Proibição de importar tecnologias dos EUA e da UE dificultou a extração de petróleo por empresas russas Foto: AP
De acordo com um estudo da Academia Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública da Rússia, as sanções econômicas introduzidas contra a Rússia em 2014 já afetaram o sistema bancário, as empresas de petróleo e a produção industrial.
“A situação econômica no país foi afetada por vários fatores externos: crescimento dos riscos geopolíticos, sanções financeiras e tecnológicas e deterioração das condições de comércio dos principais produtos exportados pela Rússia”, afirmam os analistas da Academia.
Além disso, as proibições impostas pelos Estados Unidos e da União Europeia não permitem que as petrolíferas russas comprem equipamentos e tecnologias no exterior e que os bancos obtenham empréstimos nos países ocidentais.
“No outono de 2014, a situação podia ser considerada pelo agentes econômicos como temporária, mas agora está claro que se trata das tendências de longo prazo”, acrescentam os analistas.
Escassez tecnológica
A proibição de importar tecnologias dos EUA e da UE dificultou a extração de petróleo por empresas russas, levando à diminuição de investimentos e aos atrasos no lançamento dos novos projetos.
Segundo o analista principal da empresa de investimentos UFS IC, Iliá Balákirev, a produção de petróleo na Rússia cresceu 0,9% em 2013 e apenas 0,45% em 2014, ou seja, a dinâmica desacelerou pela metade.
Além disso, pelas estimativas oficiais, cerca de 25%
de petróleo produzido na Rússia é extraído via fraturamento hidráulico. O
futuro desse tipo de extração é incerto, porque o equipamento hidrodinâmico é
produzido sobretudo nos Estados Unidos.
Paralelamente, a ExxonMobil congelou nove dos
dez projetos de petróleo no Ártico russo, na Sibéria Ocidental e na plataforma
do mar Negro. Todos esses projetos eram desenvolvidos em parceria com a maior
petrolífera russa Rosneft.
Diante do atual cenário, a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que, durante os próximos cinco anos, a produção de petróleo na Rússia deve diminuir 560 mil de barris até chegar a 10,4 milhões de barris diários.
Bancos na pendura
A impossibilidade de obter empréstimos no Ocidente por mais de três meses forçou as instituições financeiras a buscar recursos adicionais, inclusive com a ajuda do Estado.
“Em primeiro lugar, as sanções financeiras afetaram o setor bancário russo. Hoje, vários bancos russos simplesmente não têm acesso aos mercados financeiros europeus”, diz o professor do Instituto de Economia de Monopólios Naturais da Academia Presidencial da Rússia, Vladislav Guinko.
No final de 2014, o lucro líquido do maior banco russo, o Sberbank, caiu 22,1% até atingir US$ 4,7 bilhões. Trata-se da primeira diminuição do lucro líquido do banco desde 2009, quando, devido à crise econômica de então, o lucro da instituição caiu três vezes para US$ 554 milhões.
Em meio à crise, o governo decidiu injetar 1 trilhão de rublos (cerca de US$ 15 bilhões) para amparar os bancos do país. No entanto, apenas as instituições com patrimônio líquido de pelo menos 2 bilhões de rublos (US$ 385 milhões) dispostas a aumentar os empréstimos na economia real poderão receber a ajuda do Estado.
Impacto sobre indústria
A falta de créditos disponíveis e as limitações sobre a exportação de tecnologias incluídas nas sanções ocidentais levaram à redução do número de programas de investimento empresariais.
Segundo dados da Rosstat (agência estatal de estatísticas da Rússia), em janeiro passado, a indústria do país cresceu 0,9% em comparação com o mesmo período de 2014; em dezembro de 2014, o crescimento foi de 3,9%.
As sanções afetaram, em primeiro lugar, o setor de produtos farmacêuticos e equipamentos médicos. Ainda de acordo com a Rosstat, a produção de medicamentos, equipamento cirúrgico e produtos ortopédicos caiu pela metade no primeiro mês do ano.
No início de fevereiro, com o objetivo de estimular a produção interna, o governo russo limitou as importações de equipamentos e produtos médicos para os hospitais públicos do exterior. Porém, o Ministério da Saúde não apoia essas medidas, já que a proibição de importar equipamentos médicos pode levar a uma crise no setor.
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