Foto: ITAR-TASS
O primeiro-ministro russo, Dmítri Medvedev, ordenou na última terça-feira (12) a implantação de um sistema de monitoramento de preços para os alimentos consumidos na Rússia, devido à entrada em vigor do embargo aos produtos agrícolas da União Europeia, Estados Unidos, Noruega e outros países que impuseram sanções contra Moscou.
Além dos departamentos centrais (Ministério da Agricultura, Ministério da Indústria e Serviços Federais da Alfândega), deverão se juntar ao monitoramento do mercado associações de produtores e redes de varejo. No total, 40 categorias de produtos vendidos no varejo terão seus preços acompanhados de perto por agentes do Estado, incluindo farinha de trigo, arroz, trigo-sarraceno, macarrão, óleo de girassol, açúcar, sal, chá, água, carne bovina, carne de porco e peixe. De acordo com o jornal russo “Kommersant”, a empresa X5 Retail Group, uma dos maiores varejistas da Rússia, já informou os ministérios em questão do aumento entre 20 a 36% no preço do camarão e do peixe vermelho por parte dos fornecedores.
Segundo declarou o ministro russo da Agricultura, Nikolai Fiodorov, os produtores que aumentarem injustificadamente os preços dos alimentos poderão sofrer processos administrativos e até mesmo processos criminais, informou a agência de notícias russa Itar-Tass. Com essas medidas, o governo espera evitar o aumento especulativo dos preços.
De acordo com a lei de comércio da Rússia, se em uma determinada região os preços do varejo de alguns alimentos tiverem aumentado mais de 30%, o governo poderá intervir e fixar o valor dos produtos por três meses. "Estamos falando de medidas forçadas, que, é claro, trazem muitos riscos, mas a curto prazo não deverão ter quaisquer consequências negativas graves no mercado russo", disse o analista da agência UK Finam Management, Maksim Kliaguin. Segundo ele, na maioria dos casos, trata-se de setores cujo nível de dependência das importações já é relativamente baixo e os volumes em queda podem ser rapidamente repostos com o aumento da produção interna e aquisições alternativas.
Risco de inflação
Apesar das medidas do governo, especialistas acreditam que a proibição de importar alimentos de vários países pode levar ao aumento da inflação. "A inflação pode subir em cerca de um ponto percentual e ficar em torno dos 7% no final de 2014. A maior parte do aumento dos preços não será reflexo de um déficit real de produtos, mas antes da expectativa de inflação da população", explicou o analista da Investkafe, Roman Gritchenko.
Segundo o diretor de vendas do banco Dukascopy, Pavel Simonenko, para os países da CEI (Comunidade dos estados Independentes), em um cenário negativo o aumento da inflação pode ser de até 0,5 ou 0,6% e em um cenário favorável, de 0,1 a 0,2%. "Eu não espero ver um aumento explosivo da inflação devido ao embargo às importações de alimentos de países ocidentais", disse o especialista.
Para Simonenko, em primeiro lugar, embora o volume dessas importações fosse grande – cerca de US$ 10 bilhões por ano – não será um problema substituí-lo com produção própria ou com importação de outros países. Em segundo lugar, os fornecedores têm estoques dos alimentos cuja importação foi proibida para ao menos mais um mês de consumo, e com a abordagem correta por parte do governo, esse intervalo será suficiente para encontrar novos exportadores, começar a normalizar o fornecimento e organizar a produção interna. O único risco é que ocorra uma especulação dos preços nesse intervalo de um ou dois meses.
No entanto, de acordo com um relatório do grupo financeiro Raiffeisen Research, a inflação na Rússia pode acelerar até três pontos percentuais, chegando a 7,5% ao ano. De acordo com os analistas da empresa, os alimentos incluídos no embargo correspondem a 25% do total das importações de todos os produtos alimentares do país.
Mesmo com as restrições à importação, o Ministério da Economia russo não planeja mudar os prognósticos da inflação para este ano, que continuam sendo de 6%. "As importações abrangidas pelo embargo podem ser substituídas praticamente sem dor com fornecimento feito por outros países. Nesse caso, os maiores beneficiários serão os parceiros da União Aduaneira e da CEI, do Oriente Médio, da América Latina e do círculo do Pacífico", disse Maksim Kliaguin.
Segundo ele, são esperados alguns atrasos no fornecimento de produtos, não tanto como resultado da diminuição da oferta, mas devido ao impacto dos custos de substituição e mudança da logística. "Mesmo nos cenários mais negativos, que pressupõem algumas dificuldades com a substituição, o aumento adicional da inflação é estimado em 1 a 1,5 ponto percentual", disse o especialista.
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