Nova lista de embargo deve incluir produtos ocidentais com os quais há maior concorrência Foto: AFP/East News
Após o anúncio de extensão das sanções europeias contra a Rússia, o primeiro-ministro russo Dmítri Medvedev encomendou a preparação de um documento dirigido ao presidente Vladímir Pútin, no qual propôs a prorrogação das medidas de retaliação russas em relação à UE, bem como um projeto de resolução do governo com uma lista de artigos sujeitos a sanções.
De acordo com Dmítri Peskov, assessor de imprensa da presidência russa, a proposta de prorrogar as sanções de retaliação russas contra a UE já está sendo trabalhada no Kremlin e será aprovada “rapidamente”.
Na nova lista de embargo deverão estar presentes produtos ocidentais com os quais há concorrência acirrada, como flores e chocolates. Isso porque, segundo as autoridades russas, as sanções de retaliação em relação a UE, EUA, Canadá e Austrália têm ajudado a desenvolver o mercado interno.
“Temos que levar em conta a posição de outros países [europeus], como a Hungria, a Grécia e o Chipre, com os quais temos desenvolvidas não só boas relações econômicas e comerciais, mas também políticas, e que se opõem à política das sanções”, Valentina Matvienko.
Recentemente, o ministro da Agricultura russo, Aleksandr Tkachev, declarou ao canal de televisão Rússia 24 que a pasta está propondo também a proibição de importação de produtos de confeitaria.
No último dia 22, os ministros das Relações Exteriores do Conselho da Europa estenderam o prazo das sanções econômicas contra a Rússia, alegando que medidas contribuiriam para a execução plena dos acordos de Minsk.
Todos perdem
Em entrevista à Gazeta Russa, o analista da holding de investimentos Finam, Timur Nigmatúllin, reiterou que a prorrogação das sanções por mais meio ano se deve à escalada da situação no leste da Ucrânia ao longo dos últimos meses. Nesse contexto, a “prorrogação do embargo alimentar por parte da Rússia é uma medida de retaliação esperada, tanto em termos políticos, como econômicos”, disse o analista.
Para Nigmatúllin, entretanto, uma das principais causas da inflação elevada no último trimestre tem sido a desvalorização do rublo, e não o embargo promovido pelo país. “Apenas dois pontos percentuais correspondem ao efeito das sanções de retaliação russas”, afirmou o especialista, citando dados do Ministério do Desenvolvimento Econômico russo.
Porém, o diretor do departamento de Mercados e Engenharia Financeira da Academia Russa Presidencial de Economia Nacional e Administração Pública, Konstantin Korischenko, defende que as sanções não são benéficas para nenhuma das partes. “Elas reduzem bastante o intercâmbio comercial com a Rússia e impedem a economia europeia de sair da recessão”, diz.
Paralelamente, o atrito com os países ocidentais estaria levando a uma redução na qualidade da cesta básica dos russos, bem como à dificuldade em obter financiamento nos mercados ocidentais e à restrição de acesso a tecnologia de ponta. “O efeito negativo também se manifesta no crescimento da participação estatal nos negócios”, acrescenta Korischenko.
O único aspecto positivo das sanções, segundo o acadêmico, é o fato de desenvolverem o processo de substituição das importações e do sistema de refinanciamento interno. “Estamos assistindo a uma ativação dos contatos orientais”, finaliza.
Esperança pós-2016
“Temos que levar em conta a posição de outros países [europeus], como a Hungria, a Grécia e o Chipre, com os quais temos desenvolvidas não só boas relações econômicas e comerciais, mas também políticas, e que se opõem à política das sanções”, contrapõe a presidente do Conselho da Federação (Senado russo), Valentina Matvienko.
No entanto, Nigmatúllin, da Finam, acredita que a profundidade da crise geopolítica causada pelos acontecimentos na Ucrânia não permite ter esperança no levantamento das sanções em um futuro próximo. Para tanto, o mais lógico seria fazer previsões macroeconômicas com base no cenário atual.
A maioria dos especialistas entrevistados pela Gazeta Russa sugerem que as sanções serão mantidas até, pelo menos, o final de 2016 ou meados de 2017. “Os EUA têm eleições presidenciais em 2016, e a Alemanha tem eleições parlamentares em 2017. Caberá aos novos líderes pensar em como resolver o problema”, afirma Korischenko.
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