Sanções impostas pela União Europeia não se aplicam aos bancos suíços, e os bancos deste país podem continuar a financiar as instituições de crédito russas Foto: AP
A UniãoEuropeia publicouoficialmentea nova lista desançõescontra a Rússia, anunciando que os ativos e contas dequase todas as empresasda Crimeiana Europaserão congelados. Entretanto, especialistas indicam as sanções setoriais como as mais sérias, pois os bancos estataisrussos nãopoderão receber empréstimos a longo prazona Europae as companhias petrolíferasserão privadas de tecnologiaspara extração de petróleona plataforma continental ártica.
As novassançõeseuropeiascontra a Rússiaforam introduzidasem duas etapas. Na primeira fase, em 30 de julho, foipublicada uma lista deindivíduos e entidadescujos bensserão congeladosna Europa. Os participantes desta lista, segundo funcionários da UniãoEuropeia, são responsáveis pela integraçãoda Crimeiaà Rússia. A lista inclui a corporaçãoAlmaz-Antey, que produz sistemas de defesa antiaéreapara a proteçãoda península,a empresa aérea Dobrolet, que opera voos econômicosde Moscou para a capital da Crimeia, Simferopol, bem como o Banco Comercial Nacional Russo, que se tornou uma peça importante nomercado financeiroda região.
Na segunda etapa, na noitede 31 de julho,a UE publicouuma segunda lista: a das empresasque estão sujeitas asançõessetoriais. Os investidores europeus estão proibidos de, direta ou indiretamente, realizaroperações com valores mobiliáriose instrumentos de dívidados maiores bancosestataisrussos: Sberbank,Rosselskhozbank, VTB, GazprombankeVEB, bem como transferir tecnologia de extração de petróleo em águas profundas às empresas russas. Foram proibidos equipamentos de perfuração e torres móveis, bombas de petróleo e plataformas de perfuração offshore.
De acordo com especialistas, ainda é difícil avaliar a extensão dos danosdas novassanções àeconomia russa. "Oportunidades de financiamento nos mercados externossão certamente um aspecto importantedas relações econômicas, mas o nível da dívida da Rússia em relação ao PIBé de apenas 40%", diz DmitriBedenkov, chefe do departamento de análiseda agência financeiraIKRuss-Invest. Segundo ele, este número reflete a existência deuma reservainterna.
O total das reservascambiais doBanco Central da Rússia atingiu480 bilhões de rublos (cerca de R$ 30 bilhões) no início de agosto. Entretanto,de acordo com oDiretor de Análise eGestão de Riscos da empresa de investimentos UFSIC,VadimVedernikov, uma nova onda desançõespode retardar o crescimentodo PIB devidoàsaída de capitaise redução doinvestimento estrangeiro. No entanto, como observao especialista,em substituição às importações,a parcelada demanda doméstica começará a crescer.
De acordo como analista da Investkafe, TimurNigmatullin,dentro de um ou dois anos,o efeito dassançõesserá sentidono crescimentodos custos de empréstimosparaempresas russas. EmitirEurobonds (títulos europeus) ficará mais difícil, em algunscasos, até mesmoimpossível. É por meio dadiminuição dos investimentosdas empresasem ativos fixos que se reduzirá o crescimentoeconômico da Rússia. "Em minha opinião, o atual nível de sançõesa médio prazodesacelerará a economia russa em 0,3% ao ano", disse o especialista.
Influência a longo prazo
Para as maiores empresas russas, o custo de empréstimos nos países ocidentaisena Chinaé basicamente o mesmo. Para comprar ações da empresaconjunta TNK-BP, a empresa Rosneft tomou empréstimo debancos ocidentais a cerca de 3% ao ano, enquanto empréstimossimilares parao fornecimento de petróleopara a China embancos chineses custaram à Rússia os mesmos 3% ao ano. Além disso, as sanções impostas pela União Europeia não se aplicam aosbancos suíços, e os bancosdeste paíspodemcontinuar a financiarasinstituições de créditorussas.
No entanto, como observa o analista da empresa deinvestimento Finam AntonSoroko, a capacidade do mercado financeiroasiáticonão é comparávelcom aquelas do mercado americano oueuropeu. Portanto, muito provavelmente, o volume de fundos necessáriosserá substituído, de uma forma ou de outra,por conta do BancoCentral.
"As sanções contra oSberbank terão um impacto adicional no BancoCentral pelo fato de queo mercado asiático de capital de terceiro, nos próximos dois anos,não poderá substituir orefinanciamentono mercado de capitais dos Estados Unidos e Europa", explica VadimVedernikov. De acordo com estimativasdo Banco Central, os bancos que sofrem sanções devematrair, em 2014,de 6 a 7 bilhões de rublos (R$ 380 a R$ 440 milhões), e de 10 a 15bilhões em 2015 (R$ 630 a R$ 950 milhões).Estes recursos podemser fornecidos pelo BancoCentral.
Muito maisgraves, de acordo com especialistas, são as sanções para restringiro fornecimento de tecnologiaspara extração de petróleo em águas profundas da plataforma continental – isso significaque os projetosde extração de petróleoda Rússiano Árticopodem ser congelados. A Ásia ainda não domina a tecnologia de perfuraçãoem águas profundas, enquanto na Rússiao desenvolvimento de tais tecnologias encontra-se em faseinicial. "As possíveis dificuldades deimportação de tecnologia podem ter impacto negativo. No entanto, émuito cedo para avaliaraté que pontoele será danoso, inclusive aos projetosestrategicamente importantes no setor de energia", dizDmitriBedenkov.
No entanto,de acordo com especialistas, as novas sançõesnão se aplicam àstecnologiasde liquefação de gás, ou seja, projetosrussospara a construção defábricas de gásnatural liquefeito (GNL)não sofrerão. O principal parceiro da empresa russa de gás Novatek no projeto Iamal GNL é a francesa Total. O projeto envolvea construção de uma usina de gásnatural liquefeitono norte daRússia, cuja capacidade será de 16,5milhões de toneladas deGNLpor ano. A empresa Total já demonstrou preocupação com as novas sanções,e até mesmoparou de comprarações da Novatek, mas continua a ser um grande acionista daempresa russa, da qual possui18% das ações.
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