Acordo com a China é um dos principais fatores para o desenvolvimento econômico Foto: Shutterstock
De acordo com uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch, o contrato da Gazprom com a empresa chinesa CNPC para fornecimento de gás começará a ter efeito no cenário macroeconômico da Rússia em 2015. Graças a ele, o volume anual dos investimentos do monopólio russo do gás vai aumentar em US$ 5,6 bilhões – capital que será destinado para a construção do gasoduto e para o projeto dos campos de Tchaiandinski e Kovitinski, na Sibéria.
“Os investimentos a serem feitos no projeto de infraestrutura significam encomendas para empresas de muitos setores, e, consequentemente, o reavivamento da atividade empresarial. Ainda mais porque, na fase inicial, a China pretende dar um adiantamento financeiro para a construção”, explica o presidente executivo da consultoria Arkaim, Aleksandr Dorofeiev.
O montante do investimento no projeto, estimado em US$ 55 bilhões, é um valor significativo para a Gazprom e excede qualquer programa anual de investimentos da estatal russa. Com esse impulso, o BofA Merrill Lynch garante que o PIB russo crescerá 2,1% já em 2015 e, assim, reduzirá o efeito negativo causado pela crise ucraniana e pelas recentes sanções por parte dos UE e dos EUA.
O acordo com a China, porém, é apenas um dos fatores para o desenvolvimento econômico, garante Dorofeiev. Segundo ele, se as exportações de hidrocarbonetos para a Europa diminuírem no futuro, as exportações para a China poderão compensar e dar suporte parta manter o atual nível do PIB, mas não vai permitir crescer.
“O orçamento pode ser gasto não só na indústria do gás, mas também em outros setores. A maneira mais eficaz para apoiar a economia em longo prazo é promovendo uma política de substituição de importações de vários tipos de produtos por produção nacional”, diz o especialista, acrescentando que, para tal, é preciso tornar os créditos acessíveis e criar condições necessárias para o desenvolvimento dos negócios.
Uma outra pesquisa, realizada pela Ernst & Young em 2013, mostra que a Rússia ficou em terceiro lugar mundial em termos de atração de investimento, depois dos EUA e da China, mas à frente de países como Reino Unido, Alemanha, Cingapura e Brasil. No ano passado, o fluxo de investimento direto estrangeiro na Rússia atingiu US$ 94 bilhões – valor 83% maior do que em 2012. Nesse mesmo período, os Estados Unidos receberam US$ 120 bilhões de investimento estrangeiro, e a China, US$ 96 bilhões.
O efeito positivo registrado na Rússia em 2013 foi, contudo, prejudicado pela saída de investidores em 2014 devido à crise ucraniana. Segundo dados do Banco Central da Rússia, a fuga de capital do país atingiu a marca de US$ 63 bilhões no primeiro trimestre de 2014.
Ânimo retomado
Em abril passado, a economia russa apresentou pela primeira vez um aumento de 1,1% no ano, informou o vice-ministro para o Desenvolvimento Econômico da Rússia, Andrêi Klepatch. Porém, o crescimento real foi muito mais modesto. Levando em conta fatores sazonais, o PIB cresceu 0,1% em abril, depois de um crescimento nulo em março, aumento de 0,4% em fevereiro e queda de 0,6% em janeiro.
Visita de Pútin a Pequim sugere aproximação entre as potências
O crescimento econômico é, em parte, resultado da atitude positiva dos empresários russos. Dados do Instituto de Estudos Estatísticos da Escola Superior de Economia revelam que o crescimento da economia russa no momento é determinado por três fatores.
O primeiro deles é o crescimento da produção nos setores de metalurgia e engenharia mecânica, devido à substituição dos produtos que chegavam da Ucrânia por produtos de fabricação nacional. Em segundo lugar, a esperança do empresariado em receber benefícios do Estado. Por fim, os analistas assinalam que “componente emocional” da população teve um efeito positivo inesperado sobre a economia em meio à “mudança da posição Rússia no mundo, dos eventos na Ucrânia, da assinatura do contrato de gás com a China, do programa de substituição das importações por produção nacional e dos Jogos Olímpicos”, entre outros fatores.
De acordo com os especialistas, um movimento semelhante foi determinante para o aumento acentuado da indústria da URSS entre 1946 e 1953, após a Segunda Guerra Mundial.
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