Gazprom será obrigada a reduzir o preço de gás até 2017

Redução dos preços nos contratos de fornecimento de gás já passou a ser levada em consideração nas estratégias das empresas de investimento Foto: ITAR-TASS

Redução dos preços nos contratos de fornecimento de gás já passou a ser levada em consideração nas estratégias das empresas de investimento Foto: ITAR-TASS

Pelos dados do Ministério de Desenvolvimento Econômico, ao longo dos próximos dois anos e meio, os preços do gás natural cobrados pela Gazprom conforme os contratos de longo prazo, serão reduzidos a 320 dólares por 1.000 metros cúbicos. Queda se deve, em parte, à exploração de gás de xisto, cuja influência sobre o mercado global acabou de ganhar o reconhecimento do governo russo.

Em análise recente, o Ministério de Desenvolvimento Econômico da Rússia anunciou que os preços de petróleo sofrerão algumas alterações ao considerar uma série de fatores, como a oferta geral e preços globais de petróleo. Em 2014, o custo de um barril do petróleo russo Urals é comercializado a US$ 104, caindo para US$ 100 entre 2015 e 2016. Os valores dos contratos de fornecimento de gás serão influenciados também pela ampliação da carteira de fornecedores, alguns dos quais usufruem da tecnologia de extração do gás de xisto.

“As presentes mudanças não serão provocadas apenas pela oferta do gás de xisto americano, que não é o único produto disponível, mas também pelo aumento da oferta no mercado global de gás, cujo rápido crescimento será capaz de reduzir os preços do gás natural no segmento europeu para além dos valores cobrados pela fornecedora russa”, afirma Piotr Kaznatcheev, diretor do Centro de Economia de Matéria-Prima da Academia de Economia e Serviço Público da Rússia.

O território ucraniano, por exemplo, é rico em gás de xisto e, segundo os planos das empresas americanas Shell e Chevron, o produto começará a ser extraído já no ano de 2015. Nesse contexto, os órgãos públicos russos reconheceram, pela primeira vez,  a influência que a existência do gás de xisto exerce sobre o mercado europeu de hidrocarbonetos.

“Podemos sugerir que o governo nacional confirmou, mesmo indiretamente, a influência dos depósitos de gás de xisto europeu nas mudanças do preço do gás natural”, explica Grigóri Birg, analista da agência Investkafe. Mas, apesar do prognóstico desfavorável, o especialista considera-o apenas uma das possíveis ameaças aos negócios comerciais da Gazprom.

“Em um futuro próximo, a queda nos valores da matéria-prima fornecida pela empresa poderá ser relacionada à redução dos preços nos mercados à vista europeus, onde se concentram os principais clientes da Gazprom”, acrescenta Birg. Uma vez que os contratos à vista preveem o pagamento e o fornecimento de gás feitos de uma maneira simultânea, os principais compradores da Gazprom preferem administrar os negócios ao longo prazo, seguindo o princípio “take-or-pay” – isto é, a antecipação do pagamento pelo volume determinado do produto pelo próprio cliente e a obrigação de pagar multa caso a quantidade de fato encomendada seja menor.

O presente fenômeno resulta em constantes pedidos de redução dos preços de gás por parte dos compradores europeus da Gazprom, assim como provoca as solicitações de alteração dos valores de acordo com as quantias cobradas no mercado à vista. Exemplo disso é a diferença nos preços do gás russo vendido no mercado holandês de TTF e na fronteira com a Alemanha, que atingem 200 e 340 dólares por mil metros cúbicos, respectivamente.

Redução geral

O ano de 2012 foi marcado pela publicação simultânea de relatórios do banco Sberbank e do Ministério de Energia, que revelaram uma tendência de redução tanto da parcela do gás russo no mercado europeu, quanto do seu preço.

“Apesar de as empresas europeias ainda não terem tido a capacidade industrial suficiente para a ‘regaseificação’ do gás liquefeito, que seria capaz de substituir por completo o gás natural importado da Rússia, elas possuem a intenção de aumentá-la, ganhando mais argumentos nas negociações comerciais com a Gazprom”, ressalta Kaznatcheev.

De acordo com os resultados da análise realizada pelo Centro de Economia de Matéria-Prima da Academia de Economia Nacional e Serviço Público, a implantação de uma política de diversificação das fontes de gás no território europeu poderá resultar na redução do volume de importação desse produto de origem russa em 5 bilhões de metros cúbicos por ano, o que significa a diminuição dos recursos orçamentários do país em 8 a 9 bilhões de dólares devido à falta do pagamento das taxas de exportação.

Paralelamente, a redução dos preços nos contratos de fornecimento de gás já passou a ser levada em consideração nas estratégias das empresas de investimento. “O nosso modelo financeiro referente à Gazprom para o ano de 2017 prevê o valor médio de exportação de gás à Europa igual a 320 dólares por mil metros cúbicos. Em longo prazo, a diminuição moderada dos preços de gás no mercado europeu parece ter os seus motivos, porém, a diferença pode não ser tão grande quanto imaginamos”, afirma Elia Balakirev, representante do setor.

Segundo a especialista, as notícias atuais em relação à extração do gás de xisto no território americano possuem uma influência maior nas expectativas das empresas e clientes do que nas mudanças reais no mercado europeu. Porém, nada impede que os países da região iniciem a extração do produto por conta própria.

“Na tentativa de evitar a relação entre os preços de gás cobrados conforme os contratos assinados e no mercado à vista, a Gazprom seguirá os principais fundamentos previstos pelos acordos padrão  que incluem os prazos longos, dependência do valor de petróleo e as condições rígidas take-or-pay”, revela Grigóri Birg. A redução dos valores previstos pelos contratos poderia ajudar a reforçar a presença da empresa russa no mercado europeu e até aumentar o volume do seu produto importado pela região. 

 

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