Gazprom corta fornecimento de gás à Ucrânia

Transporte de gás através da Ucrânia para outros clientes da Gazprom não sofrerá alterações, garantiu Naftogaz Foto: Reuters

Transporte de gás através da Ucrânia para outros clientes da Gazprom não sofrerá alterações, garantiu Naftogaz Foto: Reuters

Ministro ucraniano havia anunciado que país não compraria gás russo no terceiro trimestre. Como a demanda de gás na Ucrânia é reduzida no verão e o país tem alternativas limitadas, especialistas acreditam que interrupção terá caráter sazonal.

Na última quarta-feira (1), a Gazprom interrompeu as vendas de gás natural à Ucrânia, segundo informações da assessoria de imprensa da gigante russa do setor de gás. A empresa aguardava o pagamento antecipado pelo abastecimento de julho.

“A Gazprom não venderá gás à Ucrânia, se o pagamento não for antecipado”, disse o presidente da companhia russa, Aleksêi Miller, a agências locais. Desde 1º de junho de 2014, a Gazprom cobra antecipado pelos fornecimentos ao país vizinho.

O corte de fornecimento à Ucrânia ocorreu depois de a empresa energética ucraniana Naftogaz anunciar a suspensão das compras de gás russo no terceiro trimestre. A decisão teve como pano de fundo o fracasso das conversações envolvendo Ucrânia, Rússia e Comissão Europeia, em Viena.

Segundo o ministro da Energia russo, Aleksandr Novak, o lado ucraniano não aceitou o desconto sugerido de US$ 40 no valor atual de mil metros cúbicos de gás. Pela proposta russa, esse custo seria de US$ 247. “Mas os ucranianos insistem em um desconto de, pelo menos, 30% do preço do gás”, disse Novak a jornalistas em Moscou.

“Vamos comprar gás, mas não da Rússia, ainda não chegamos a acordo sobre o preço”, declarou o ministro ucraniano de Energia, Vladímir Demtchichin, citado pelo jornal “Kommersant”.

Ainda não sabe detalhes sobre possíveis fornecedores de gás à Ucrânia, mas o país já obteve anteriormente gás da Gazprom por fluxo reverso da Eslováquia e da Hungria.

Apesar da interrupção de gás à Ucrânia, a Naftogaz emitiu uma nota garantindo que “o transporte de gás pelo território ucraniano para os clientes da Gazprom continuará sendo realizada em pleno volume, conforme as condições contratuais”.

Verão sem gás

Para o analista da UFS IC, Iliá Balakirev, a “Ucrânia faz reivindicações completamente infundadas, sem oferecer, de fato, nada em troca como parte do processo de negociação”.

“Se os termos de Kiev fossem aceitos, a Ucrânia receberia gás significativamente mais barato do que os outros países europeus. Mas claro que a Gazprom não vai fazer uma caridade dessas”, continua o analista, que alerta: “isso é mais uma mensagem para a UE, que apoia financeiramente a Ucrânia”.

Dmítri Baránov, da UK Finam Management, garante que não há motivo para alarde. “Para a Gazprom, essa situação não significa nada. Relação complicada com a Ucrânia devido à questão do gás, ela já tem há anos. Esse caso não é nada fora do comum, já tivemos situações mais complexas”, diz Baránov.

A expectativa de ambos os especialistas é que as negociações continuem e as partes ainda cheguem a um acordo, como já aconteceu em vezes anteriores.

“No outono, a Ucrânia terá que comprar gás, encher seus depósitos e garantir o trânsito [do gás russo vendido à Europa]. No meio do verão, Kiev ainda tem margem para fazer mais uma provocação”, diz Balakirev.

 

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