Nos últimos 40 anos, o Brasil quase dobrou seu potencial produtivo Foto: Shutterstock
Este ano marca um grande aniversário para exportadores brasileiros – há exatos 100 anos ocorreu a primeira exportação de produtos brasileiros para o estrangeiro. Mas história das das exportações do Brasil à Rússia é bem mais curta. Além disso, ao longo dos quase 20 anos de cooperação, a necessidade de competir com importadores de outros países ou locais foi um grande desafio para os brasileiros.
A enorme distância ente os dois países e burocracia imprescindível, por exemplo, fizeram com que em 2013 o Brasil ocupasse menos de 3% das importações totais dos países estrangeiros, sendo a China, Alemanha e a Ucrânia os países com a maior parcela no mercado alimentar russo, de acordo com as estatísticas do departamento de Economia Externa do Ministério do Desenvolvimento Econômico russo.
Devido às recentes sanções impostas pela UE e pelos EUA, a Rússia tem, porém, se manifestado pronta a receber mais importações da América Latina e a reconsiderar as condições da parceria. “O Brasil também está preparado de ser fornecedor de longo prazo. Estabilidade do comércio com a Rússia é o que nós procuramos agora”, diz Rui Eduardo Vargas, vice-presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal. As estatísticas também provam as palavras de Vargas.
Nos últimos 40 anos, o Brasil quase dobrou seu potencial produtivo – de 0,6 de cabeça do gado por hectare em 1975, o rebanho cresceu para 1,2 cabeças por hectare em 2014. O Brasil exporta quase 40% da carne de aves, 20% da carne bovina e cerca de 17% da carne suína para o estrangeiro, sendo China, UE e EUA seus países-chaves.
“Quanto à Rússia, carne bovina, açúcar e carne suína fazem a maior parte da pauta exportadora do Brasil. No contexto da presente situação econômica internacional, nós estamos prontos para aumentar a produção e fornecer mais produtos, que possam ser não só vários tipos de carne, mas também soja, açúcar, café e produtos lácteos”, afirma Marcelo Junqueira Ferraz, secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SRI/Mapa).
Via Láctea à Rússia
Pela primeira vez em vários anos que o Brasil participa da feira World Food, falou-se em possíveis exportações de produtos lácteos para a Rússia.
“A autoflexibilidade dos nossos animais e vários estímulos no mercado brasileiro fizeram com que ultimamente a produção de laticínios brasileiros tenha se dobrado. Neste ano o Brasil se tornou o quarto maior produtor de laticínios no mundo”, aponta Gustavo Beduschi, consultor técnico da Associação Brasileira dos produtores dos laticínios “Viva Lácteos”.
Mesmo que a maioria dos produtos lácteos tenha prazo da validade bem curto, os produtores brasileiros conseguiram ocupar o nicho do mercado de laticínios que não exigem condições especiais para guardar frescura e sabor, como leite em pó, leite condensado e creme de leite.
“São exatamente eles que exportamos para a Venezuela, Argélia, Cuba e outros países do mundo. Como a Rússia nos parece um dos mercados com mais perspectivas, estamos prontos para uma parceria”, diz Beduschi.
Garantia de qualidade
A iniciativa dos empresários brasileiros já foi, contudo, várias vezes interrompida pelas restrições rígidas do Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia. No ano passado, a Rússia teve que parar a importação da carne suína por causa do alto nível da ractopamina – substância usada como aditivo alimentar para fazer os animais crescer – na carne brasileira.
“Esses casos fizeram os produtores brasileiros aumentar as exigências da qualidade da forragem animal e das condições em que os animais estão armazenados”, afirma Leandro Diamantino Feijó, diretor do Departamento da Inspeção de Produtos de Origem Animal do Brasil (Dipoa). “A experiência nos ensinou a corresponder a todos requisitos sanitários e submeter nossos produtos a todos os testes obrigatórios de outros países. Nós mesmos coletamos amostras para a análise de ractopamina e organizamos auditorias constantes das empresas brasileiras”, explica Feijó.
Para ter mais controle sobre as fábricas e produtoras de carne, o Dipoa elaborou uma lista oficial com as empresas certificadas pela agência russa Rosselkhoznadzor. No total são 3.235 empresas, sendo 1.369 produtoras de carne. “Nada é feito sem confirmação do Rosselkhoznadzor. E parece que os produtores brasileiros finalmente conseguiram encontrar o caminho para o consumidor russo”, conclui.
Confira outros destaques da Gazeta Russa na nossa página no Facebook
Todos os direitos reservados por Rossiyskaya Gazeta.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: