Sanções ocidentais obrigam petrolíferas russas a buscar alternativas

Desenvolvimento de tecnologia própria traz esperança a um dos principais setores da economia nacional Foto: PhotoXpress

Desenvolvimento de tecnologia própria traz esperança a um dos principais setores da economia nacional Foto: PhotoXpress

Sanções ocidentais contra a indústria petrolífera russa levaram mercado a refletir sobre o desenvolvimento de tecnologias próprias. País quer criar campos de teste técnico-científicos para desenvolver tecnologias de prospecção e produção, incluindo para campos de difícil extração. Empresas de matérias-primas também estão desenvolvendo seus próprios projetos.

A Rússia é capaz de garantir a perfuração no mar de Kara em 2015 mesmo se a americana ExxonMobil abandonar o projeto, informou o vice-ministro da Energia da Rússia, Kiril Molodtsov. “Se o regulador não tivesse concedido a licença para a Exxon trabalhar no poço, a Rosneft teria seu próprio plano e estaria pronta para continuar o trabalho sozinha”, acrescentou a vice-presidente da Rosneft, Larissa Kalanda.

Além disso, há uma gama completa de equipamentos próprios para exploração em solo firme. Cabe lembrar que os geólogos soviéticos, que estavam entre os líderes da indústria, tiveram grande contribuição em termos de experiência e tecnologia. Eles detêm, por exemplo, o recorde mundial de profundidade de perfuração (12.262 metros) com o poço superprofundo de Kola, aberto pelo Centro Científico-Industrial “Nedra”.

“Agora também existem no setor muitos projetos interessantes que estão só esperando o financiamento necessário para a sua concretização e exploração comercial”, diz Anton Serguêiev, diretor-geral adjunto da holding russa Rosgueológuia. “Temos uma certa defasagem em termos de trabalho na plataforma continental, mas com a abordagem certa à resolução desse problema, liberação de financiamento e incentivos estatais para o desenvolvimento de tecnologias, isso pode ser resolvido”, acrescenta.

No entanto, de acordo com os dirigentes de empresas que foram afetadas pelas recentes sanções, as petrolíferas russas ainda recorrem bastante às tecnologias ocidentais.  Nesse caso, não resta outra opção a não ser o desenvolvimento de tecnologias de importância crítica como, por exemplo, de recuperação melhorada de petróleo ou fraturamento hidráulico.

Oposição por tempo limitado

De acordo com Platon Maguta, gestor de ativos da UK Fond Maguta, apesar das sanções, é improvável que as petrolíferas ocidentais se recusem por muito tempo em cooperar com os russos, mesmo sob a ameaça de multas, uma vez que os projetos na Rússia são os mais promissores e rentáveis. “A base geral de recursos das fontes energéticas só na plataforma continental do Ártico excede os 40 bilhões de toneladas. É três vezes mais do que todas as reservas de petróleo da Arábia Saudita nos dias de hoje”, diz Maguta.

Entre as empresas de sucesso em termos de desenvolvimento de tecnologia própria de perfuração de petróleo pesado, os especialistas destacam a Surgutneftegas e a Lukoil. Só a Surgutneftegas investiu mais de 40 bilhões de rublos em pesquisa e desenvolvimento científico nos últimos dois anos e, graças a isso, executa praticamente sozinha os trabalhos de exploração, prospecção e perfuração petrolífera. A Lukoil pretende gastar cerca de 6,3 bilhões de rublos para os mesmos fins.

Ainda assim, é possível que as grandes empresas russas tenham que adiar por 2 ou 3 anos a implementação de alguns dos grandes projetos de exploração de petróleo. “As tecnologias são desenvolvidas com investimento em pesquisa e na criação de uma produção própria de equipamento. E isso é mais uma questão de dinheiro e vontade”, garante uma fonte de uma das petrolíferas atingidas pelas proibições ocidentais.

Explorando alternativas

Um dos focos atuais da produção de petróleo na Rússia é o trabalho com fontes de hidrocarbonetos não convencionais e de difícil extração. A maior parte do potencial de recursos, principalmente na parte central do país, está relacionada a esse tipo de matéria-prima, e o futuro de algumas empresas petrolíferas russas depende precisamente de elas aprenderem ou não a trabalhar com hidrocarbonetos.

“A Rosgueológuia pode se tornar um centro de desenvolvimento de tecnologias de prospecção geológica e afins em nosso país”, afirma o vice do diretor-geral da empresa, Anton Serguêiev. A holding avançou com a iniciativa de criar oito campos de teste federais técnico-científicos para o desenvolvimento de tecnologias de prospecção e produção de recursos não convencionais e de difícil extração. O projeto está em fase de elaboração, obtenção de licenças e angariação de fundos.

Paralelamente, a diretora da associação de empresas de petróleo e gás independentes “Assoneft”, Elena Korzun, tem esperança de que as sanções ajudem a chamar a atenção das autoridades para o setor das pequenas e médias empresas de petróleo e gás. Essas petrolíferas se ocupam tradicionalmente dos trabalhos de prospecção complementar e em campos pequenos e problemáticos, que não são do interesse das grandes empresas.

Em 2012, a contribuição total dessas petroleiras no volume da produção de petróleo e condensado em toda a Rússia foi de apenas cerca de 3%. No entanto, de toda a perfuração realizada do setor de pesquisa e exploração em campos de difícil extração na Rússia no mesmo ano, 17% pertencia a empresas petrolíferas independentes.

“Isso indica que as pequenas petrolíferas são atualmente quase o principal motor de progresso do país na área da produção em campos mais difíceis”,  aponta Korzun. Uma vez que hoje permanecem por distribuir apenas jazidas de petróleo e gás de pequena e média grandeza, a prospecção do subsolo feita por pequenas empresas promete estimular o desenvolvimento de tecnologias.

 

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