Especialistas não excluem o aumento dos preços no segundo semestre de 2014 Foto: PhotoXPress
Em 11 de abril, o porta-voz do maior produtor de potássio russo, a Uralkali, declarou que a empresa investiu US$ 30 milhões na compra de 25% da holding brasileira Equiplan Patriciadores S.A., maior acionista do Terminais Portuários da Ponta do Félix S.A, em Antonina, no Paraná. O contrato foi assinado em fevereiro de 2013, mas o preço da compra não tinha sido divulgado.
O Brasil é tradicionalmente um dos mais ativos consumidores de potássio e o maior parceiro da Uralkáli na América Latina. Em 2013, as vendas totais do gigante russo cresceram 9% e atingiram quase 10 milhões de toneladas, 1,2 milhões das quais foram exportadas ao Brasil.
De acordo com os especialistas da empresa, até o final de 2012, ela exportava 15% da sua produção ao Brasil.
Segundo o diretor do departamento de financiamento corporativo do Financial Consulting Group, Denis Pokróvski, a infraestrutura portuária de Antonina é adequada para essa tarefa. Está na posição ideal para os embarques às áreas de rápido crescimento no Brasil e permitirá desenvolver as operações da Uralkáli na América Latina.
"A infraestrutura portuária brasileira é escassa e no período do plantio os navios têm que esperar durante várias semanas. O custo de frete pode ser de 5% a 10% do custo final", disse Pokróvski.
Segundo o analista sênior da Zerich Management Group. Oleg Dúchin, a aquisição das ações do porto permitirá que a Uralkáli descarregue os produtos sem demora. "Assim, a empresa russa recebe benefícios na distribuição do seus produtos em relação aos concorrentes que também querem invadir o mercado brasileiro", completou Dúchin.
De acordo com os dados de Porkróvski, até o final desse ano, as importações de fertilizantes para o Brasil atingirão um volume recorde de 8 milhões de toneladas, 2 milhões das quais serão fornecidas pela Uralkáli. A metade dessa importações passará pelo porto de Antonina. Durante os próximos dez anos, a Uralkáli vai fornecer 1 milhão de fertilizantes ao Brasil através do porto a cada ano.
Estabilidade
As vendas estáveis agora são muito importantes para o gigante químico russo. De acordo com o analista da FG BKS, Oleg Petropávlovski, a empresa deve obter não apenas a infraestrutura, mas também o acesso garantido a um mercado que no ano passado foi o único com grande crescimento constante.
Por causa dos conflitos no mercado de potássio, principalmente entre a Uralkáli e o produtor bielorrusso Belaruskali, o aumento dos preços para o potássio é pouco provável.
A "guerra" de fertilizantes no ano passado levou à diminuição dos preços. Segundo Oleg Dúchin, em 2013, a queda de preço do produto exportado pela Uralkáli foi de 17,6%. No início de 2014, a queda continuou, mas foi mais gradual, e a demanda estava se recuperando em um ritmo mais lento do que o previsto pela empresa.
No entanto, especialistas não excluem o aumento dos preços no segundo semestre de 2014, já que há uma diminuição de estoques em todo o mundo. Porém, a Uralkáli conseguiu aumentar sua cota no mercado mundial de 17% no primeiro semestre de 2013 a 23% no segundo.
Pokróvski não exclui que a empresa continuará a investir em infraestrutura portuária e em armazéns no Brasil, o que permitirá melhorar a distribuição do produto e a produção de fertilizantes mistos com valor agregado no território do país.
"Esse esquema terá vantagens fiscais, pois a produção será localizada no território do Brasil. De acordo com a legislação, para localizar a produção no país é preciso ser proprietário de um porto. Provavelmente, a Uralkáli decidiu investir por esse motivo. Nesse caso, a empresa russa continuará a investir na produção conjunta com os parceiros brasileiros", completou Pokróvski.
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