Relatório global evidencia militarização da economia russa

Gastos militares da Rússia no ano passado aumentaram 8,1% em comparação com 2013 Foto: Grigóri Sissoiev / RIA Nóvosti

Gastos militares da Rússia no ano passado aumentaram 8,1% em comparação com 2013 Foto: Grigóri Sissoiev / RIA Nóvosti

Participação mundial da Rússia em gastos militares atingiu 4,8% em 2014, atrás apenas de EUA e China. No entanto, ao considerar a participação desses gastos militares no PIB nacional, a Rússia ficou à frente das duas potências. Especialistas sugerem que tendência poderá levar a uma nova corrida armamentista.

De acordo com um relatório do Instituto de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), a participação mundial da Rússia em gastos militares atingiu 4,8% em 2014. O país ocupa o terceiro lugar no ranking, após os EUA (34%) e a China (12%).

No ano passado, os gastos militares da Rússia aumentaram 8,1% em comparação com 2013 e atingiram os US$ 84,5 bilhões – o que equivale a 4,5% do PIB russo.

“A questão é que o terceiro lugar da Rússia nesse ranking não corresponde à sua posição na economia global”, diz Vassíli Zatsépin, pesquisador do Laboratório de Mercados Industriais da Academia Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública da Rússia.

Segundo ele, o relatório do Sipri apenas evidencia a militarização excessiva da economia russa. “Devido à situação econômica atual, nada pode justificar essas despesas militares”, critica.

Zatsépin acredita que a militarização do orçamento pode levar a uma nova corrida armamentista, que foi uma das razões principais do colapso da economia soviética. No entanto, a queda dos preços do petróleo obrigou as autoridades russas a cortar os gastos militares: em 2015, essas despesas foram reduzidas em 5%.

Fatias do PIB

De acordo com economistas, o volume de despesas militares é frequentemente definido não pela participação do país no mercado mundial de armas, mas pela relação entre gastos militares e o PIB. Por esse indicador, a Rússia é também um dos líderes mundiais.

Segundo Zatsépin, os países gastam, em média, cerca de 2,4% do PIB em armas. Pelas exigências da Otan, por exemplo, os países-membros da Aliança são obrigados a destinar pelo menos 2% do PIB nacional para despesas militares. Mas somente quatro membros, um deles os Estados Unidos, seguem essa regra.

No ano passado, os EUA gastaram US$ 610 bilhões (3,5% do PIB) em armas, enquanto a China investiu US$ 216 blihões (2,2% do PIB) no sector bélico.

Levando em conta as estimativas do Sipri, os gastos militares da Rússia atingiram 4,5% do PIB. Porém, segundo dados oficiais, essas despesas são de 4,8%, o que é o dobro da média mundial.

Balança do perigo

De modo geral, relatório do Sipri mostrou que, em 2014, os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental diminuíram os gastos militares. Mas essa redução foi compensada pelo crescimento desse gastos no Leste Europeu, Ásia, Oceania, África e Oriente Médio.

“Em muitos casos, o crescimento dos gastos militares é resultado da corrupção, interesses pessoais e governo autocrático”, diz o chefe do departamento de despesas militares do Sipri, Sam Perlo-Freeman.

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