Veículos, máquinas de lavar e outros produtos se beneficiam.
Egor Aleiev / TassA profunda recessão em que se encontra a Rússia está influenciando em uma mudança nas estratégias de investidores, que agora buscam tirar proveito da moeda barata, usando-a como plataforma para engrenar as exportações.
“A desvalorização do rublo em 2015 impulsionou nossas exportações, e estamos fazendo de tudo para aproveitar ao máximo essas condições”, diz o diretor da planta russa de fabricação de máquinas de lavar roupa da marca alemã BSH GmbH, Khakan Mandali.
Redirecionando esforços
Há apenas dois anos, multinacionais do mundo todo miravam o mercado russo. A economia local se recuperava da crise financeira de 2008-2009 e os rendimentos da população aumentavam.
O país tornava-se o maior mercado da Europa em diversos setores, do automobilístico ao de produtos alimentícios para bebês.
As montadoras norte-americanas Ford e General Motors, por exemplo, buscavam avidamente incrementar as fabricação dentro do país para atender à demanda local.
Hoje, porém, o cenário mudou. A acentuada recessão causada pela queda dos preços do petróleo e pelas sanções internacionais, agravada pela drástica desvalorização da moeda nacional, forçou investidores a redesenharem suas estratégias.
Alguns, como a GM, estão deixando o país. Mas outros, como a Ford, estão adaptando suas operações na Rússia: usam o país como base de fabricação de produtos para exportação, uma vez que a queda do preço do rublo torna sua mercadoria ali fabricada mais competitiva nos mercados mundiais.
A economia russa continua dominada pelas exportações energéticas, e o mais provável é que assim permaneça nos próximos anos. Mas agoras as autoridades russas colocam suas esperanças no redirecionamento da produção, que poderia ajudar o país a deixar de depender de commodities.
Exportações dobradas
A BSH GmbH planeja dobrar as exportações em 2015, segundo Mandali. A fábrica exportou 50 mil máquinas produzidas na Rússia apenas em 2014. Embora a maior parte dessas vendas seja destinada a países da antiga União Soviética (principalmente Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão e Quirguistão), a empresa também almeja mercados europeus, incluindo Alemanha, França, Itália e países escandinavos.
A joint venture da Ford no país, a Ford Sollers, também planeja exportar sua produção para a Europa. No ano passado, a filial russa já passou a fornecer os modelos Ford Focus e Ford EcoSport para seu vizinho Cazaquistão. Para otimizar os custos, a porção de componentes produzidos na Rússia foi aumentada de 40% para 85%.
Em dezembro de 2015, a empresa inaugurará uma planta para fabricar 200 mil motores por ano para o Focus, o Fiesta e o EcoSport. No total, a Ford investirá quase US$ 1,5 bilhão no desenvolvimento de unidades de produção na Rússia.
Dependente de petróleo
As exportações russas ainda são compostas principalmente por matérias-primas e minerais, especialmente energéticos. O petróleo e o gás natural representaram 68% das exportações russas em 2013, segundo a U.S. Energy Information Administration.
Além de multinacionais, fábricas locais passam a vender mais Foto: Mikhail Djaparidze / TASS
Além disso, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Econômico da Rússia, o volume de negócios do varejo russo desceu 8% no primeiro semestre de 2015, com uma queda de 7,7% na demanda por gêneros alimentícios e de 8,3% para outros bens. Já as vendas de carros no país caíram 35% entre janeiro e julho de 2015, segundo a Associação de Empresas Europeias na Rússia.
Já a maior montadora russa, a AvtoVAZ, tenta impulsionar as exportações do seu modelo mais popular contemporâneo, da marca Lada. Sua meta é exportar 100 mil desses veículos por ano.
Estimativas da empresa de investimentos VTB Capital avaliam que as vendas internas da AvtoVAZ cairão 17% em 2015, chegando a 320 mil veículos por ano, enquanto as exportações devem subir 35%, alcançando os 70 mil veículos por ano.
“Com a mão de obra mais barata, menores custos de produção e componentes a preços acessíveis em vários setores, as empresas podem oferecer produtos mais competitivos em nível internacional e no mercado local”, explica o analista-chefe da consultoria moscovita UFS IC, Iliá Balákirev.
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