De acordo com uma pesquisa feita pela Companhia de Seguros Rosgosstrakha, a vida humana é avaliada em US$ 100.000 Foto: AFP/East News
Talvez a primeira pergunta seja: por que traduzir a vida em dinheiro? Para determinar, por exemplo, a compensação devida a parentes de vítimas que morreram em um acidente de trabalho ou automobilístico, bem como de desastre natural ou ataque terrorista. Por mais que pareça que o valor é calculado sobre a morte de uma pessoa, não é bem assim que funciona.
Os economistas acreditam que um valor da vida humana elevado força o governo e as empresas a reforçarem o nível de segurança. A princípio, isso leva a melhorias no nível de saúde pública, condições de trabalho, prestação dos serviços de resgate e seguros obrigatórios. Assim, é possível diminuir mortalidade, o que significa para os aparelhos estatal e empresarial menos prejuízos econômicos e perda de trabalhadores.
Valores da vida
Valor do Seguro de Carro Obrigatório: US$ 4.500
Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil dos Transportadores: famílias de vítimas recebem até $ 60.000, além de $ 700 pelo funeral
Catástrofes naturais: US$$ 28.000
Após o atentado terrorista no aeroporto Domodêdovo e das inundações em Krasnodar, as famílias afetadas receberam US$ 60.000
“Pelos nossos cálculos, o valor de vida humana na Rússia chega quase a US$ 1.400.000”, diz Tatiana Karabtchuk, vice-diretora do Laboratório de Pesquisa Social Comparada da Escola Superior de Economia (HSE). “Com esse resultado, a Rússia se assemelha a países em desenvolvimento na Ásia, mas, no contexto dos países desenvolvidos, o valor da vida é extremamente baixo”, acrescenta. Os índices na Rússia são cerca de 8 vezes menor do que no Reino Unido, 6 vezes inferiores aos da França, e 4,5 vezes aos dos EUA.
De acordo com outra metodologia de cálculo, que se baseia na avaliação do capital humano (como a pessoa se comporta em relação à educação e emprego), a média russa é estimada em US$$ 169.000. “A Rússia, em termos de capital humano, se distancia dos países desenvolvidos, mas continua à frente daqueles pós-socialistas, como Polônia e Romênia”, afirma Rostislav Kapeliushnikov, vice-diretor do Centro de Pesquisas do Trabalho da HSE, acrescentando que durante os anos 2000 esse valor quase duplicou por causa do rápido crescimento dos salários.
O preço do risco
Determinar o valor da vida de um russo não é uma tarefa fácil, já que não há no país um sistema estatal unificado para esse tipo de cálculo. As pesquisas são guiadas por alguns padrões, como, por exemplo, o seguro social obrigatório contra acidentes de trabalho. Esse serviço garante à família da vítima uma indenização de US$$ 28.000, mas é possível receber apenas US$ 2.100.
A vida de um minerador, contudo, assume relevância especial nesse contexto. Em caso de morte no trabalho, os parentes recebem uma indenização de três anos de salário. Algumas categorias de funcionários públicos também têm tratamento especial. Quando um juiz ou qualquer membro da Justiça morre, suas famílias recebem 180 salários mensais. Já os familiares de militares mortos em serviço ou membros dos serviços de resgate têm direito a 120 salários mensais.
Discrepância nacional
De acordo com uma pesquisa feita pela Companhia de Seguros Rosgosstrakha, a vida humana é avaliada em US$ 100.000 – dos homens em US$ 121.000, e das mulheres em US$ 79.000. Os valores mais elevados foram dos diretores de grandes empresas (US$ 163.000) e, surpreendentemente, dos desempregados (US$ 155.000). Os valores mais baixos correspondem aos trabalhadores de escritório (US$ 62.000, em média).
Essa pesquisa, contudo, possui caráter subjetivo. Pelas estatísticas das seguradoras russas para o ano de 2013, os russos gastaram US$$ 2,1 bilhões em seguros de vida, enquanto pagaram US$ 8 bilhões por seguros automobilísticos. “A demanda por seguros de vida está aumentando, mas ainda é baixo o nível de bem-estar geral. Nem todos podem pagar para segurar suas vidas”, lamentam os especialistas da Rosgosstrakha.
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