Funcionária checa impressão de dinheiro em órgão emissor na cidade de Perm
Maksim Bogodvid/Ria NôvostiO Banco Central (BC) da Rússia vai imprimir cerca de 1 trilhão de rublos (US$ 15 bilhões) em dezembro deste ano, segundo informações do vice-presidente do órgão, Geôrgui Luntóvski. A emissão está relacionada ao aumento da demanda sazonal por dinheiro em espécie.
Segundo as estatísticas do BC, todo final de ano, o volume de dinheiro vivo no país cresce e, em janeiro do ano seguinte, volta a diminuir. Em dezembro de 2014, por exemplo, o volume cresceu 914 bilhões para 8,8 trilhões de rublos, e, no final de janeiro deste ano, caiu para 7,7 trilhões.
O principal motivo por trás do aumento de dinheiro em espécie é o crescimento das despesas orçamentais. “Em dezembro, o governo costuma gastar cerca de 40% do orçamento”, diz o economista da consultoria financeira BKS, Vladímir Tikhomirov.
Outra razão para a maior impressão de moeda são as festas de Natal e Ano Novo, época em que a população costuma sacar mais dinheiro de suas contas bancárias.
Esse fator é inclusive citado pelo pesquisador-chefe do Centro de Análise do Sistema Financeiro da Academia Presidencial da Economia Nacional e Administração Pública da Rússia, Aleksandr Abramov, que aponta para problemas de liquidez bancária (dinheiro disponível para saque imediato pelos correntistas do banco).
“Até agora, para aumentar a liquidez, os bancos exigiram créditos por meio de operações de reposição [transações com garantias de recompra ou venda a prazo determinado e a um preço fixo]. Devido às altas taxas de juros, os bancos pararam de usar esse instrumento. Para ajuda-los a receber fundos suficientes, o BC planeja, então, imprimir dinheiro”, conclui o economista.
De acordo com a chefe do Banco Central russo, Elvira Nabiúllina, a emissão não terá efeitos colaterais associados com valores monetários, “porque o regulador pretende continuar a estudar a demanda por dinheiro em espécie”.
Efeitos
Mais cedo, o porta-voz do BC anunciou também que a emissão não aumentará a oferta monetária, ou dinheiro circulante (montante de dinheiro disponível na economia). Os especialistas afirmam, porém, que isso é pouco provável.
“É possível imprimir mais dinheiro sem aumentar a oferta monetária apenas retirando uma parte significativa das notas em circulação, por exemplo, notas velhas. Mas o BC não planeja isso”, diz o chefe do departamento de análise da Associação de Bancos da Rússia, Serguêi Grigorian.
Apesar da divergência, o aumento da oferta monetária pode ser benéfico para a economia russa, segundo o economista. “Quanto mais dinheiro, mais forte a economia. E na Rússia, a oferta monetária é muito pequena em relação ao Produto Interno Bruto.”
Enquanto a oferta monetária no país é duas vezes menor do que o PIB (US$ 381 bilhões contra US$ 1,06 trilhões), o dinheiro circulante na China é duas vezes maior do que o PIB nacional.
“O Banco Central tem medo de aumentar a oferta monetária, pois isso pode acelerar a inflação. No entanto, os estudos da nossa associação mostram que, na Rússia, a inflação não é monetária, mas depende sobretudo das taxas de monopólios naturais”, diz Grigorian.
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