A empresa russa mais subvalorizada é a "Transneft" Foto: Reuters
Uma das maneiras de definir o valor de uma empresa é estabelecendo a correlação entre a sua capitalização de mercado (o valor de todas as ações) e o lucro anual. Esse parâmetro é utilizado pelos investidores internacionais para descobrir quais empresas poderão se valorizar no futuro e trazer lucro.
Os títulos incluídos no índice MICEX, principal índice do mercado de ações russo, são negociados, em média, em um nível de cinco lucros anuais. Comparativamente, o mesmo indicador chega a 9,5 na Turquia, 12,5 na Polônia, e 13,1 no Brasil – em média, as companhias russas recebem uma avaliação 2,5 vezes pior que as brasileiras.
“A subvalorização de muitas empresas russas não está tão relacionada à ausência de perspectivas de crescimento ou a uma deterioração significativa das perspectivas, como acontece em muitos outros mercados, o mais provável é que os investidores se preocupam com os problemas de governança corporativa e com a insuficiente proteção dos direitos dos acionistas minoritários”, sugere o analista da agência Investkafe, Timur Nigmatullin.
Esses índices são cálculos com base em uma média nacional, de modo que nem todas as empresas russas seguem as estimativas. Pelos cálculos da holding de investimento Finam, a capitalização da maior produtora de níquel do mundo, a Norilsk Nickel, é equivalente a 41,7 lucros por ano, um recorde absoluto para o mercado nacional. Os indicadores mais baixos são, ao contrário do que se pensa, apresentados pelos principais gigantes do petróleo e gás.
As 5 mais subvalorizadas
1. Transneft De acordo com as estimativas da Finam, a empresa russa mais subvalorizada é a Transneft, responsável pela construção e operação de oleodutos. A capitalização da companhia totaliza US$ 3,5 bilhões, o equivalente a apenas 0,8 do lucro anual. Todas as ações ordinárias da empresa estão nas mãos do Estado e, até 2016, planeja-se vender apenas 3,1% de sua participação.
Levando em conta as sanções e a problemática situação geopolítica, a privatização pode facilmente ser adiada por um prazo indeterminado. Aliás, o fornecimento do petróleo russo para os novos mercados depende justamente da Transneft, sobretudo para China e Japão, onde a Rússia planeja encontrar os seus futuros consumidores de recursos energéticos.
2. Gazprom A gigante de gás, que garante 40% do abastecimento de gás para a União Europeia, vale US$ 83,7 bilhões – 2,7 lucros anuais. As ações da Gazprom são geralmente os títulos mais populares entre os estrangeiros que investem na Rússia, mas os investidores têm mostrado receio devido à situação política instável na Ucrânia.
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Através do território ucraniano, a empresa realiza parte significativa do fornecimento de gás para a Europa. Em consequência disso, as ações da Gazprom caíram quase 10% desde o início do ano, e 65%, se comparado a maio de 2008.
3. Lukoil O pacote básico de ações da petrolífera privada pertence ao ex-vice-ministro da Indústria de Petróleo e Gás da URSS, Vaguit Alekperov. Atualmente, a capitalização da empresa alcança US$ 44 bilhões e equivale a três lucros anuais. A companhia produz 16,3% de todo o petróleo russo.
4. Surgutneftegaz Trata-se da petrolífera russa ‘mais fechada’. Durante um longo período, o presidente Vladímir Pútin foi citado entre os seus supostos beneficiários, mas os rumores não foram confirmados. Pelos dados da Finam, a capitalização da empresa é igual a US$ 30 bilhões ou meros 3,6 lucros anuais. A empresa pode ser interessante para os investidores pelo por não possuir ativos estrangeiros, de modo que não será afetada por quaisquer sanções impostas às empresas russas.
5. Rosneft A maior empresa pública do mundo em termos de produção de petróleo fecha o top 5 das mais subvalorizadas. A estatal vale US$ 66,87 bilhões, ou seja, apresenta índice de 4,3 lucros anuais. A petrolífera foi seriamente prejudicada pelas sanções impostas pelo governo americano, e o seu presidente e ex-vice-primeiro-ministro, Igor Sétchin, foi incluído na “lista negra” dos EUA.
Nas previsões da Finam, tão logo a situação com as sanções for resolvida e os investidores retornarem ao mercado russo, o mais provável é que voltem a sua atenção justamente para a Rosneft. A garantia de prosperidade da companhia é a enorme influência de Sétchin, considerado um aliado próximo de Pútin. A Rosneft também conta com um investidor estratégico: a empresa britânica BP, que detém 19,75% das ações e tem interesse em evitar barreiras no caminho que leva o petróleo russo ao mercado mundial.
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