Medvedev: “A história mostrou que todas as tentativas para exercer pressão sobre a Rússia foram fracassadas” Foto: RIA Nóvosti
Durante a cerimônia de abertura do Fórum de Investimentos de Sôtchi, realizado entre os dias 17 e 19 de setembro, Medvedev declarou que “este ano vai entrar para os anais de história como um divisor de águas” e “ponto de referência para uma nova época”, em referência ao conflito na Ucrânia, à reanexação da Crimeia pela Rússia e ao esfriamento das relações com o Ocidente.
“Temos a sensação de que muitos dos nossos parceiros ocidentais deixaram de reconhecer que a Rússia tem seus próprios interesses. Como resultado foi posta em causa toda a filosofia do desenvolvimento mundial que se formou após a Segunda Guerra Mundial”, disse o primeiro-ministro, ao relembrar que, ao longo do século passado, a Rússia se viu repetidamente sob sanções.
Em 1981, por exemplo, os Estados Unidos deixaram de fornecer material para o gasoduto Urengoi-Ujgorod. Dezessete anos mais tarde, os americanos impuseram novas sanções, mas dessa vez contra instituições científicas russas suspeitas de colaborar com o Irã. “A história mostrou que todas as tentativas para exercer pressão sobre a Rússia foram fracassadas”, observou Medvedev.
Segundo o premiê, nem mesmo a pressão feita sobre países relativamente pequenos traz resultados, “quanto mais com a Rússia, que é a sexta economia do mundo em termos de paridade. Temos que encarar a verdade de frente: esse confronto de sanções é uma coisa ruim e dispensável, tanto para nós, como para o Ocidente”.
Medvedev fez questão de ressaltar que a situação atual se diferencia da crise de 2008 pelo fato de antes as maiores economias do mundo trabalharem em conjunto. “E era aí que estava a garantia de sucesso. Nós ainda estamos dispostos a escutar os nossos parceiros, desde que eles aprendam de novo a levar em conta os nossos interesses”, arrematou.
Rota para a Ásia
No futuro próximo, a economia russa vai continuar a sua reorientação para a Ásia. "A aproximação da Rússia e da Ásia é um processo objetivo, cuja política começamos a levar a cabo cerca de 10 anos atrás. Estamos falando de cooperação com todos os países: China, Índia, Japão e países com economias menores”, disse Medvedev.
Antes do final do dia será apresentado à Duma de Estado (câmara baixa do Parlamento russo) um projeto de lei sobre a criação de 14 regiões de desenvolvimento prioritário na Sibéria e no Extremo Oriente russas. Essas áreas com regimes de benefícios fiscais serão orientadas sobretudo para os investidores asiáticos.
“A nossa nova estratégia na Ásia não é uma vingança inútil contra a Europa, é o curso natural dos acontecimentos, embora não possamos ignorar o fato de que o fortalecimento do nosso país na região aumenta a nossa credibilidade”, acrescentou o premiê russo.
Outra área de trabalho com o Oriente será o desenvolvimento de projetos de infraestrutura, especialmente o de expansão dos principais corredores ferroviários da Transiberiana e Baikal-Amur. O investimento total será de mais de US$ 13 bilhões.
Problemas internos
O avanço da cooperação com os países asiáticos irá acontecer, entretanto, em um contexto de profundo agravamento dos indicadores econômicos russos. Nos primeiros oito meses deste ano, o PIB cresceu 0,7%. Considerando o ano inteiro, o crescimento do PIB será de cerca de 0,5%, contra o índice de 1% registrado nos últimos cinco anos.
De janeiro a agosto de 2014, o investimento em capital fixo diminuiu 2,5%, ainda que a produção industrial tenha crescido 1,3%. “A agricultura está crescendo mais rápido do que qualquer outro setor da economia: em 8 meses de produção, aumentou 5%. O desemprego se mantém estável nos 5%; no ano passado era de 5,7%”, expôs Medvedev.
“Conseguimos manter um volume considerável de reservas cambiais e esperávamos uma maior recuperação da economia, mas as alterações verificadas no ambiente econômico externo levou a uma revisão das previsões”, explicou o primeiro-ministro.
Apesar da deterioração dos indicadores econômicos, Medvedev garantiu que a economia nacional não vai se fechar. “Nós não vamos alterar o nosso rumo, vamos manter as características de flexibilidade da formação da taxa de câmbio da moeda nacional e manter as metas de inflação”, finalizou o primeiro-ministro.
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