Fornecimento à China pode chegar a 100 bilhões de metros cúbicos ao longo de 30 anos Foto: Alamy/Legion Media
O contrato de fornecimento de gás russo para a China através de mais uma rota, a Ocidental, será assinado no âmbito da Cúpula da APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), programada para novembro em Pequim. A informação foi divulgada pelo ministro de Energia da Rússia, Aleksandr Novak, durante o Fórum de Investimento de Sôtchi, na semana passada.
A versão básica da rota, que ainda está sendo elaborada, pressupõe o transporte de gás através do território de Altaí. Aleksêi Miller, presidente do Conselho Administrativo da Gazprom, havia comunicado anteriormente ao presidente Vladímir Pútin que a delegação russa planeja assinar um contrato para o fornecimento de 30 bilhões de metros cúbicos de gás por 30 anos.
No entanto, fontes envolvidas nas negociações sugeriram a possibilidade de envio de quantidades ainda maiores – de 60 bilhões a 100 bilhões de metros cúbicos. Segundo Miller, o novo gasoduto utilizará o sistema de transporte de gás que já existe na Sibéria Ocidental.
A discussão sobre o fornecimento de gás russo para a China através da rota Ocidental foi intensificada depois que, em maio de 2014, a Gazprom e a corporação chinesa CNPC assinaram um contrato no valor de US$ 400 bilhões, referente ao fornecimento à China de 38 bilhões de metros cúbicos de gás anualmente, durante 30 anos, através da rota Oriental. O fornecimento será efetuado por um ramal do gasoduto Força da Sibéria, cuja construção começou neste mês.
“O mercado europeu continua a ser prioridade para a Rússia porque, de qualquer modo, é o com a melhor margem de negociação para a Gazprom e o maior em volume. O fato de que atualmente está sendo necessário resolver uma série de problemas de importância estratégica no mercado europeu é outra questão”, afirma Iliá Balakirev, analista sênior da companhia de investimentos UFS.
Culpa do inverno
Em meio aos planos de aumentar a cooperação com a China, o monopólio de gás russo Gazprom negou a solicitação de aumento do fornecimento de gás da empresa polonesa PGNiG. Como a Polônia não recebeu cerca de 20% do que foi requisitado, o país foi forçado a interromper o fornecimento reverso de gás russo à Ucrânia no último dia 10. A PGNiG revendia à ucraniana Naftogaz 4,2 milhões de metros cúbicos de gás comprado pela Polônia.
Nos últimos dias, a Gazprom diminuiu também o fornecimento de gás natural via Ucrânia e Eslováquia. No início do mês o fornecimento superava os 60 milhões de metros cúbicos por dia, mas desde 12 de setembro caiu para 50 a 55 milhões de metros cúbicos.
A Gazprom garante que o não recebimento de gás refere-se apenas aos volumes adicionais, já que a empresa estaria cumprindo integralmente as obrigações contratuais. Ainda segundo a empresa russa, não há possibilidade de aumentar o fornecimento para os consumidores europeus, pois gás adicional está sendo enviando ao complexo de armazenamento subterrâneo para as necessidades do próprio país.
Os serviços meteorológicos previram que o próximo inverno será mais frio do que o normal na Rússia. Por isso, a empresa aumentou até 72 bilhões de metros cúbicos o volume planejado de transferência de gás ativo para o complexo de armazenamento subterrâneo. Esse é o maior volume de gás de toda a história que será transferido para os reservatórios subterrâneos russos. Até o dia 20 de setembro, havia 63,5 bilhões de metros cúbicos de gás no complexo, e a transferência do restante deve ser concluída em um mês e meio.
“A Gazprom declarou várias vezes que, apesar de operar no mundo inteiro, o mercado europeu é sua prioridade, e a empresa não pretende desistir de trabalhar nele. Não existe nem a possibilidade teórica dos acontecimentos se desenrolarem de tal maneira”, diz Dmítri Baranov, analista na Finam Management. Segundo ele, sem o fornecimento gás para a Europa, o volume das atividades da Gazprom seria reduzido drasticamente.
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