a oferta.
Em 8 de outubro de 2015, a Gazprom fechou o livro de pedidos de colocação de eurobônus com prazos de três anos em US$ 1,1 bilhão. A demanda foi tão alta que a empresa teve que reduzir pela metade a taxa de juros, chegando aos 4,625%.
No dia anterior, a Norilsk Nickel fechou o livro de pedidos de colocação de eurobônus de sete anos de prazo em US$ 1 bilhão.
A demanda pelos papéis foi quatro vezes maior que a oferta, chegando aos US$ 4 bilhões. Isso também permitiu que a empresa reduzisse pela metade a taxa de atratividade: o rendimento final foi de 6,625%.
“Atualmente, os eurobônus russos estão entre os mais atraentes nesse segmento de mercado. Em primeiro lugar, isso se deve a seu alto rendimento, em um contexto de redução geral das taxas de juros. Em segundo lugar, isso ocorre graças à normalização da situação da economia da Rússia, que já não espanta os investidores mais conservadores”, diz o diretor da consultoria Hedge.pro, Iliá Butúrlin.
Mercado muçulmano
Anteriormente, em 30 de julho de 2015, o Banco Ak Bars, o maior da república predominantemente muçulmana do Tatarstão, decidiu entrar no mercado internacional de capitais.
A instituição de crédito colocou títulos de US$ 300 milhões a uma taxa reduzida para um emissor de tal nível de confiabilidade : 8% ao ano.
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