Governo vai injetar US$ 780 milhões para combater desemprego

Foto: Vladímir Smirnov/TASS

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Embora a taxa de desemprego na Rússia continue sendo uma das mais baixas do mundo, o número de licenças forçadas e redução das jornadas de trabalho vem crescendo ao redor do país.

Desde o final de 2014, o governo russo vem monitorando semanalmente a situação no mercado de trabalho. Embora a taxa de desemprego no país seja uma das mais baixas do mundo (5,3%), a atual proposta é injetar 52 bilhões de rublos (cerca de US$ 780 milhões) na economia para evitar uma grande elevação desse índice.

De acordo com as previsões do Ministério da Economia russo, o desemprego deve subir até 6% ao longo deste ano. Para efeito de comparação, durante a crise econômica de 2008 e 2009, a taxa de desemprego no país aumentou de 6,2% a 8,3%.

Recorde em uma semana

Segundo os dados do Ministério do Trabalho, o número de desempregados registrados aumentou 3,4% entre 21 e 28 de janeiro passado, chegando a 903 mil pessoas. Em apenas uma semana, cerca de 30 mil russos perderam o emprego.

Além disso, 235 mil pessoas entraram na lista de “empregados que correm o risco de demissão”. Em primeiro lugar, esse grupo se refere a pessoas que trabalham na indústria automobilística, de engenharia, produção de equipamentos elétricos, materiais de construção e alimentos.

“A crise afetará primeiro as empresas que não têm capital suficiente e que produzem bens nos quais a demanda está caindo”, prevê Vera Kononova, professora no Instituto dos Estudos Estratégicos Complexos. Segundo ela, essas empresas são as que mais dependem muito da ajuda do Estado.

Setores em alerta

O Ministério do Trabalho também espera uma demissão massiva em Tcheliábinsk, região industrial localizada a 1.800 km a leste de Moscou. Até maio de 2015, 82% dos funcionários – quase cerca de 6.100 pessoas – da fábrica de tratores local poderão ser demitidos.

O fabricante de automóveis Volvo também planeja demitir 30% dos funcionários uma vez que a produção de caminhões foi suspensa.

“Trabalhadores altamente qualificados, como comerciantes, gerentes de vendas e advogados também estão em risco”, diz a pesquisadora da Academia Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública da Rússia, Aleksandra Poliakova.

A crise no mercado publicitário e o aumento dos custos de impressão deve provocar ainda a demissão de 15% a 20% de pessoas ligadas à mídia, prevê o Ministério do Trabalho.

Desemprego oculto

O número de trabalhadores que são considerados como empregados, mas trabalham período parcial vem crescendo ainda mais rapidamente. Segundo dados do ministério, o número de empregados em tais condições cresceu 12,8% durante a última semana de janeiro.

Outro problema é que na Rússia há diversas “monogorod”, cidades que funcionam inteiramente em torno da fabricação de um único tipo de artigo ou setor de produção. “Para evitar tensões sociais durante a crise, os empregadores preferem não demitir funcionários, mas reduzir as jornadas de trabalho ou enviar funcionários para licenças sem vencimento", explica Vera Kononova.

Na maioria dos casos, o trabalho nas fabricas de “monogorod” inclui uma longa lista de benefícios sociais. Por isso, o desligamento é também considerado como uma punição mais grave.

“Em 2013, a Rússia havia 342 ‘monogorods’ com uma ou várias fabricas dentro da cidade. Em 142 delas, o nível de desemprego é muito mais alto do que a média nacional”, diz Aleksandr Scherbakov, professor na Academia Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública da Rússia

Fuga de imigrantes

Segundo Poliakova, da Academia Presidencial, vários fatores ajudariam a conter crescimento da taxa de desemprego. Uma delas é a saída de imigrantes do país.

Dados do Serviço Federal de Migração mostram que, em janeiro de 2015, o número de imigrantes que entraram na Rússia caiu 70% em relação ao mesmo período do ano anterior.

“Se houver uma saída de trabalhadores estrangeiros, os desempregados poderão ocupar essas vagas”, sugere Scherbakov. 

 

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