A redução dos preços do petróleo tem tido um impacto negativo sobre o equilíbrio do orçamento federal russo Foto: AP
A queda recorde dos preços do petróleo ameaça o orçamento federal russo: durante as negociações do dia 2 de outubro o preço do petróleo do tipo Brent caiu para US$ 92,2 por barril. Essa é a maior queda desde a crise de 2008, quando o barril chegou a custar US$ 38,4. Desde meados de junho de 2014 o preço do petróleo Brent sofreu uma redução de 19,9% no total.
"Este ano, a abundância de petróleo no mercado graças ao aumento da produção nos EUA e ao baixo crescimento da demanda estão provocando a redução dos preços, o que não pode deixar de causar preocupação na Rússia", diz Ivan Kapitonov, vice-chefe do Departamento de Regulação da Economia do Estado da Academia Russa de Economia Nacional e da Administração Pública no âmbito do Presidente da Federação Russa.
Ao mesmo tempo, ele afirma que novas reduções de preço não seriam vantajosas nem para a América do Norte, na qualidade de principal consumidora, nem para os produtores de bens de consumo dos EUA, porque nesse caso os projetos de extração de petróleo de xisto se tornariam pouco rentáveis.
Além disso, Kapitonov acredita que os baixos preços do petróleo irão fortalecer a posição dos concorrentes da América do Norte –a China e a União Europeia. De acordo com o prognóstico da Energy Information Administration, em 2015, a produção de petróleo nos EUA irá crescer 14% e passará de 8,53 milhões de barris por dia em 2014 para 9,53 milhões em 2015. Além disso, em setembro de 2014, os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) extraíram uma quantidade máxima de petróleo considerando um período de cerca de dois anos –30,96 milhões de barris por dia.
Impactonegativo
A redução dos preços do petróleo tem tido um impacto negativo sobre o equilíbrio do orçamento federal russo, pois sua receita está vinculada aos preços da commodity. De acordo com declaração do Ministério das Finanças, o orçamento será reequilibrado se os preços do petróleo retornarem ao patamar de US$ 96 por barril de petróleo Brent.
"Pode-se afirmar com alto grau de segurança que o preço médio do petróleo em 2014 permitirá que o orçamento da Rússia permaneça livre de déficit. Além disso, não estamos prevendo, este ano, uma redução do seu custo abaixo dos valores mínimos de preços registrados em 2 de setembro", diz Aleksêi Kozlov, analista da Companhia de Investimentos UFS.
No entanto, de acordo com uma pesquisa alternativa do Citigroup, para que o orçamento seja reequilibrado em 2014, a Rússia precisa de petróleo a US$ 105, o Irã a US$ 130 e a Arábia Saudita e o Qatar a US$ 89 e US$ 71 respectivamente.
Kozlov observa que a alta probabilidade de que os grupo dos seis (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha) e Teerã cheguem a um acordo sobre o programa nuclear iraniano está influenciando o mercado.
"Não se pode excluir o fator da manipulação dos preços do petróleo, ou seja, o aumento exagerado da oferta com a finalidade de exercer pressão sobre a Rússia", ele supõe.
No entanto, na opinião de Kapitonov, para isso os potenciais adversários da Rússia teriam que ter combinado com todos os países membros da OPEP. Além disso, os membros dessa organização, temendo a continuidade da redução de preços, já começaram a diminuir os volumes produzidos.
Em busca de uma solução
Kapitonov observa que, no presente momento, importantes modificações estão ocorrendo na estrutura de produção de petróleo dos países da OPEP, atestando o desconforto em relação ao atual nível de preços. A Arábia Saudita, em particular, reduziu o volume de sua produção e tem planos de retornar os preços para o limite de US$ 100 por barril.
"Se os preços continuarem a cair e chegarem a valores inferiores a US$ 90 por barril, os membros da OPEP poderão se manifestar a favor de uma redução de quotas no total, por bloco", disse Kapitonov.
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Rublo sobrevive a pressão máxima de especuladores
Kremlin reforçará parceria com o Brics, mas não descarta UEDe acordo com ele, a próxima reunião da OPEP acontecerá em Viena, no dia 27 de novembro, mas no caso de surgirem outros eventos negativos no mercado, existe a possibilidade de ser realizada uma reunião extraordinária.
Moeda americana
De acordo com Anton Soroko, analista da holding de investimentos Finam, a tendência global de fortalecimento da moeda norte-americana também está provocando um impacto negativo na questão do petróleo. Em particular, o Fed (Banco Central americano) está encerrando o programa de flexibilização e, em 2015, planeja iniciar a elevação das taxas de juros.
Por enquanto, o Banco Central Europeu apenas anunciou o lançamento de um programa destinado à flexibilização.
"Os preços do ouro, da prata e de outros metais não ferrosos também estão caindo devido ao crescimento global do índice do dólar –o valor da moeda norte-americana está em seu nível mais alto desde 2010”, afirma Soroko.
Na opinião de Kozlov, os tumultos em Hong Kong, que podem afetar negativamente a dinâmica do crescimento da economia da China, maior consumidora de petróleo da Eurásia, estão exercendo uma forte pressão sobre o preço do petróleo. Ele acredita que os investidores, prevendo uma redução do consumo na segunda economia mundial, desde já estão embutindo as suas expectativas nos preços.
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