Medidas tentam conter efeitos da queda dos preços do petróleo e maior desvalorização do rublo Foto: TASS
O primeiro-ministro russo Dmítri Medvedev declarou que o governo vai gastar cerca de US$ 15 bilhões para ajudar os bancos a combater a crise. A medida permitirá criar uma margem de segurança adicional, ajudando a superar as consequências da queda dos preços do petróleo e desvalorização do rublo, que viu seu valor despencar 100% em relação ao dólar.
O Banco Central da Rússia fornecerá financiamento adicional aos bancos através da Agência de Seguro de Depósitos – um órgão especial que garante a devolução de depósitos.
Segundo Medvedev, os recursos estarão disponíveis apenas para bancos que aumentem os empréstimos no setor real da economia. Também devem ter patrimônio líquido de pelo menos 2 bilhões de rublos (US$ 385 milhões) e limitar o aumento de salários dos funcionários.
“As exigências para os bancos não são surpreendentes, mas também não são muito otimistas”, observa o analista da holding de investimentos Finam, Anton Soroko. “Os bancos de varejo, que precisarão da ajuda financeira em 2016 para conter dívidas, não estarão aptos a receber esse dinheiro.”
De acordo com a previsão do chefe da Agência de Seguro de Depósitos, Iúri Issaev, cerca de 150 bancos federais e regionais receberão a ajuda do governo.
Perigos da crise
Como principais vantagens da economia russa, Medvedev citou a pequena dívida externa, a baixa taxa de desemprego e a consolidação política. “O governo não tem a intenção de extinguir a crise econômica com dinheiro”, disse. Mas os economistas apontam que o governo está sendo obrigado a gastar muitas reservas com a queda do rublo.
Segundo o presidente do gigante Sberbank, Guêrman Gref, se os preços do petróleo permanecerem em torno de US$ 45 por barril, a economia russa enfrentará uma enorme crise bancária.
Devido à volatilidade econômica atual, Gref sugere que os bancos deveriam acumular quase três trilhões de rublos (US$ 46,2 bilhões) em reservas durante 2015. “Eu não sei quantos bancos serão capazes de acumular essa quantia”, acrescenta.
Na semana passada, o Sberbank publicou os resultados financeiros de 2014. O lucro líquido do banco caiu 22,1% para 305,7 bilhões de rublos (US$ 4,7 bilhões).
A possível redução da nota de avaliação da Rússia para os especuladores também pode se tornar um fator negativo que afetará os bancos russos. “Mas a nota só será rebaixada se persistir a combinação de fatores negativos, como baixos preços do petróleo, o rublo fraco e agravamento das sanções econômicas”, esclarece o diretor do Departamento de Análise da corretora Alpha-Forex, Andrêi Dírguin.
Apesar dos prognósticos desfavoráveis, o chefe do conselho da Administração do banco MDM, Oleg Viúguin, qualificou as previsões de Gref como “um pouco exageradas”. “O sector bancário enfrentará problemas, mas não é possível falar de uma enorme crise bancária”, alega Viúguin.
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