A própria ideia de criação de uma zona de comércio livre "de Lisboa a Vladivostok" (como descrito pelo presidente russo, Vladímir Pútin) foi discutida bilateralmente durante a cúpula Rússia-UE, em janeiro de 2014 Foto: Aleksêi Malgavko/RIA Nóvosti
Em meados de outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguêi Lavrov, declarou que o país está pronto para discutir as perspectivas da criação de uma zona de livre comércio com a União Europeia e a União Econômica da Eurásia (Rússia, Cazaquistão, Bielorrússia e Armênia).
A própria ideia de criação de uma zona de comércio livre "de Lisboa a Vladivostok" (como descrito pelo presidente russo, Vladímir Pútin) foi discutida bilateralmente durante a cúpula Rússia-UE, em janeiro de 2014, antes da anexação da Crimeia e da introdução de sanções ocidentais contra a Rússia.
Pútin voltou a discutir essa ideia no final de agosto, quando a Ucrânia assinou a parte econômica do acordo de associação com a União Europeia. Ao mesmo tempo, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, declarou que o apoio da Rússia à associação entre a UE e a Ucrânia ajudaria a criar uma zona de livre comércio com a Rússia.
Consequências
"A atividade nessa área pode estar relacionada com o desejo da Rússia de mitigar as posições de ambas as partes sobre as sanções. As declarações de Lavrov são uma tentativa de melhorar as relações", explica o diretor-executivo do grupo de empresas Alor, Serguêi Khestanov.
Segundo o analista da IFC Markets Dmítri Lukachov, a criação dessa zona poderia afetar os Estados Unidos.
“A zona de livre comércio prevê negociações diretas, sem participação de outros países, em primeiro lugar, dos EUA”, diz.
De acordo com o vice-presidente da organização Clube Russo de Diretores Financeiros, Tamara Kasiánova, a criação de uma zona de livre comércio entre a Rússia e os países da União Europeia deverá remover as barreiras comerciais para a produção nacional, o que aumentará a competitividade dos bens e serviços russos no exterior.
"Isso contribuirá para o crescimento da economia russa e aumentará as receitas da população", diz Kasiánova.
No entanto, as empresas russas que operam no mercado interno poderão enfrentar dificuldades por causa dos novos concorrentes estrangeiros.
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Standard & Poor’s mantém nota de crédito da Rússia"A agricultura russa terá que concorrer com produtores europeus e poderá sobreviver nessa situação apenas com subsídios do governo", diz Khestánov.
Segundo Kassiánova, para a União Europeia, a criação de uma zona de livre comércio com a Rússia seria ainda mais rentável.
"As economias de vários países da UE ainda estão longe dos níveis pré-crise. O aumento no volume de negócios das empresas, devido ao crescimento das vendas no mercado russo, as ajudaria a sair dessa situação", diz Kassiánova.
Para Lukachov, essa colaboração seria mais vantajosa para produtores europeus do que para os russos.
“Em primeiro lugar, a abertura das fronteiras desaceleraria imediatamente o processo de substituição de importações na Rússia. Em segundo lugar, 85% das exportações russas são matérias-primas, que têm uma excelente demanda no mercado mundial sem ajuda da Organização Mundial do Comércio ou zonas de livre comércio. A UE, por outro lado, exportará produtos que terão que competir com produtos asiáticos e americanos”, diz Lukachov.
No entanto, segundo Khestanov, era preciso começar o processo da associação com a Europa antes da crise.
“A indústria petroquímica e produtores de metais pesados russos enfrentam restrições às exportações para a União Europeia. Agora que os preços caíram drasticamente, a necessidade da associação com a União Europeia também diminuiu”, completou Khestanov.
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