Ministério da Energia da Rússia prevê uma redução de produção de 0,6% já em 2015 Foto: TASS
De acordo com pesquisa da Agência Internacional de Energia (AIE), as sanções econômicas e a desvalorização da moeda nacional farão com que a produção de petróleo na Rússia caia 5%. Durante os próximos cinco anos, a produção deve diminuir 560 mil de barris até chegar a 10,4 milhões de barris diários.
O Ministério da Energia da Rússia prevê uma redução de produção de 0,6% já em 2015. As maiores petrolíferas nacionais, Lukoil e Rosneft, prometem manter a produção no nível de 2014, mas os coproprietários das empresas não compartilham desse otimismo.
Em novembro passado, o vice-presidente da Lukoil, Leonid Fedun, declarou que por causa das sanções e dos baixos preços do petróleo, a produção na Rússia cairia de 5 a 7% durante os próximos cinco anos.
Na semana passada, o presidente da Rosneft, Ígor Sêtchin, garantiu que o declínio nos investimentos na indústria do petróleo ajudará a restabelecer o equilíbrio no mercado de petróleo.
Em 2014, a AIE previu o aumento de produção no país, mas, devido à desvalorização do rublo, que perdeu cerca de 50% do seu valor em relação ao dólar e ao euro, a previsão acabou sendo alterada.
Sem ajuda do Ocidente
Segundo o analista principal da empresa de investimentos UFS IC, Iliá Balákirev, a produção de petróleo na Rússia cresceu 0,9% em 2013 e apenas 0,45% em 2014, ou seja, a dinâmica desacelerou pela metade.
“A maioria das jazidas foi explorada na época soviética, muitas estão esgotadas. Sem investimentos adicionais, a extração de petróleo dessas jazidas vai cair”, diz Balákirev.
As sanções ocidentais dificultaram ainda mais o acesso a tecnologias modernas, levando à redução de investimentos e ao atraso no lançamento dos novos projetos.
“É cedo para fazer previsões sobre mudanças na produção de petróleo, porque o efeito das sanções formais e informais ainda não está claro”, defende o professor da faculdade de Finanças e Bancos da Academia Presidencial da Economia Nacional e da Administração Pública, Serguêi Khestanov.
Segundo ele, a maioria das jazidas russas entrou em fase de envelhecimento e, para manter os nível de produção atual, é preciso trabalhar com a ajuda das empresas ocidentais.
“Mas as perspectivas de cooperação com as empresas ocidentais não estão claras, o que dificulta as previsões. No caso do cenário mais pessimista, a Rússia poderá perder até 25% da produção de petróleo durante os próximos 5 a 7 anos.”
EUA na liderança
Ainda de acordo com os dados da Agência Internacional de Energia, os Estados Unidos ultrapassaram a Rússia e se tornaram o maior produtor de petróleo do mundo.
Durante 2014, os EUA aumentaram a produção em 1,5 milhões até 11,81 milhões de barris por dia. Para efeito de comparação, a Rússia produz 10,93 milhões de barris por dia.
“Do ponto de vista do impacto sobre o mercado mundial de petróleo, é preciso, em primeiro lugar, estudar não o volume de petróleo produzido por dia, mas o volume do produto exportado ao exterior e a logística”, explica Khestanov.
Segundo o professor, apesar do crescimento da produção, os Estados Unidos continuam a ser um importador líquido de petróleo e não serão capazes de se livrar da necessidade de importar petróleo no futuro próximo. “Assim, o papel da Rússia e da Arábia Saudita é muito mais importante.”
Mesmo assim, Balákirev alerta para o fato de que, se a situação não mudar, muitos projetos de petróleo na Rússia serão congelados ou cancelados. “O problema é que a maioria das novas jazidas ficam no Ártico e na Sibéria Oriental. A exploração delas requer criação de uma infraestrutura absolutamente nova”, afirma.
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