Economia russa encolherá até 4% em 2015, prevê governo

Com preços em queda, petróleo representam fatia considerável do total de exportações da Rússia Foto: Getty images / fotobank

Com preços em queda, petróleo representam fatia considerável do total de exportações da Rússia Foto: Getty images / fotobank

Queda das receitas de exportação de petróleo e sanções ocidentais provocaram danos profundos na economia do país. Funcionários do governo preveem que país entrará em recessão no ano que vem.

A economia russa entrou em queda nos últimos meses, na medida em que o petróleo, principal produto de exportação do país e fonte de cerca de metade da receita tributária do governo, caiu para seu valor mínimo em cinco anos. Paralelamente, a inflação atingiu 9,1% em novembro, em comparação com ao ano anterior, após a desvalorização do rublo.

Diante desse cenário, a economia do país vai provavelmente encolher cerca de 0,8% em 2015, segundo declarações do vice-ministro da Economia, Aleksêi Vedev, no início de dezembro. A pasta havia previsto anteriormente um crescimento de quase 1,2% no próximo ano. 

“A maioria dos indicadores macroeconômicos para a economia vai piorar nos próximos três trimestres, e ficará muito pior no momento em que chegar o verão [na metade de 2015]”, escreveu Chris Weafer, da consultoria Macro Advisory, em uma nota publicada no site da empresa. “Nossa dúvida é se haverá recuperação significativa a partir do próximo outono.”

Em discurso perante a Assembleia no último 4, o presidente russo Vladímir Pútin reconheceu os desafios enfrentados pela economia e sugeriu uma série de medidas como resposta. “Os tempos que estão por vir serão complexos e difíceis”, disse. “Temos de escapar da armadilha do crescimento zero e alcançar uma taxa de crescimento global acima da média nos próximos três a quatro anos.”

O presidente se comprometeu a reduzir a burocracia para pequenas empresas, estabelecer isenções fiscais de dois anos para novas empresas de pequeno porte e iniciar uma anistia total a empresas em paraísos fiscais (offshore) desde que o capital regresse para a Rússia.  

Pútin garantiu ainda que as autoridades vão trabalhar para dissuadir especuladores de desvalorizar o rublo. No entanto, o presidente também ressaltou que o rublo mais fraco ajuda a tornar os produtos russos mais competitivos, e apelou aos produtores nacionais para usar a oportunidade de abocanhar a cota de mercado dos concorrentes estrangeiros ao longo dos próximos anos.

Petróleo contra recessão

O Ministério das Finanças da Rússia prevê um declínio de 0,8% na economia nacional em 2015 – mas apenas se o barril de petróleo for comercializado, em média, a US$ 80. O encolhimento da economia pode chegar a 3,5 a 4% se o preço do petróleo cair para US$ 60 por barril, segundo estimativa do órgão federal.

O petróleo bruto caiu abaixo de US$ 70 por barril em dezembro passado, pela primeira vez desde 2010. Essa queda foi estimulada pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de não reduzir a produção. Paralelamente, a produção de óleo de xisto nos EUA continuou a subir.

A Rússia, que é atualmente o maior exportador de energia do mundo, fornece um volume recorde de mais de 10 milhões de barris por dia. O petróleo e o gás natural representaram 68% do total de exportações da Rússia em 2013, de acordo com a Agência de Informação de Energia dos EUA.

Os grandes produtores de energia na Rússia estão entre as empresas que tiveram empréstimos cortados nos mercados ocidentais devido às sanções ocidentais.

Preços no teto

A inflação pode chegar a 9,8% ao ano em 2014 e atingir o pico de “crescimento de dois dígitos” no primeiro trimestre de 2015, prevê o do banco de investimentos UralSib. O índice de inflação vai disparar após a queda acentuada do rublo, “porque normalmente os preços sobem por 3 a 4 meses após um choque na taxa de câmbio”, escreveram os analistas do UralSib Aleksêi Deviatov e Olga Sterina, em uma nota a investidores divulgada na semana passada.

O rublo perdeu mais de um terço de seu valor em relação ao dólar este ano, reduzindo o poder aquisitivo dos russos. Mas a queda da moeda nacional também aliviou um pouco o peso da baixa nos preços do petróleo, proporcionando às empresas de energia russas e ao governo alguns rublos extras nas vendas do produto no exterior – comercializados em dólar.

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