O campo de extração está localizado a 60 km da costa, no mar de Pechora Foto: Gazprom
Na contramão dos protestos em larga escala, incluindo a organização Greenpeace, a Rússia conseguiu finalmente implementar seu projeto petrolífero no Ártico. O volume do primeiro carregamento de petróleo chegou a 70.000 toneladas.
“Esse hidrocarboneto bruto requer um processamento de alta tecnologia. Ele é melhor e mais barato do que o petróleo extraído nos Urais e nos campos europeus. Existe uma grande demanda por petróleo desse tipo”, diz o analista sênior da empresa UFS, Iliá Balakirev.
As reservas do depósito ártico possuem um total de 71.960.000 toneladas, e a taxa de extração prevista é de 6.000.000 toneladas ao ano. Estima-se, portanto, que o campo permanecerá ativo por, pelo menos, dez anos.
Como as reservas são pequenas, Balakirev não espera qualquer problema com a venda do petróleo, já que não influenciará significativamente nos preços gerais, abaixando a margem de lucro na extração. O projeto prevê o preço mínimo do barril a US$ 80.
De acordo com a assessoria da Gazprom, o primeiro comprador do petróleo ártico é uma das maiores empresas de energia da Europa, e a extração foi contratada de modo direto. O produto extraído será entregue no terminal Arco, do porto de Roterdã.
Segurança garantida
O campo de extração está localizado a 60 km da costa, no mar de Pechora, o que torna a acesso ao hidrocarboneto um verdadeiro desafio.
Mesmo assim, a Gazprom garantiu que as características do projeto fornecem total segurança durante a obtenção, transporte e armazenamento do petróleo. O hidrocarboneto extraído é armazenado em compartimentos especiais com capacidade para até 94 toneladas. Em caso de vazamento, o sistema de segurança é acionado em 7 segundos, bloqueando a passagem do produto.
Além disso, o lugar de transferência do petróleo para os navios-tanque é variável e determinado conforme os parâmetros das condições do mar, velocidade do vento, correntes marítimas e espessura do gelo. Para tanto, foram construídos dois novos petroleiros capazes de navegar em determinadas condições de gelo: Mikhail Ulianov e Kirill Lavrov. Uma base especial de emergência foi também construída nas margens próximas ao local de extração.
Fator político
A produção na plataforma de Prirazlomnaia representa um dos projetos russos mais caros na área de petróleo e gás. As despesas para sua implementação já ultrapassaram a marca de US$ 2,5 bilhões, em quase 20 anos de construção.
O projeto estava atrasado desde 2004, mas, devido à intensificação da “corrida ao Ártico”, os esforços acabaram sendo acelerados. Apesar de o campo ter sido descoberto em 1989, a plataforma marítima de extração só foi instalada em agosto de 2011, e a produção final começou em 2013.
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“Em termos de navegação e de logística, a extração do óleo ártico parece ser a solução mais eficaz. Espera-se que, após o aumento na produção, a empresa consiga estabelecer contratos de longo prazo”, conta Balakirev, acrescentando que, no primeiro trimestre de 2014, a Gazprom estabeleceu contatos com refinarias Arco no noroeste da Europa.
O especialista reconhece, entretanto, que a produção de petróleo na região possui caráter político, uma vez que a Rússia reivindica regiões do Ártico. Atualmente, os projetos para desenvolver a plataforma ártica estão em diversos níveis e estágios e são conduzidos principalmente pelas empresas Shell, Statoil, ExxonMobil, ConocoPhilips e BP. Mas a Gazprom pretende ser a única exportadora de petróleo ártico no mundo.
“Para a Rússia, a produção de petróleo a partir de Prirazlomnaia é, em grande parte, um projeto político, e não somente econômico. Ela compreende o Ártico como uma zona de interesses prioritários e quer limitar a crescente influência dos países ocidentais na região”, concorda o analista da companhia Finam, Anatóli Vakulenko. O governo russo planeja instalar um total de 25 de plataformas semelhantes no Ártico.
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