As transições em rublos e yuans são realizadas nas bolsas de valores de Moscou e de Xangai desde dezembro de 2010 Foto: TASS
Durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), o presidente da Rússia, Vladímir Pútin, declarou que a Rússia e a China planejam realizar pagamentos mútuos em rublos e yuans.
"No longo prazo, os cálculos em rublos e yuans são muito promissores. Isso significa que, se fizermos a transição para uma operação de larga escala, a influência do dólar no setor de energia global, por exemplo, vai diminuir", disse o presidente russo.
Após a declaração, o maior banco russo, o Sberbank, começou a realizar financiamento de crédito em yuans. Desde o início do ano, o volume de pagamentos em yuans entre empresas russas e chinesas, através da filial do Extremo Oriente do outro banco estatal russo, o VTB, cresceu 73%.
Vantagens mútuas
"A transição para pagamentos em moedas nacionais no comércio entre a Rússia e a China é mutuamente vantajosa em termos de interação dentro do Brics”, diz o chefe do departamento de análise da empresa de investimentos Russ-Invest, Dmítri Bedenkov. Segundo ele, essa transição é especialmente importante para a Rússia nas condições das sanções econômicas da União Europeia e dos Estados Unidos.
"É um objetivo real, existem forças financeiras que estão interessados na realização de pagamentos não em dólares", diz o diretor-geral da empresa de consultoria Arkaim, Aleksandr Dorofeev. No entanto, segundo ele, também existem forças nos EUA interessadas em manter o dólar como a principal moeda em transações internacionais.
"Esse processo já começou, mas os líderes mundiais não querem prestar muita atenção à essa recusa ao dólar. Com exceção do presidente russo”, completou Dorofeev.
Principais limitações
As transições em rublos e yuans são realizadas nas bolsas de valores de Moscou e de Xangai desde dezembro de 2010. No entanto, a China continua a manter restrições sobre operações de câmbio para empresários russos com a moeda chinesa. Em setembro, o vice-ministro das Finanças da Rússia, Aleksêi Moiseiev, declarou que caso a China remova essas restrições, Rússia e China poderão realizar quase 50% do comércio bilateral em yuans e rublos.
As maiores empresas russas já estão trabalhando ativamente com a moeda chinesa.
"Uma parte dos fundos disponíveis da nossa empresa estão em moedas asiáticas, sobretudo em dólares de Hong Kong e em yuans", diz o diretor-geral da maior produtora de níquel do mundo, a Norilsk Nikel, Vladímir Potânin.
De acordo com o analista da holding de investimento Finam Anton Soroko, a decisão de se livrar do dólar é uma das medidas mais agressivas que, a longo prazo, poderá ter um impacto significativo sobre o desenvolvimento da economia mundial.
"Nas últimas décadas, países cujo poder econômico aumentou, como, por exemplo, a China e os da União Europeia, começaram a reduzir sua dependência do dólar", diz Soroko.
"A maior parte do comércio mundial é realizado em dólares americanos, mas a nova tendência pode, a longo prazo, levar à expulsão dos dólares de volta para os Estados Unidos, o que poderia aumentar a pressão inflacionária sobre a economia do país", completou Soroko.
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