Kremlin reforçará parceria com o Brics, mas não descarta UE

Pútin: “As restrições externas apenas fortalecem a nossa determinação” Foto: Aleksêi Drujínin/RIA Nóvosti

Pútin: “As restrições externas apenas fortalecem a nossa determinação” Foto: Aleksêi Drujínin/RIA Nóvosti

Em discurso durante o fórum ‘Russia Calling’, em Moscou, presidente russo Vladímir Pútin afirmou que país continuará reforçando a cooperação com os países do Brics, e paralelamente mantendo o relacionamento com a União Europeia. De acordo com os ministros presentes, o principal objetivo imediato será conter a inflação causada pelo embargo aos alimentos provenientes da União Europeia e Estados Unidos.

Durante o discurso na quinta-feira passada (2), Pútin enumerou as principais orientações para desenvolvimento da economia russa. “Partilhamos os princípios da OMC, ao contrário de alguns dos seus fundadores, e vamos procurar fazer com que a Rússia se desenvolva como uma economia aberta de mercado”, declarou. “As restrições externas apenas fortalecem a nossa determinação.”

A atuação do Estado, segundo o presidente russo, está assentada em uma política orçamental equilibrada e os acontecimentos deste ano apenas convenceram o governo de que o caminho escolhido é o correto. Atualmente, parte dos lucros excedentes da venda do petróleo é destinada a fundos especiais –Fundo de Reserva e Fundo Nacional do Bem-Estar – cujo montante já ultrapassa 9% do PIB.

No fórum organizado pelo banco VTB Capital, Pútin reconheceu, pela primeira vez, que a inflação na Rússia superou a previsão e atingiu os 7,6%, devido ao aumento dos preços dos alimentos após a adoção de sanções ao Ocidente. No entanto, o presidente russo fez questão de ressaltar o fato de a inflação monetária se manter no nível dos 5%.

“Nós não aumentamos a carga fiscal e não pretendemos impor restrições à circulação de capitais. Os fatores fundamentais que garantem a estabilidade da economia russa são orçamento e balança de pagamentos sem déficit, bem como a transição do Banco da Rússia para a taxa de câmbio flutuante do rublo”, continuou Pútin.

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No futuro próximo, o Kremlin tem expectativa de estreitar os laços com as nações da América Latina e países-membros do Brics (Brasil, Índia, China e África do Sul), a exemplo do contrato assinado em 2014 para fornecimento recorde de gás à China. “A criação da infraestrutura para esse projeto será uma das construções mais importantes do mundo”, disse o chefe de Estado russo.

Antes de finalizar o discurso, Pútin reforçou que a Rússia pretende lidar com os parceiros-chave usando suas moedas nacionais. A Gazprom Neft, por exemplo, fez a sua primeira entrega de petróleo à China em rublos. “Vamos incentivar a criação de associações regionais de integração, mas continuaremos trabalhando no âmbito da OMC e manteremos a cooperação com o nosso maior parceiro comercial, a União Europeia”, concluiu o presidente.

Erros inflacionados

A diretora do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina, acredita que o abrandamento econômico do país tem, acima de tudo, natureza estrutural, e as expectativas de inflação elevada levam ao aumento das taxas de juros.

Um dos principais desafios para o futuro é, de acordo com o Banco Central, estipular metas de inflação e reduzir o aumento dos preços. Pela avaliação de Nabiullina, a inflação da Rússia em 2014 será de cerca de 8%, mas deve até os 4% nos próximos anos.

Também durante o evento, o diretor do maior banco da Rússia, o Sberbank, Guerman Gref, se pronunciou contra as decisões propostas pelo governo. Segundo ele, as metas de inflação por parte do Banco Central não são uma medida eficaz, e o crescimento real dos preços é bem maior.

Gref, que é também ex-ministro do Desenvolvimento Econômico, considera que os principais problemas da economia russa são a baixa qualidade da administração estatal e a fuga de capitais para o estrangeiro.

O embargo aos produtos alimentícios de países que introduziram sanções contra a Rússia e a substituição das importações também foram alvos de crítica do bancário. “Precisamos melhorar radicalmente a qualidade da gestão e forçar as empresas privadas a serem competitivas. Por enquanto não é possível fazer isso: temos metade da economia monopolizada”, arrematou o diretor do Sberbank.

 

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