Queijos são um dos itens que mais atingirão os cardápios de restaurantes por sua especificidade Foto: Reuters
Cozinheiros amadores e profissionais de Moscou passaram as últimas semanas batalhando para encontrar novos fornecedores de ingredientes para alguns de seus pratos mais populares depois que a Rússia proibiu a importação de uma série de alimentos frescos provenientes dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Noruega. A medida, implementada no início de agosto, proíbe a compra de carnes, peixes, mariscos, leite e derivados, legumes, frutas e nozes desses países.
O diretor de operações da rede de lanchonetes American Diner Company de Moscou, Douglas Steele, disse que, por enquanto, a escassez de ingredientes não os atingiu, mas a empresa já se prepara.
“Os produtos importados representam 20% dos itens do nosso cardápio. Seremos afetados sobretudo por pratos do cardápio que incluem queijos, como nosso bacon blue burger, que leva queijo azul, nossa salada grega, com feta, a César, que tem Grana Padano, nosso cheddar americano, além de bacon de qualidade para nossos hambúrgueres. O salmão será um problema. Ainda não demos pela falta dos ingredientes, mas vemos um aumento de preços que chega a 50% em alguns itens”, conta Steele.
No ano passado, a Rússia importou cerca de US$ 1,3 bilhão em alimentos e produtos agrícolas. Mais de 60% da carne fresca e congelada vendida na Rússia é importada, assim como 50% dos peixes e frutos do mar, 48% do queijo e 45% das nozes e frutas, de acordo com o jornal econômico russo Vedomosti.
O elo mais fraco
Piotr, um DJ de Moscou, disse que sentirá falta da carne marmoeiro. “O queijo já está fora das prateleiras, os preços subiram. O embargo a alimentos é a coisa mais estúpida que eu já vi. Fui ao Toro Grill jantar na noite passada. Eles estavam sem peixe e não tinham ideia de quando iam receber”, diz.
Já o analista financeiro Nikolai está preocupado em ficar sem Nutella. “Temo que não verei mais Nutella no Azbuka Vkusa [supermercado de produtos top de linha], o que será terrível. Honestamente, eu não sei o que vai acontecer com o Azbuka Vkusa, já que tudo lá é importado”, diz.
A estagiária de jornalismo Elizaveta, por sua vez, já viu um aumento nos preços. “O preço do café italiano que comprei ontem simplesmente dobrou”, conta, acrescentando não ter certeza se o aumento de preços é devido à indisponibilidade dos produtos ou à inescrupulosidade dos fornecedores.
O diretor do Centro de Pesquisas de Política Econômica da Universidade Estatal de Moscou, Oleg Bucklemishev, chama de “soviética” a abordagem do governo russo, e diz que a Rússia é quem mais vai sofrer.
“Não vamos punir ninguém e não vamos conseguir nada. Pequenos empresários baixarão suas portas, estamos perdendo de novo. A competição é o melhor ambiente para o desenvolvimento da nossa indústria. Eliminar a concorrência nunca trouxe resultados positivos”, afirma.
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