Afluxo constante de rublos em espécie está ajudando bancos estatais a se manterem no período pós-sanções Foto: ITAR-TASS
Em meio à avalanche de sanções, os bancos estatais estão se segurando com a ajuda dos depósitos da população – as taxas sobre eles ainda não sofreram elevação, e, em função disso, essas instituições recebem um afluxo constante de rublos em espécie a taxas de juros relativamente baixas. Mas as principais dificuldades ainda estão por vir.
A questão principal para os bancos é o reembolso das suas obrigações em moeda estrangeira. No ano passado, o setor bancário atraiu mais de US$ 14 bilhões nos mercados de dívida, e os bancos submetidos às sanções respondem por 70% desse valor. Somado a isso, até março de 2015, os bancos terão de quitar uma dívida externa de US$ 34 bilhões.
“As sanções impostas pela UE e pelos EUA significam que todos os bancos listados terão problemas com refinanciamento nos mercados globais”, explica Natália Orlova, economista sênior do Banco Alfa. Uma das possíveis soluções seria, portanto, pedir empréstimos em moeda estrangeira no mercado interno.
O Banco VTB deu 20% das ações do RCB Bank Ltd, sua companhia subsidiária no Chipre, ao banco “Otkrítie”, seu parceiro de longa data que não foi atingido pelas sanções. Desse modo, VTB tenta livrar o RCB do jugo das sanções, às quais o banco cipriota poderia ser submetido na qualidade de empresa controlada pelo VTB. De acordo com a analista Elena Fedotkóvaia, o objetivo do VTB pode ser o desejo de reduzir a participação do banco a um nível de menos de 50%, pois nesse caso a empresa perderia o status de “subsidiária”.
No entanto, os bancos que não foram submetidos às sanções e que têm acesso ao mercado de câmbio ocidental são geralmente instituições de médio porte que não podem emprestar dinheiro nas mesmas condições oferecidas pelos líderes de mercado. “Além disso, qualquer banco quer ganhar dinheiro com empréstimos, acrescentando 1 a 2 pontos percentuais. No fim de contas, isso não fica nada barato”, aponta Orlova.
Nenhum dos bancos submetidos às sanções se disponibilizou a comentar sobre o assunto.
Resgate privado
As grandes empresas submetidas a sanções financeiras também não estão enfrentando problemas – mas apenas por enquanto. “Os recursos de muitas delas, recebidos no início deste ano, ainda não se esgotaram, e algumas das maiores companhias até conseguiram quitar antecipadamente parte dos empréstimos ocidentais”, conta Igor Dmítriev, vice-presidente do Conselho Administrativo do Banco de Pagamentos e Poupança.
Porém, segundo o especialista, já há uma tendência de aumento da concessão de empréstimos no mercado interno e, para a obtenção de créditos, os empreendedores estão buscando os grandes bancos privados. Este é o caso das petrolíferas Rosneft e Gazpromneft, por exemplo.
“Desde que os mercados de empréstimos ocidentais se fecharam para os maiores tomadores de empréstimos russos, as companhias do primeiro escalão, que historicamente nem olhavam para nós, começaram a nos procurar”, disse ao jornal “RBC Daily” o chefe do Departamento de Consórcios do Banco Alfa, Aleksêi Petrov. “Por enquanto, não concretizamos quaisquer negócios, estamos em fase de negociações, mas isso, por si só, já não é pouca coisa.”
Estado em ação
Apesar das perspectivas favoráveis para as instituições menores, alguns economistas alertam para o fato de os bancos russos possuírem recursos limitados. Além disso, muitos bancos preferem aumentar as suas reservas em vez de disponibilizar dinheiro para crédito.
“O capital não é grande o suficiente para substituir todos os credores estrangeiros e satisfazer de forma complementar as necessidades de empréstimos e investimentos”, adverte Aleksêi Kotlov, chefe do Departamento de Financiamento Sindicalizado do Gazprombank.
O Estado já demonstrou disposição para ajudar tanto os bancos estatais, quanto as grandes empresas. No último dia 2, no âmbito do Fórum de Investimento em Moscou, o presidente Vladímir Pútin confirmou que a Rússia irá ajudar a aumentar o capital dos bancos que sofreram sanções por parte dos países ocidentais.
Guinada à Ásia
De acordo com Kira Iúkhtenko, analista da empresa de corretagem FBS, os bancos estatais deverão continuar a expandir a sua presença nos mercados financeiros asiáticos para atender as demandas de moeda estrangeira.
“Pode-se e deve-se partir para o mercado asiático, mas também aí existe um problema sério: a capacidade desse mercado não é tão grande como parece, e é pouco provável que todos os interessados consigam emprestar o volume necessário de recursos, a taxas convenientes para os banqueiros russos”, observa Soroko.
O analista da FBS acredita ser provável que os mercados de capitais asiáticos representem uma promissora direção complementar para empréstimos relativamente baratos.
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