José Rubens de La Rosa: “Precisamos compreender o que cada país tem de mais promissor” Foto: BRICS2015
Reunidos em Ufá nessa quarta-feira (8), os representantes do Conselho Empresarial do Brics debateram as perspectivas do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), cujas atividades foram iniciadas no dia anterior, e as possibilidades de participação do empresariado na avaliação dos projetos selecionados pelo novo instituto.
“É necessário que a comunidade empresarial tenha representação nos órgãos dirigentes do Novo Banco de Desenvolvimento ou, pelo menos, que possa participar da decisão de como serão avaliados e financiados os projetos”, disse à Gazeta Russa o presidente da Câmara de Comércio da Rússia e do Conselho Empresarial do Brics para a Rússia, Serguêi Katirin.
O NBD, criado para financiar projetos de infraestrutura, tem capital inicial autorizado de US$ 100 bilhões. Até o final do ano, cada país do grupo apresentará os seus projetos, e os dirigentes do novo banco irão selecionar os mais eficazes e condizentes com os objetivos estratégicos do Brics. O primeiro financiamento será alocado no início de 2016.
“Precisamos compreender o que cada país tem de mais promissor e como os membros do Brics podem se complementar na busca e criação de empregos. Aqui entra em jogo o Novo Banco de Desenvolvimento e a empresa que quer implementar projetos a serem financiados”, declarou à Gazeta Russa o presidente do conselho empresarial do Brics para o Brasil e CEO da Marcopolo, José Rubens de La Rosa.
“Publicamos a Declaração dos Princípios do Investimento, que regula a forma de criação de investimentos nos países. Cada um dos pontos tem vários artigos que definem o princípio da criação dos investimentos em cada um dos Estados-membros”, acrescentou de La Rosa.
Em julho do ano passado, a parte russa já havia apresentado, durante a cúpula de Fortaleza, 37 propostas formuladas pela Câmara de Comércio da Federação Russa, em conjunto com o Ministério do Desenvolvimento Econômico russo. Na época, o projeto de instalações portuárias de construção rápida da estatal Rostec atraiu interesse de todos os países-membros do grupo.
Além disso, está na mesa uma proposta da parte brasileira para a construção de uma rodovia transoceânica, que deverá passar pelos territórios do Brasil, da Argentina, do Paraguai e do Chile.
Competição à vista
Segundo o ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, que também participou da reunião do Conselho Empresarial do Brics, o NBD do Brics terá que trabalhar em um ambiente competitivo. “Como ele foi criado depois do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, e com o mesmo valor de capital, se debate agora a coordenação de suas atividades”, disse.
Uma das alternativas para diminuir a concorrência, segundo o ministro russo, é a possibilidade de implementação conjunta de grandes projetos de concessão que atraiam o interesse de vários países. Este seria o caso, por exemplo, da Rússia e da China, que estão interessadas no desenvolvimento da Rota Econômica da Seda.
Siluanov destacou, porém, que o diferencial do NBD será o desenvolvimento de procedimentos mais simples para a tomada de decisões. “Eles não devem ser demorados nem burocratizados, isto é, devem se distinguir pela positiva dos mecanismos de outras instituições financeiras.”
Derrubando barreiras
Ainda durante o encontro, os representantes do conselho ressaltaram a necessidade de melhoria do clima de negócios nos cinco países-membros, por meio de avaliação de um conjunto de questões relacionadas a regime de vistos e facilitação da circulação de empresários, bens, serviços e finanças, assim como a convergência de normas e regulamentos técnicos.
Além dos grupos de trabalho já formados em reuniões anteriores, o conselho definiu a criação de duas novas equipes que estarão focadas em questões de agricultura e eliminação de barreiras administrativas. “Temos vários grupos de trabalho, agora é indispensável encontrar complementaridade em cada uma das áreas de cooperação”, disse José Rubens de La Rosa.
O desenvolvimento de pequenas e médias empresas – segmento da comunidade empresarial que não tem grande representação no Conselho Empresarial do Brics – também foi tema de discussões na reunião dessa quarta-feira. “Embora regionais, muitas empresas de pequeno porte têm a possibilidade de trabalhar para a exportação e criar joint ventures”, destacou Katirin.
O relatório aprovado na reunião pelos membros, abrangendo as principais questões a serem trabalhadas por todos os países do grupo, foi entregue aos chefes de Estado durante a cúpula de líderes do Brics, nesta quinta-feira (9).
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