Sanções estimulam produção interna de alimentos orgânicos

Tendência se mantém positiva, embora os preços dos produtos orgânicos sejam mais elevados do que os convencionais Foto: Lori / Legion Media

Tendência se mantém positiva, embora os preços dos produtos orgânicos sejam mais elevados do que os convencionais Foto: Lori / Legion Media

Apesar da crise, a demanda por alimentos orgânicos está crescendo no país. Mercado foi impulsionado pelo embargo de alimentos introduzido pelo Kremlin no ano passado. Especialistas preveem que aumento de produção ajudará a atrair investimentos estrangeiros.

O embargo de alimentos imposto pela Rússia como como resposta às sanções do Ocidente privou o mercado russo de uma parcela significativa de produtos orgânicos importados. “Antes, pelo menos 95% dos produtos orgânicos eram importados”, diz o diretor-geral da Organik, Denis Prasolov.

Frutas e legumes, laticínios, nozes e frutas secas eram importados principalmente da Alemanha, Itália, Suíça, França, EUA e Canadá. Os 5% restantes eram produzidos localmente por cerca de 100 empresas, com destaque para leite e produtos lácteos, carnes, aves e grãos orgânicos.

O mercado de alimentos orgânicos começou a se desenvolver ativamente na Rússia há três anos. Durante esse período, o mercado cresceu 20% e, segundo dados da FAS US, atingiu um volume de US$ 148 mil.

A demanda cresceu graças sobretudo aos consumidores que já costumavam comprar produtos convencionais importados.

“O embargo de alimentos pode ser benéfico para vendedores de produtos orgânicos. Em busca de uma alternativa para os produtos importados, os compradores vão prestar mais atenção aos produtos orgânicos nacionais”, diz Elena Kliutcharova, consultora no centro de pesquisa CBRE.

A tendência se mantém positiva, embora os preços dos produtos orgânicos sejam mais elevados do que os convencionais: de 20% (legumes) até 500% (peixe e carne). Além disso, devido às sanções, o custo para certificação e materiais auxiliares europeus também sofreram alta.

Apesar da atual crise econômica, os participantes do mercado de orgânicos esperam um aumento de 10 a 15% nas vendas até o final de 2015.

Frutos de investimento

Na Rússia há quase 40 milhões de hectares de terras produtivas que não foram tratadas com fertilizantes químicos durante os últimos 20 anos e são adequadas para o cultivo de produtos orgânicos. Apenas 0,06% dessas terras – o equivalente a 126.800 hectares – são usados para esse tipo de agricultura.

“Na Europa, o mercado de produtos orgânicos está se desenvolvendo rapidamente, mas carece de matérias-primas e de terra para cultivá-los”, diz Tatiana Lebedeva, chefe do portal Look.Bio. Algumas organizações internacionais, inclusive a Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam), demonstraram interesse nos alimentos orgânicos russos.

Duas fazendas com certificação oficial, que recebem investimentos estrangeiros e exportam os produtos ecológicos, já estão operando no país. Enquanto a Tiryaki Rússia se encarrega do cultivo de legumes, grãos e girassóis na região de Saratov, a J&M Company produz grãos e oleaginosas na região de Krasnodar.

Sinal verde

Apesar do movimento orgânico em ascensão, a maioria das empresas estrangeiras ainda tem receio da opacidade do mercado russo e da falta de legislação formal que define as normas dos produtos.

A Duma do Estado (câmara dos deputados na Rússia) prometeu que, em breve, irá adotar uma lei federal sobre agricultura orgânica. O documento vai conter as normas técnicas e padrões nacionais para os produtos orgânicos.

A nova legislação deve ajudar a atrair investidores estrangeiros e permitir que os participantes do mercado negro obtenham certificação oficial. De acordo com as estimativas da União de Agricultores Orgânicos, essas medidas podem atrair até US$ 300 milhões ao orçamento russo.

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