Peixes da Finlândia e da Noruega vêm sendo substituídos por produtos nacionais Foto: DPA/Vostock-Photo
De acordo com um estudo realizado pelo Serviço Aduaneiro Federal da Rússia, empresas da Sérvia, Geórgia, Armênia e América Latina que entraram no mercado russo para substituir os fornecedores de gêneros alimentícios submetidos às sanções russas estão entre os maiores beneficiados pela medida.
"Os principais beneficiários são a Armênia, a Geórgia e os países da América Latina. Mas não devemos esquecer dos produtores nacionais que agora intensificaram a sua política de investimentos a fim de ocupar os nichos que ficaram vagos no mercado", diz Aleksêi Kozlov, analista sênior da Companhia de Investimentos UFS, acrescentando que a substituição rápida gerou um aumento pontual nos preços de compra e, consequentemente, nos valores de venda.
O analista da holding de investimentos Finam, Anton Soroko, concorda que os produtores nacionais de gêneros alimentícios também se encontram entre os principais favorecidos pela proibição da importação de produtos provenientes da Europa e dos EUA pela Rússia. Dados do Serviço Aduaneiro Federal mostram que a truta arco-íris da Finlândia e da Noruega, por exemplo, foi substituída pelo produto nacional.
“No entanto, eles não são capazes de substituir totalmente o volume e a gama de sortimento dos produtos das importações eliminadas”, diz Soroko. Enquanto o grande varejista de gêneros alimentícios O'Kei assinou um contrato para o fornecimento direto de frutas e legumes da Turquia, não foi possível encontrar substitutos para as frutas silvestres da Polônia, Grécia, Espanha e Holanda, para os aspargos da Bélgica e da França, bem como para o camarão canadense.
“As sanções trouxeram poucas alterações para nós, pois a importação de carne suína já estava sob proibição do serviço de vigilância veterinária desde março”, disse à Gazeta Russa Aleksandr Kostikov, porta-voz do Grupo Tcherkizovo, um dos principais produtores russos no campo da pecuária. “Além disso, no nosso setor é impossível aumentar drasticamente o volume de vendas, pois se trata de um produto vivo que tem prazo para ganhar peso e rotatividade própria.”
Grandes perdedores
No dia 7 de agosto, foi publicada uma lista de alimentos proibidos de entrar na Rússia pelo período de um ano. A relação inclui produtos como carne, peixe, leite, salsicha, legumes, frutas e outros gêneros alimentícios provenientes dos EUA, Canadá, União Europeia, Noruega e Austrália.
De acordo com as informações do Serviço Aduaneiro Federal, em agosto passado, o fornecimento de gêneros alimentícios e matérias-primas utilizadas para a sua fabricação provenientes de países estrangeiros diminuiu 7,5% em volume financeiro, em comparação com o mesmo período de 2013.
A importação de produtos lácteos registou uma redução de 57%, a de carne de porco teve queda de 45%, a de legumes caiu 44%, e a de carnes de aves, 39%. A carne bovina foi o único produto da lista de sanções que apresentou um aumento de fornecimento – a importação desse produto cresceu 47% em agosto.
Uma pesquisa realizada pela sede moscovita do Centro de Comércio Internacional revelou que a proporção de países submetidos ao embargo à importação de todas as mercadorias da lista de sanções equivale a pouco mais de 37%, dos quais 30% se referem a países da UE. Os EUA respondem por uma parcela de 4% dos fornecimentos, o Canadá , 2%, e a Austrália e a Noruega, 1% cada.
A dimensão total das perdas em potencial de todos os países envolvidos é estimada em US$ 8,3 bilhões. Pelos dados do estudo, os prejuízos dos países-membros da UE podem chegar a US$ 6,9 bilhões.
A Polônia poderá incorrer em perdas mais significativas, pois, em virtude das sanções, o déficit de sua balança comercial poderá aumentar em 52%. Na sequência vem a Lituânia, onde os fornecimentos para o mercado russo ocupavam cerca de 4% do total das exportações, e a piora no saldo de sua balança comercial pode chegar a 47% (até US$ 3,8 bilhões). A Finlândia completa o trio de países mais vulneráveis, com déficit estimado em 12% (até US$ 3,4 bilhões). Nesse contexto, os produtores de queijo e carne suína vão arcar com as maiores perdas.
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