Principal aliado de Pútin é alvo das novas sanções norte-americanas

Os outros nomes da nova lista são, em sua maioria, políticos que estão na ativa, embora um deles seja amigo pessoal de Pútin Foto: AP

Os outros nomes da nova lista são, em sua maioria, políticos que estão na ativa, embora um deles seja amigo pessoal de Pútin Foto: AP

Os EUA impuseram sanções adicionais contra sete cidadãos russos e 17 empresas. Na nova lista entraram dois amigos do presidente russo Vladímir Pútin, cinco políticos, três bancos, um importante fornecedor da gigante estatal Gazprom e até uma fábrica de produção de água mineral. Saiba exatamente quem são e como afetam as novas medidas da terceira rodada de sanções impostas por Washington.

Braço direito de Pútin

Entre os nomes inseridos na lista de sanções divulgada pelo governo americano nesta segunda-feira (28), o que mais chama atenção é o do chefe da Rosneft, Igor Sêtchin, que trabalha ativamente com os Estados Unidos. Em 1990, quando era ainda professor e tradutor, Sêtchin se encontrou com Vladímir Pútin e, desde então, tem sido considerado um dos principais aliados do presidente no poder.

No ano seguinte ao primeiro encontro, Sêtchin se tornou assessor de Pútin, quando o futuro presidente da Rússia ainda trabalhava na prefeitura de São Petersburgo. Com o tempo, ele se tornou vice-premiê do governo russo e sugeriu a iniciativa de criar um análogo da Gazprom, o maior monopólio estatal, no mercado de petróleo. Essa ideia deu origem à Rosneft, que assumiu os ativos da Yukos, a maior holding de petróleo da Rússia que antes pertencia ao oligarca Mikhail Khodorkóvski.

Em 2012, Sêtchin saiu do governo e foi nomeado presidente da Rosneft. Sob sua liderança, a petrolífera começou uma expansão agressiva no mercado global. Ainda em 2011, a empresa americana ExxonMobil se tornou parceira estratégica da Rosneft para a exploração de hidrocarbonetos no Ártico russo. Como resultado, a Rosneft recebeu parte das jazidas do Texas. Além disso, fez um acordo com a British Petroleum, que resultou na aquisição, por parte da gigante britânica, de 19,75% das ações da Rosneft.

Ao longo dos últimos dois anos, o próprio Igor Sêtchin esteve nos EUA por, pelo menos, três vezes. Agora, nas negociações com a ExxonMobil, a empresa russa terá que ser representada por outra pessoa. A função será provavelmente pelo seu vice, o americano Zeljko Runje, que trabalhava anteriormente na ExxonMobil.

Amigos e compartes

Os outros nomes da nova lista são, em sua maioria, políticos que estão na ativa, embora um deles seja amigo pessoal de Pútin: Serguêi Tchemezov, chefe da corporação estatal Rostekh, responsável pela produção de alta tecnologia e TI.

Tchemezov conheceu o futuro presidente russo ainda durante o serviço militar na RDA, na década de 1980, e chegaram a compartilhar a mesma casa por um longo período. Antes de 2007, ele dirigia a Rosoboronexport, sendo responsável pelo fornecimento de armamento russo ao exterior.

Além de Sêtchin e Tchemezov, as sanções incluem o vice-premiê russo, Dmítri Kozak, e o vice-chefe da administração presidencial, Viatcheslav Volodin. O primeiro deles iniciou a sua carreira na prefeitura de São Petersburgo juntamente com Pútin e, posteriormente, ocupou vários cargos no governo russo. Foi Kozak que supervisionou a preparação de Sôtchi para os Jogos Olímpicos e é atualmente o responsável pelo desenvolvimento da Crimeia. Volodin, por sua vez, responde atualmente pela política interna da Rússia.

Os demais nomes da lista recém-anunciada são: Oleg Belavenets, representante oficial do presidente na Crimeia; Evguêni Murov, chefe do Serviço Federal de Segurança; e Aleksêi Puchkov, chefe do Comitê para os Assuntos Externos da Duma (câmara dos deputados na Rússia) e ex-jornalista conhecido por suas declarações antiamericanas.

Golpe nos bancos

Além dessas sete pessoas, 17 empresas entraram na lista das sanções anunciadas pelos EUA. Tratam-se, basicamente, de estruturas anteriormente incluídas e controladas por Boris e Arkádi Rotenberg, Guennádi Timtchenko e Iúri Kovaltchuk – quatro empresários que são também amigos próximos de Pútin. Arkadi Rotenberg, por exemplo, treinava judô com o futuro presidente russo quando ainda eram crianças e chegou a fundar, juntamente com Timtchenko, o clube de judô de São Petersburgo.

A maior das empresas sancionadas é a empreiteira da Gazprom para a instalação gasodutos SGM (Stroigazmontaj). Cabe lembrar que em seu trabalho a empresa utiliza equipamento americano Caterpillar, cujo serviço, ao que tudo indica, será em breve suspenso. Também entrou para a lista das sanções a produtora de água mineral Aquanika, que coloca por ano no mercado interno 500 milhões de litros de água mineral e refrigerantes.

Mas o prejuízo mais grave será sentido pelas três instituições financeiras inseridas na relação – SMP Bank dos Rothenbergs, o InvestCapitalBank e o Sobinbank, propriedade do magnata da mídia Iúri Kovaltchuk –, que não podem mais trabalhar com moeda estrangeiras nem com cartões Visa ou MasterCard.

Apesar da rigidez da posição dos EUA, o mercado de ações da Rússia respondeu com um repentino aumento. Após o anúncio, o balanço total dos pregões dos índices russos MICEX e RTS subiram 1,49% e 1,78%, respectivamente.

“As sanções impostas à Rússia foram moderadas e direcionadas contra os líderes de uma série de empresas individuais, e não de setores, como se esperava anteriormente”, explica o analista da MFX Broker, Vitáli Almazov.

As autoridades americanas haviam ameaçado impor sanções contra todo o setor bancário russo. “Se fosse assim, teriam sido bloqueados todos os cartões bancários Visa e MasterCard emitidos na Rússia, bem como todas as operações em dólares”, acrescenta Almazov. Os dois grandes sistemas de pagamento estão registrados nos EUA e cumprem todos os requisitos da legislação norte-americana.

 

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