Sanções, crise na Ucrânia e a queda no mercado de ações

Tradicionalmente, são os bancos –o Sberbank e o VTB–, assim como outros ativos líquidos, que reagem com maior intensidade ao agravamento do enquadramento externo Foto: Aleksandr Útkin/RIA Nóvosti

Tradicionalmente, são os bancos –o Sberbank e o VTB–, assim como outros ativos líquidos, que reagem com maior intensidade ao agravamento do enquadramento externo Foto: Aleksandr Útkin/RIA Nóvosti

Especialistas associam as principais causas da queda dos ativos russos registradas nos últimos meses ao agravamento dos acontecimentos na Ucrânia e também à introdução de sanções contra a Rússia por parte da Suíça.

"A queda do mercado russo tem menos a ver com os acontecimentos na Ucrânia do que com os da Europa. Em primeiro lugar, teve a ver com a adoção de sanções contra a Rússia por parte da Suíça."

É o que afirma Aleksandr Archávski, professor assistente do Departamento de Finanças Corporativas, Planejamento de Investimentos e Avaliação da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e da Administração Pública.

Segundo ele, até então a Suíça tinha tentado se manter neutra.

"O mercado financeiro suíço é extremamente importante para a Rússia. Por mais que o governo estimule o retorno do capital para o país, nas contas anônimas dos bancos suíços permanece até agora muito dinheiro russo", disse Archávski.

Como parte das sanções, as autoridades desse país fecharam o acesso dos bancos estatais russos aos mercados de capitais suíços e aos instrumentos de dívida.

Ainda no final de agosto, a intensificação dos combates no leste da Ucrânia se refletiu no valor dos ativos russos: em uma semana, os índices russos caíram 3%.

Só no dia 28 de agosto, o RTS e o MICEX caíram 1,7% e 3,3%, respectivamente. Foi nesse dia que o presidente da Ucrânia, Petro Porochenko, anunciou a presença de tropas russas no sudeste do país e a Suíça aderiu às sanções contra a Rússia.

Previsões para o futuro

De acordo com especialistas ouvidos pela Gazeta Russa, o desenrolar dos acontecimentos dependerá muito da situação na Ucrânia.

"Os eventos ucranianos afetam seriamente os índices russos e o mercado irá se definir em grande parte por esses eventos e pela reação do Ocidente a eles", disse Archávski.

O professor explicou que o mercado de ações russo é, por natureza, volátil e especulativo e começa a oscilar mesmo com pequenas notícias, boas ou más.

No geral, desenham-se dois cenários possíveis para o futuro, acredita o gestor de ativos do fundo de investimentos UK Fond Maguta Platon Maguta. Segundo ele, os investidores podem começar a registrar lucros em grande escala, uma vez que o principal motor do crescimento em agosto, que antecedeu a queda, foi a perspectiva de paz como resultado da reunião em Minsk, o que acabou não acontecendo.

"Num  futuro próximo, o índice MICEX pode ficar fixado entre 1.400 e 1.500 pontos, uma vez que ainda não existe uma atmosfera particularmente negativa", acrescenta ele.

No entanto, de acordo com Iliá Balákirev, principal analista da empersa de investimentos UFS IC, os acontecimentos do final de agosto não podem ser chamados de colapso absoluto: o mercado já se acostumou a essas notícias e reage a elas com naturalidade.

"Tradicionalmente, são os bancos –o Sberbank e o VTB–, assim como outros ativos líquidos, que reagem com maior intensidade ao agravamento do enquadramento externo. Já as ações com forte base corporativa interna parecem estar bem", disse ele.

 

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