Para a Rússia, o gasoduto para a China é relevante, tendo em vista as suas relações complicadas com a Europa Foto: Getty Images/Fotobank
Através do gasoduto Força da Sibéria, a China irá receber anualmente 38 bilhões de metros cúbicos de gás russo. O projeto tem boas perspectivas de expansão. O gasoduto vai permitir à Rússia exportar para a China até 60 bilhões de metros cúbicos. Portanto, trata-se de um símbolo de uma reversão em grande escala de Moscou para o Oriente.
O projeto tem duas componentes: energia e política, acredita o especialista em questões de segurança energética Aleksêi Turbin:
“A Rússia está confirmando que é um jogador global no mercado de energia. Ela não depende de uma só direção, o Ocidente, que pode ser restringida ou subordinada aos interesses de algum grupo de Estados, o que é extremamente importante.”
Para a Rússia, o gasoduto para a China é relevante, tendo em vista as suas relações complicadas com a Europa por causa dos acontecimentos na Ucrânia. É de fato um projeto geopolítico, acredita o perito Konstantin Simonov:
“Nós não estamos vendendo à China nosso gás dos campos que usamos para fornecimentos à Europa. Este é um novo gás, um novo gasoduto. Mas para os europeus, que sempre foram obcecados com delírios de alta importância e hoje estão introduzindo diferentes sanções para limitar o potencial energético da Rússia, a Força da Sibéria é um fator de certa sobriedade política.”
A assinatura do acordo de gás entre a Rússia e a China na presença dos líderes dos dois países em maio, em Xangai, bem como o lançamento do projeto com a participação de Vladímir Pútin e Zhang Gaoli, vice-premiê chinês, reflete o reconhecimento da Rússia como fornecedor confiável de energia, nota Simonov:
“Este é um projeto mutuamente vantajoso. Não foi por acaso que a Rússia recebeu um preço muito bom pelo gás. Mas a China também conseguiu um preço decente, porque o nosso gás hoje custará a Pequim duas a três vezes menos do que se ela comprasse na Austrália”.
Olhos na Ásia
A Rússia está propositadamente expandindo a sua presença no mercado de energia da Ásia. A construção do gasoduto Força da Sibéria é o segundo conduto para o Oriente. Através do oleoduto Sibéria-Pacífico, petróleo está sendo há vários anos exportado para a China, bem como através de petroleiros para o Japão, Coreia do Sul e vários países da Ásia, explica Aleksêi Turbin.
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Conflitos no Iraque e na Líbia provocam queda no preço do petróleo russo“Ainda quando estávamos construindo o primeiro oleoduto para o Oriente, foi tomada a decisão de apostar na China e no Japão. Com o lançamento do gasoduto Força da Sibéria, a taxa dos recursos energéticos russos no mercado asiático pode chegar a um terço. Essa é a interdependência que leva a considerar os interesses uns dos outros. Hoje há uma grande demanda pelo gás russo não só nesses países, mas também na Coreia do Sul e na Indonésia. Mas mesmo tendo em conta os suprimentos de gás à China através do gasoduto Força da Sibéria, suas necessidades de recursos também podem ser satisfeitas. A Rússia pretende desenvolver novos campos de gás”, diz Turbin.
Hoje, os parceiros asiáticos da Rússia ressaltam que o país nunca usou e não usa fontes de energia como meio de pressão política. Por isso, o Japão, a Coreia do Sul, a Índia, o Paquistão e outros países estão muito interessados em expandir o volume de fornecimentos. Inclusive de GNL (gás natural liquefeito) desde fábricas existentes e em projeto em Sacalina, Vladivostok e na península de Iamal.
Além disso, o acordo de gás sino-russo levou o Paquistão e a Índia a iniciarem uma discussão de projetos de construção de gasodutos da Rússia. Recentemente, o Cazaquistão ofereceu seus serviços de trânsito para mais um gasoduto da Rússia para a China.
Publicado originalmente pela Voz da Rússia
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