Logística impediu importação de carne suína chinesa e preço, de bufalina indiana, enquanto importação de carne bovina brasileira caiu a nível recorde. Foto: Photoshot/Vostock-Photo
Em coletiva à imprensa na sexta-feira passada (13), o chefe do Serviço Fitossanitário da Rússia, Serguêi Dankvert, anunciou que China e Índia não estão conseguindo suprir a demanda russa de carne.
A Rússia acreditava que seus parceiros no Brics seriam capazes de fornecer o volume necessário do produto após o embargo contra países que impuseram sanções à Rússia, mas essas esperanças, segundo Dankvert, ainda não se realizaram.
Dankvert afirmou ainda que, em relação à Índia, surgiram discordâncias internas sobre a carne de búfalo, cujos preços no país são superiores aos pedidos no Brasil.
Quatro frigoríficos indianos foram certificados para enviar esse tipo de carne à Rússia.
"A Federação da Rússia ainda não recebeu a carne bufalina, mas a primeira parte já está pronta para ser expedida", lê-se em comunicado do serviço fitossanitário russo.
Ainda segundo o chefe do Serviço Fitossanitário da Rússia, a China enviou ao país 3,3 mil toneladas de carne suína até o final de 2014. Agora, porém, as exportações estão paradas devido a dificuldades logísticas no envio do produto.
"Seja qual for o problema, a China é um parceiro importante, tanto como importador, quanto como exportador de produtos agrícolas", disse Dankvert.
Após 10 anos de proibição, hoje duas companhias chinesas produtoras de carne suína têm direito de exportar à Rússia sob controle estrito dos veterinários russos.
Carne brasileira em queda, apesar de embargos
Em agosto do ano passado, a Rússia impôs restrições às importações de carne e derivados, leite e laticínios, peixes e derivados, além de verduras e frutas dos EUA, União Europeia, Canadá, Austrália e Noruega como resposta às sanções impostas por esses ao país para pressioná-lo em relação aos eventos ucranianos.
As medidas resultaram em uma queda de 47,2% nas importações de carne (848,5 mil toneladas), de acordo com dados do Ministério da Agricultura da Rússia.
Os produtos mais afetados foram as carnes suínas e de aves, cujas importações caíram 72,7% (450,8 mil toneladas) e 64,8% (338,7 mil toneladas), respectivamente.
Parte da demanda foi compensada pela produção interna e por importações de países que não foram embargados.
Mas a importação de carne bovina do Brasil, que se destacava como uma das promessas para suprir a demanda, caiu em 56%, o menor nível desde 2005.
A queda aconteceu apesar da aprovação russa, às pressas, de 87 frigoríficos brasileiros após o embargo.
Petróleo e carne
A agência financeira Bloomberg destaca que a compra de carne por países produtores de petróleo em geral caiu muito.
Há apenas um ano, as vendas de carne brasileira para Rússia, Venezuela e Irã chegou a 50% do total exportado pelo Brasil. Agora, sua fatia chega aos 25%.
Nos primeiros meses de 2015, a exportação geral de carne bovina brasileira caiu em 31%.
A carne bovina e os queijos foram os produtos que tiveram maior aumento de preços entre carnes e laticínios, de acordo com análises de preços do Ministério da Agricultura da Federação da Rússia.
Segundo dados da pasta, no mês passado os preços de carne bovina subiram em 11,2%, em relação a agosto de 2014.
De janeiro a setembro do ano passado, a Rússia comprou 290 mil toneladas de carne bovina, somando quase 1,22 bilhões de dólares.
Desse total, a Rússia foi responsável pela importação de 1,18 bilhões de dólares em carne bovina congelada, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil. O valor representa 18,5% mais que no mesmo período em 2013.
Já as importações russas de carne bovina fresca e resfriada desossada entre janeiro e setembro de 2014 caíram devido aos preços mais altos dessa categoria de produtos.
No total, a importação de carne bovina à Rússia caiu aproximadamente 53% em relação ao dia 2 de março de 2014, a carne suína, 72%, e de aves, 68%, chegando às 10,33 mil toneladas, 16,15 mil toneladas e 13,16 mil toneladas, respectivamente.
Em comunicado do Serviço Fitossanitário da Rússia, lê-se que "a Rússia, de 1 de janeiro a 2 de março deste ano, diminuiu sua importação de carne (exceto no comércio com a Bielorrússia e com o Cazaquistão) em 68%, chegando às 52,9 mil toneladas".
Apesar disso, o Serviço Alfandegário Federal informou o valor gasto em fevereiro na importação de carnes e derivados dobrou, e de laticínios subiu 73%.
Preços continuam a subir
De acordo com dados de 2 de março, o preço de varejo da carne bovina no país subiu 9,1% desde o início do ano, e 0,3% na semana, chegando aos 301,42 rublos (quase 5 dólares) por quilo.
O impulso nos preços da carne suína foi menor, somando 0,7% em dois meses e caindo 0,1 % na semana, alcançando os 276,08 rublos (US$ 4,41) por quilo.
Já a carne de aves subiu 2,1% desde o início do ano e caiu em 0,1% na semana, chegando aos 139,67 rublos (US$ 2,23) por quilo.
As importações de laticínios também apresentaram queda nos dois primeiros meses deste ano na Rússia. Até 2 de março, o leite em pó caiu 80,4%, o queijo, 90,6%, e a manteiga, 87,3%, chegando, respectivamente, às 1,2 mil toneladas, 4,4 mil toneladas e 2,8 mil toneladas.
A média de preços a varejo do leite em 2 de março subiu 4,6% desde o início do ano e 0,2% na semana, do queijo, 9,4% e 0,4%, e da manteiga, 6,8% e 0,3%, chegando aos 46,01 rublos por litro (US$ 0,75), 432,69 rublos (US$7,05) por quilo, e 385,81 rublos (US$ 6,29) por quilo, respectivamente.
Material publicado originalmente no portal Profi-Forex.Org
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