Dos produtos apreendidos, 576 kg vinham em malas de mão.
Serguêi Medvedev / TassApós entrada em vigor, no dia 6, do decreto presidencial que determina a destruição de produtos alimentícios europeus e norte-americanos embargados pela Rússia, o país interceptou e aniquilou 871 toneladas desses gêneros em apenas nove dias, de acordo com a agência fitossanitária Rosselkhoznadzor.
“No momento, já foram apreendidas e destruídas 550 toneladas de alimentos de origem vegetal e 321 toneladas de origem animal”, lê-se em comunicado divulgado pelo órgão no dia 15.
O documento ressalta ainda que, da produção detida, 576 quilos eram transportados em bagagens de mão, apesar de a proibição não se aplicar a mercadorias importadas por cidadãos russos para uso pessoal.
Muitos dos produtos interceptados levavam certificados falsos de origem. Eram esses documentos que garantiam a penetração no país desses alimentos, proibidos desde agosto de 2014, quando Moscou começou a embargar produtos originários dos Estados Unidos e União Europeia como resposta às sanções impostas por esses à Rússia devido à crise ucraniana.
Foi o caso das 114 toneladas de carne suína destruídas na cidade de Samara, à beira do Volga, que foram importadas com documentos brasileiros - mas provinham da União Europeia.
Reações diversas
Enquanto alguns observadores no país se colocaram a favor da nova medida, outros sugerem que os alimentos sejam doados, inclusive a pessoas na zona de conflito na Ucrânia.
Apreensões devem ser destruídas em presença de testemunhas Foto: Serguêi Medvedev / Tass
O analista da consultoria UFS IC, Iliá Balakirev, afirma que a destruição de produtos alimentares é uma prática comum em muitos países desenvolvidos. “Mas, em essência, o decreto ressalta a incapacidade de controlar completamente a importação de produtos previstos pelas sanções”, diz.
Os dados do Serviço Federal Aduaneiro, revelam que, durante o primeiro semestre de 2015, foram aprendidas mais de 550 toneladas de produtos incluídos na lista de embargos russa. Nesse período, as autoridades russas confiscaram 44,8 toneladas de produtos sancionados, números tímidos perto dos divulgados neste mês pelo Rosselkhoznadzor.
Seguindo as novas diretivas, fiscais do Estado buscam produtos afetados pelo embargo não apenas nas fronteiras, mas em mercados e lojas de todo o país, que devem ser eliminados imediatamente após a apreensão.
O processo de destruição deve ser registrado em foto e vídeo, além de ocorrer na presença de, no mínimo, duas testemunhas que não tenham conexão com os produtos.
Punição alimentícia
Além de dividir os observadores, o decreto presidencial provocou diferentes reações na opinião pública.
“Os russos nutrem grande reverência em relação aos alimentos e ao trabalho de seus produtores. Para muitos, a destruição de alimentos em bom estado é um sacrilégio”, afirma a diretora do Centro de Política Agrícola, Natália Chagaida.
“Seria melhor confiscar os produtos bons para consumo, punindo, assim, os fornecedores ou importadores que violarem a decisão do governo, e doá-los a escolas, orfanatos etc.”, acrescenta.
Já o deputado do partido de centro-esquerda Rússia Justa, Andrêi Krutov, propôs que os alimentos abrangidos pelo embargo sejam enviados para Donbass, região ucraniana devastada pela guerra civil.
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