Todos os países da Europa Oriental dependem significativamente do gás russo Foto: Shutter stock / Legion Media
"Estamos prontos para permitir a exportação de gás natural em volumes necessários para a Europa", declarou o presidente Barack Obama na quarta-feira (26), ao fim de uma reunião de cúpula entre os Estados Unidos e a União Europeia, em Bruxelas.
Falando sobre novas sanções econômicas contra a Rússia, Obama disse que os Estados Unidos e a União Europeia devem se focar no setor energético. “A Europa precisa estudar todas as possibilidades para diversificar as fontes de fornecimento de energia”, declarou o presidente americano.
No entanto, de acordo com o analista da empresa de investimentos Anchorinvest, Serguêi Vakhrameev, para exportar gás à Europa, além da liberalização das exportações, os EUA terão de adquirir terminais de liquefação de gás natural.
Desde 2011, o Departamento de energia dos EUA aprovou apenas seis propostas para construção de terminais de GNL para exportação. No final de março, o sétimo terminal recebeu a aprovação. Vinte e cinco projetos ainda não foram aprovados.
O primeiro terminal de exportação de GNL será construído apenas no final de 2015, o que significa que os Estados Unidos poderão começar a fornecer gás para a Europa só em 2016. Os outros projetos já aprovados começarão a funcionar até 2020.
A capacidade total dos terminais aprovados é de 118 milhões de metros cúbicos de gás.
Insuficiente
No
entanto, mesmo se os EUA enviarem todos os 118 milhões de metros cúbicos de gás
diretamente para a Europa, os países europeus não poderão parar de comprar gás
russo.
Segundo Valhrameev, em 2013,
a Rússia exportou para a Europa cerca de 135 bilhões de
metros cúbicos de gás.
De acordo com o principal especialista da União de Indústrias de Petróleo da Rússia, Rustam Tankaev, os Estados Unidos nunca vão exportar todo o gás produzido.
“Até 2012, os Estados Unidos tinham deficiência de gás, embora o déficit esteja diminuindo. Em 2013, houve um pequeno superávit, mas muito pequeno. Até agora, não está claro quais volumes de gás americano poderão ser vendidos à Europa", diz Tankaev.
Um outro problema é que inicialmente os EUA planejavam fornecer gás para os mercados asiáticos, que são economicamente mais rentáveis.
"Os comerciantes podem vender gás a qualquer lugar. No entanto, eles sabem que os preços de mercado de gás na Ásia são muito maiores", diz Vakhrameev.
Segundo ele, o preço de gás na Ásia é de US$ 15 por um milhão de unidades térmicas britânicas (BTU); na Europa, de US$ 12 por um milhão de BTU. Isso significa que 1.000 metros cúbicos de gás na Ásia custam pelo menos US$ 100 mais que na Europa; em alguns casos, a diferença é ainda maior.
“Os americanos também podem começar a fornecer gás para a Ásia. Quando os preços começarem a cair, eles entrarão no mercado europeu. De qualquer jeito, a Europa não poderá cancelar as importações de gás russo”, diz Vakhrameev.
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Além disso, se os EUA resolverem todos os problemas internos e começarem a fornecer gás para a Europa, terão que enfrentar um outro problema: a falta de infraestrutura.
Todos os países da Europa Oriental dependem significativamente do gás russo. A Lituânia, por exemplo, importa 100% de gás natural da Rússia.
“Os Estados Unidos poderiam exportar gás para Espanha, Reino Unido ou França, porque esses países têm terminais de GNL. Mas os países da Europa Oriental não têm nenhuma infraestrutura para importar gás norte-americano”, explica Valhrameev.
“Além disso, os países europeus assinaram contratos para o fornecimento de gás russo até 2034. O que eles vão fazer? Sem dúvida, a Europa pode reduzir sua dependência da Rússia, mas uma maneira gradual e muito lenta”, completou.
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