Nas avaliações dos últimos dois meses, depois que a Rússia liberou mais de 80 plantas industriais brasileiras, a “inflação” das exportações estão dentro de patamares razoáveis Foto: Reuters
A forte demanda russa por carne de frango e suína está pressionando os preços dos fornecedores brasileiros, com elevação já notada desde que a Rússia anunciou o embargo aos exportadores europeus e americanos. E já preocupa alguns agentes do mercado, temendo que o movimento, se interpretado como meramente especulativo, possa servir de motivo para retaliação à preferência dada ao Brasil.
No Sindicarne de Santa Catarina, que agrega os frigoríficos dos dois segmentos, o diretor executivo, Ricardo Gouveia, admite que a entidade tem procurado as empresas pedindo “cuidado” nas negociações com os importadores, “mesmo porque as sanções (à Europa e aos Estados Unidos) podem não durar para sempre”. Além disso, China e Índia já começam a ter indústrias habilitadas para substituir as brasileiras, como anunciou a Gazeta Russa.
No entanto, Gouveia acentua que não se trata de especulação, “mas, sim, da própria dinâmica do mercado internacional”. Prova disso, segundo ele, é que o aumento dos preços não atinge apenas a Rússia, mas todos os compradores do Brasil, ainda que seja em razão do aquecimento das importações desse país.
O diretor do Sindicarne diz também que nas avaliações dos últimos dois meses, depois que a Rússia liberou mais de 80 plantas industriais brasileiras, a “inflação” das exportações estão dentro de patamares razoáveis. As carcaças de frango, principal corte entre as aves, estariam flutuando entre US$ 4.200 a US$ 4.400 a tonelada.
Sobre os suínos, a entidade não tem ainda um retrato mais preciso, mas fontes do mercado catarinense –principal Estado exportador– ouvidos pelo site especializado Avenorte também admitem uma elevação. No caso específico desse tipo de carne, Gouveia lembra que o Brasil não tinha oferta suficiente para atender a Rússia e que o ciclo produtivo do porco é de 11 meses, de modo que a corrida para aumentar a produção também justifica o aumento nos preços.
Os embarques de carne de frango para o país saltaram de um média mensal de 5.000 toneladas entre janeiro e julho para 8.000 toneladas em agosto. Já em setembro, a expectativa era de que os embarques superassem 20 mil toneladas.
Nas três primeiras semanas de setembro, o país comprou 11,4 mil toneladas de carne suína –mais de 40% do total de 24 mil toneladas vendidas desde janeiro.
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