Bancos serão capazes de fazer pagamentos com cartões, independentemente da inclusão da empresa na lista de sanções dos Estados Unidos Foto: Lori / Legion Media
O Banco Central da Rússia decidiu criar um sistema nacional de cartões de débito e crédito, concorrente do Visa e do Mastercard. O novo sistema deverá começar a operar já em 2015 e os primeiros cartões com o logotipo do banco serão lançados em um ano e meio.
O sistema nacional de cartões será criado com base em uma plataforma própria, informou a assessoria de imprensa do Banco Central no dia 29 de julho. "Será usada base tecnológica própria, mas ao mesmo tempo serão aproveitados tanto avanços nacionais quanto estrangeiros” no setor, explicou o vice-presidente da Comissão de Mercado Financeiro da Duma (câmara dos deputados da Rússia), Anatoly Aksakov, à agência de notícias Itar-Tass.
A decisão de criar um sistema desse tipo foi tomada após as empresas internacionais de pagamento Visa e Mastercard suspenderem as operações com seus cartões emitidos por bancos russos incluídos na lista de sanções dos Estados Unidos. Fazem parte da lista o banco Rossiya, do magnata da mídia Yuri Kovalchuk, e o banco SMP, dos irmãos Arkady e Boris Rotenberg, que são considerados amigos próximos do presidente russo, Vladímir Pútin. De acordo com a gerente de pesquisa e análise de mercados de dívida do banco Promsviazbank, Helena Fedotkova, os prazos para a criação do novo sistema de pagamento já foram definidos: um ano para o desenvolvimento e um ano e meio para a emissão dos cartões.
Assim, os bancos serão capazes de fazer pagamentos com cartões, independentemente da inclusão da empresa na lista de sanções dos Estados Unidos. No entanto, de acordo com Natalia Borzova, vice-diretora do departamento de organizações de crédito da empresa FinExpertiza, o curto período disponível para a realização do projeto exigirá uma grande mobilização do Banco Central.
Sistema próprio
Muitos especialistas acreditavam que o sistema seria estabelecido com base em plataformas já existentes no maior banco da Rússia, o Sberbank, detentor do sistema PRO 100, no qual foi baseado o projeto de cartão eletrônico universal usado inclusive para receber o seguro obrigatório de saúde no país. O principal concorrente desse sistema é o Golden Crown, líder absoluto em número de cartões emitidos: 19 milhões contra 295 mil do PRO 100. Da mesma maneira, esse sistema é o líder em número de bancos participantes: 513 contra 14 do PRO 100.
"O Banco Central assumiu a iniciativa (de criar um sistema próprio), inclusive para assegurar a igualdade entre os bancos, para que ninguém tenha ressentimentos”, disse o sócio do grupo de empresas VVCube, Vadim Tkachenko. Em particular, a maior desvantagem do PRO 100 era o fato de que seu uso poderia fortalecer mais ainda a posição do Sberbank, que já é o líder absoluto entre os bancos russos na maioria dos parâmetros.
De acordo com o analista da empresa de investimentos Finam, Anton Soroko, a escolha foi feita em favor de um projeto próprio inclusive para permitir o controle total do processo de criação do sistema. "Por outro lado, essa opção é mais demorada e dispendiosa em termos de desenvolvimento, pois o sistema terá que ser criado a partir do zero, embora com base em estruturas já existentes na Rússia e no exterior", disse o especialista.
Para o analista principal da agência de investimentos UFS IC, Ilya Balakirev, a criação do sistema a partir do zero pode ajudar a eliminar previamente dificuldades. "A plataforma própria pode ser implantada de maneira rápida, com base em processos já existentes ou de acordo com exemplos de sistemas já em funcionamento. O cronograma para a implantação dependerá da concentração de recursos, assim podemos falar em alguns meses", até seu lançamento, diz Balakirev. Segundo ele, uma tarefa muito mais ambiciosa é difundir o uso do novo sistema entre os usuários de cartões, até o ponto em que seja possível competir com a Visa e a Mastercard, pelo menos no mercado interno.
"Um período de um até dois anos será necessário para introduzir o novo processo e atrair usuários", disse o representante do sistema de pagamentos Rapida, Oleg Grishin.
"A criação do sistema nacional de pagamentos permitirá simultaneamente proteger o mercado russo de um cenário de ‘colapso imediato’ e evitar uma situação em que a autorização de uma operação financeira entre dois participantes russos ocorre fora da Rússia", disse o vice-presidente do banco Interkommerts, Denis Khrenov.
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