Crise econômica na Ucrânia afetará Rússia, alertam especialistas

Segundo as estimativas, os bancos russos que têm subsidiárias na Ucrânia poderiam ser afetados pelo risco de não reembolso dos empréstimos Foto: RIA Nóvosti

Segundo as estimativas, os bancos russos que têm subsidiárias na Ucrânia poderiam ser afetados pelo risco de não reembolso dos empréstimos Foto: RIA Nóvosti

Uma possível moratória da Ucrânia terá um impacto significativo sobre a economia da Rússia, dizem especialistas. No entanto, os políticos e empresários russos estão tomando medidas para minimizar esse impacto.

A economia da Ucrânia pode falir. No mercado interbancário de câmbio ucraniano o dólar oscila em torno de 10 grivnas (moeda nacional da Ucrânia). As reservas internacionais do Banco Nacional caíram de US$ 17,8 bilhões a US$ 15 bilhões, e o fluxo de capital estrangeiro parou quase completamente, enquanto a saída de capitais está crescendo.

"O tesouro do Estado foi saqueado. A única conta do tesouro ucraniano tem apenas 4 milhões de grivnas (US$ 410 mil)", declarou o novo primeiro-ministro da Ucrânia Arsêni Iatseniuk. De acordo com ele, a dívida total da Ucrânia ultrapassa US$ 130 bilhões. Segundo as estimativas dos analistas da Capital Economics, Kiev precisa urgentemente de US$ 20 a US$ 25 bilhões para evitar a moratória.

A Europa não se apressa a ajudar. A União Europeia prometeu fornecer ajuda econômica à Ucrânia duas semanas atrás, no entanto, até agora, não anunciou nem o volume nem os prazos da ajuda. De acordo com especialistas, a União Europeia não vai fornecer ajuda financeira antes da realização das eleições presidenciais em maio porque o Ocidente poderá gastar o dinheiro apenas após a assinatura de acordos que preveem reformas estruturais da economia ucraniana. Além disso, Kiev espera receber US$ 15 bilhões do Fundo Monetário Internacional.

Ameaça para a Rússia

De acordo com analistas da Fitch, a crise econômica na Ucrânia afetará a Rússia. Segundo as estimativas, os bancos russos que têm subsidiárias na Ucrânia poderiam ser afetados pelo risco de não reembolso dos empréstimos. Os empréstimos concedidos pelos bancos russos na Ucrânia ultrapassam US$ 28 bilhões. “Estes empréstimos têm riscos tanto econômicos como políticos, inclusive a recessão, a ameaça para a propriedade dos ativos em dívida e a desvalorização da grivna”, dizem os analistas da Fitch.

Os bancos russos também prevêm esses riscos. O presidente do banco estatal VTB, Andrêi Kóstin, declarou que o banco não concede novos empréstimos na Ucrânia.

Guêrman Gref, diretor do maior banco russo, o Sberbank, declarou que as estruturas do banco limitarão os empréstimos para novos clientes tanto para pessoas físicas como para jurídicas.

Vários setores em risco

De acordo com os especialistas, a crise ucraniana também afetará os fabricantes russos que cooperam com com empresas ucranianas. Segundo o economista-chefe do ING Bank, Dmítri Polevoi, em primeiro lugar a situação afetará o setor automotivo e a produção agrícola. "A falta de fornecimento da produção agrícola na Ucrânia para a Rússia poderá ser resolvido por meio da importação da produção da Bielorrússia", diz Polevoi.

A parte mais importante da cooperação comercial entre a Rússia e a Ucrânia é a venda de petróleo e gás. A Ucrânia não está interessada no confilto empresarial nesse setor. De acordo com o ministro da Energia, Indústria e Carvão ucraniano, Eduard Stavístski, o país está realizando negociações com a Rússia para manter o forncecimento de gás e o desconto atual.

De acordo com o economista-chefe do Deutsche Bank Russia, Iaroslav Lisovolik, a Ucrânia é um dos principais parceiros comerciais da Rússia, e a desvalorização da grivna afetará a taxa de câmbio do rublo. “A fraqueza da economia ucraniana pode retardar ligeiramente o crescimento do PIB da Rússia”, diz Lisovnik.

Apesar dos altos riscos para economia interna, a Rússia não concede novos empréstimos para a Ucrânia. De acordo com o ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, o investimento de US$ 12 bilhões dos US$ 15 bilhões prometidos anteriormente está congelado. Moscou já investiu os restantes US$ 3 bilhões em títulos de dívida do Estado.

Segundo Dmítri Polevoi, uma moratória da Ucrânia levaria à reestruturação das dívidas, o que é inconveniente para a Rússia. "No entanto, os riscos para os investidores russos são exagerados, já que mais de 80% dos títulos de dívida da Ucrânia pertencem a investidores americanos", completou.

 

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