Duma libera publicidade de cerveja em estádios e transmissões esportivas

O retorno da publicidade foi bem recebido pelos representantes do setor Foto: PhotoXPress

O retorno da publicidade foi bem recebido pelos representantes do setor Foto: PhotoXPress

Decisão da câmara dos deputados na Rússia deve movimentar US$ 145 milhões em comerciais de cervejeiras russa. Uma das razões para a revogação da proibição, em vigor desde 2012, é a realização da Copa do Mundo de 2018 no país.

Antes de entrar em recesso de verão no início de julho, a Duma de Estado (câmara baixa do Parlamento russo) aprovou, logo nas duas leituras finais, o projeto de lei para suspender a proibição de publicidade de cerveja em eventos esportivos oficiais.

O processo completo de revisão do documento pelos legisladores foi feito em um tempo recorde de dez dias. Segundo o projeto de lei, até 2019 será permitido fazer propaganda de cerveja nos estádios e durante as transmissões de eventos esportivos na televisão.

Além disso, os deputados autorizaram a publicidade de cerveja em veículos impressos, exceto na primeira e última páginas. “Em primeiro lugar, essa decisão foi ditada pelas condições da Copa do Mundo de 2018 na Rússia, cujos patrocinadores titulares são corporações de cerveja transnacionais, e pela necessidade de atrair fundos adicionais para melhorar a rentabilidade desse grande projeto", diz o analista da UK Finam Management, Maksim Kliaguin.

O retorno da publicidade foi bem recebido pelos representantes do setor. “Há muitos anos que a cerveja Baltika patrocina diferentes tipos de esportes, clubes esportivos e ligas. O desenvolvimento do esporte sempre foi uma das prioridades da empresa na área da interação com a comunidade local e a promoção das marcas era feita exclusivamente dentro da lei”, disse à Gazeta Russa Maksim Lazarenko, vice-presidente de marketing da Baltika, maior produtora de cerveja nacional que pertence ao grupo Carlsberg.

Segundo o cálculo efetuado pela produtora de cerveja holandesa Heineken, depois da volta da publicidade aos estádios e à televisão, as cervejeiras russas estariam dispostas a investir em publicidade da bebida 5 bilhões de rublos (US$ 145 milhões) durante os eventos esportivos.

“A publicidade de cerveja nos países onde ela é a bebida nacional, como Alemanha, República Tcheca, Holanda e etc., onde existe a cultura de beber cerveja na hora do almoço, não é proibida e é comumente aceita”, afirma o diretor-geral do escritório de advocacia Zuikov e Parceiros, Serguêi Zuikov.

“Outro exemplo estrangeiro é a cooperação de longa data entre a fabricante Heineken e a Liga de Campeões da UEFA”, acrescenta o analista-chefe da UFS IC, Aleksêi Kozlov.

Torcida pela cerveja

A lei que proíbe a venda de cerveja nos estádios e eventos esportivos foi introduzida na Rússia em 2002. A decisão foi motivada por tumultos protagonizados por torcedores no centro de Moscou, após a derrota da seleção russa para o Japão na Copa do Mundo.

Dois anos depois, os comerciais de bebida alcoólica foram proibidos nos estádios do país e durante a programação diurna da TV. Em janeiro de 2005, passou a ser proibido utilizar a imagem de pessoas e animais em publicidade de cerveja e, em 2009, os anúncios desapareceram por completo da rádio e televisão.

Em 2012, a cerveja passou a ser equiparada a outras bebidas alcoólicas, embora o próprio presidente Vladímir Pútin tenha se manifestado contra tais restrições. “Em todos os países do mundo e da Europa (sic), a cerveja é vendida nos estádios e não tem nada demais nisso”, declarou o presidente na época.

Mesmo durante a atual proibição, desde o final de junho de 2014, os canais de televisão russos veiculam publicidade da cerveja sem álcool Amstel. “Beber cerveja enquanto se assiste ao jogo é uma longa tradição que não tem nada a ver com o abuso de álcool nem com suas consequências para a saúde”, diz um comunicado de imprensa da Heineken, lançado pela empresa por ocasião da aprovação da nova lei. 

 

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