O governo da Rússia cancelou seu sétimo leilão de obrigações do rublo em 2 de setembro, após o aumento das tensões internacionais em torno da Ucrânia Foto: ITAR-TASS
Nos primeiros sete meses do ano, o crescimento econômico foi de cerca de 0,7%, já que a manufatura foi ampliada, de acordo com estatísticas do governo. Mas há a crença de que as piores consequências das sanções ainda não chegaram.
Ainda no final de agosto, o chefe do departamento de planejamento no Ministério da Economia russo, Oleg Zasov, disse a agências de notícias nacionais que ”a economia está perto da recessão”.
Estados Unidos e Europa acometeram a Rússia com sucessivas rodadas de sanções neste ano à medida que o conflito na Ucrânia foi ganhando maiores proporções.
“As sanções são ruins porque estão elevando o custo de capital em um momento em que a economia russa já está cambaleando”, diz Erik Jones, diretor de Estudos Europeus e Eurasiáticos na Johns Hopkins University.
Dados do segundo trimestre sugerem que “os efeitos não foram enormes”, diz Jones. “Já os dados do terceiro trimestre irão revelar mais sobre o impacto real”, acrescenta.
O governo da Rússia cancelou seu sétimo leilão de obrigações do rublo em 2 de setembro, após o aumento das tensões internacionais em torno da Ucrânia.
Em uma declaração concisa e curta publicada em seu site, o Ministério das Finanças culpou as “condições desfavoráveis de mercado” pelo cancelamento.
Bloquear o acesso ao financiamento internacional para os grandes bancos russos irá, em tese, acabar chegando ao dia a dia dos cidadãos comuns, já que os empréstimos se tornam mais difíceis, desacelerando a atividade empresarial.
“Os custos para empréstimos terão grande impacto na vida cotidiana, porque vão diminuir o ritmo da produção e da atividade e exercer maior pressão sobre o desemprego. As pessoas terão menos dinheiro no bolso: é assim que vai se mostrar”, explica Jones.
Causa e efeito
A relação causa e efeito das sanções poderá ser difícil de discernir para os consumidores médios. “Vai ser difícil para os cidadãos russos entender o quanto isso se deve à política europeia e o quanto é devido à desaceleração generalizada da economia russa”, diz Jones.
Moscou reagiu às sanções ocidentais restringindo as importações de produtos agrícolas europeus e americanos para o setor de varejo, em expansão na Rússia. A importação de produtos alimentícios como queijos europeus e aves americanas está proibida por um ano.
Mas essa medida também atinge os consumidores russos, impedindo seu acesso a marcas estrangeiras e elevando os preços de alguns itens. Assim, eles ficam mais propensos a sofrer os efeitos de imediato.
Até agora, as pesquisas de opinião pública sugerem que a maioria dos russos apoia a proibição das importações.
Em estudo realizado no final de agosto pelo Centro Levada de Moscou, 78% dos entrevistados disseram que a decisão do governo de bloquear os bens importados estrangeiros era “definitivamente positiva” ou “bastante positiva”, contra os 13% que qualificaram a iniciativa como “definitivamente negativa” ou “bastante negativa”.
Na mesma pesquisa, porém, 35% disseram acreditar que os preços dos alimentos já estavam subindo em resposta às restrições. Outros 41% afirmaram que os valores provavelmente subiriam com o tempo, enquanto apenas 15% disseram acreditar que não haveria impacto sobre os preços.
Na corda bamba
No momento, a economia russa parece estar se equilibrando no limite entre expansão e contração. Apesar do crescimento global positivo observado no primeiro semestre, o Ministério da Economia detectou que o produto interno bruto começou a entrar em declínio na metade do ano, com queda de 0,2% em julho, em relação com o ano anterior, e de 0,1% em junho.
As sanções podem tornar a campanha do Banco Central da Rússia contra a inflação ainda mais desafiadora. O banco tem mantido sua taxa básica de empréstimo a 8% neste ano para combater a persistente inflação.
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Sanções ocidentais obrigam petrolíferas russas a buscar alternativasUm estudo da Reuters com 15 analistas conduzido no final de agosto prevê que a Rússia não atingirá sua meta de inflação de 5% para 2014, acabando com uma taxa de inflação de 7,2%. A análise também estima que a economia russa cresça apenas 0,3% em 2014.
Nem todas as notícias recentes para a economia russa tem sido desagradáveis, contudo. O setor industrial do país cresceu pelo segundo mês consecutivo em agosto, de acordo com dados divulgados pelo banco britânico HSBC.
O índice Purchasing Manager do HSBC atingiu 51,0 em agosto. Qualquer pontuação acima de 50 indica expansão. Valores abaixo de 50 indicam contração.
O Ministro do Desenvolvimento Econômico, Aleksêi Uliukaiev, anunciou suas previsões para a inflação neste ano e em 2015.
“Acredito que a inflação em 2015 será menor do que a deste ano, quando tivemos a combinação de um muitos fatores: a forte influência do efeito pass-through [a desvalorização do rublo - IF], as sanções e a simples oscilação dos preços dos alimentos. Acho que no próximo ano os fatores gerais de correlação não serão tão severos”, disse o ministro.
“O risco de ultrapassarmos os 5,5% é bastante alto, mas acredito que
a dinâmica será, de qualquer modo, descendente”, disse Uliukaiev.
A projeção oficial da inflação para 2014 é de 7,5% e, para 2015, de
5,5%.
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