Resultados da crise já refletem na balança exportadora brasileira

A empresa, que exporta carne suína e de aves, nunca teve problemas com plantas  embargadas pelo serviço fitossanitário russo, mas agora vê suas vendas caírem das 5 mil toneladas, em outubro, para 1,5 mil, em novembro Foto: Reuters

A empresa, que exporta carne suína e de aves, nunca teve problemas com plantas embargadas pelo serviço fitossanitário russo, mas agora vê suas vendas caírem das 5 mil toneladas, em outubro, para 1,5 mil, em novembro Foto: Reuters

Retração das exportações é generalizada e regular, e sem boas expectativas no curto prazo. Mesmo assim, os dois países apostam na parceria: novas plantas foram liberadas pela Rússia e o Brasil marca presença em feira moscovita.

Os 16 frigoríficos brasileiros que foram na semana passada participar da feira Prodexpo 2015, em Moscou, voltaram ao Brasil com a mesma perspectiva com a qual embarcaram para a feira: não há possibilidade de retomada firme das exportações, em queda acentuada, ainda mais com a crise russa sem solução à vista.

“Fomos estreitar os laços e assegurar nossa presença como parceiros, mas estávamos cientes do cenário delicado”, explicou Rui Vargas, vice-presidente da suínos da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

O derretimento do rublo frente ao dólar, impulsionado pela queda da cotação do petróleo, e a redução nas exportações russas de gás (principal ativo exportador do país), além da dificuldade de captação de recursos no mercado internacional devido às sanções ocidentais, dão a medida do cenário iniciado em outubro.

Para o setor de carnes do Brasil, os resultados divulgados não são otimistas. As vendas de bovinos caíram de 36,8 mil em outubro (US$ 159,6 milhões) para 9,2 mil toneladas em janeiro.

A queda nas exportações de carne de frango alcançou os 33%, resultando em 4,8 mil toneladas, enquanto a suína chegou a 10,5 mil toneladas, metade do registrado no terceiro trimestre de 2014.

“Temos que admitir também que, com a perda de grau de investimento pelo país, os importadores começam a ter problemas com as garantias de pagamento, o que vem atrasando as negociações”, diz o gerente de exportações da Cooperativa Aurora, Dilvo Casagrande.

A empresa, que exporta carne suína e de aves, nunca teve problemas com plantas  embargadas pelo serviço fitossanitário russo, mas agora vê suas vendas caírem das 5 mil toneladas, em outubro, para 1,5 mil, em novembro, até atingir apenas 500 toneladas, em dezembro.

“O severo inverno da região dificulta a logística nessa época do ano”, explica o presidente da ABPA, Francisco Turra. Por essa razão, os compradores locais fazem estoque antecipadamente. Mesmo assim, o tombo é acentuado na comparação com outros períodos correspondentes.

“Claramente a crise afetou bruscamente a demanda”, afirma o analista da consultoria Informa Economics FNP, José Ferraz.

Isso no momento em que os estoques russos já devem estar baixos, segundo o executivo da Aurora. “Sabemos que, em carne suína, por exemplo, o mercado russo tem uma necessidade de 25 mil toneladas mensais, e em janeiro comprou menos da metade”, diz Casagrande.

Apesar da visível queda na balança exportadora, novas plantas foram habilitadas pelo serviço de inspeção russo no Brasil.

Mas, se o estado anormal da economia russa perdurar por muito mais tempo, a agroindústria de carnes brasileira vai ter problemas, já que o país é o principal importador do Brasil.

Por isso, a China passa a ser a nova aposta brasileira, em crescimento regular, mês a mês, e responsável por ter segurado uma retração maior das exportações em janeiro último.

 

Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook

Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies