Não se sabe ainda se escudo do Banco Central será capaz de segurar os mercados por muito tempo Foto: wikipedia.org
A autorização para envio de tropas à Ucrânia votada no fim de semana passado pelo Conselho da Federação (senado russo) rapidamente refletiu-se nos mercados mundiais. Na tarde desta segunda feira (3), a DAX de Frankfurt caiu 2,5% e a Nikkei de Tóquio, 1,27%. Mas, como era de se esperar, o maior ceticismo foi demonstrado pelo mercado de ações da Rússia. No fim do dia, tanto a Moscow Interbank Currency Exchange (-12,5%) como a Russian Trade System (-14%) apresentaram quedas acentuadas.
As negociações no mercado cambial começaram com a desvalorização do rublo. O valor do euro ultrapassou, pela primeira vez a história, 50 rublos, e o dólar chegou a ser comercializado por 36,38 rublos. A última alta do dólar, que superou a marca de36,3 rublos, havia acontecido em fevereiro de 2009.
Uma das primeiras medidas de defesa do Banco Central da Rússia foi o aumento temporário da taxa chave de 5,5 para 7%, “para evitar o surgimento de riscos de inflação e estabilidade financeira”, conforme explica o chefe do departamento de análise de mercados da corretora “Otkritie”, Kostantin Buchuev. “Essa medida fecha o mercado para o colapso e para o aumento da suga de capital.”
Efeito dominó
Não se sabe ainda se escudo do Banco Central será capaz de segurar os mercados por muito tempo. Foram tantos acontecimentos no último fim de semana que a maioria dos analistas não arriscou fazer quaisquer prognósticos sobre a dinâmica dos mercados em um futuro próximo.
Alguns comparam a situação atual com os eventos de agosto de 2008, quando a Rússia iniciou a operação de paz na Ossétia do Sul. Na época, o índice da Moscow Interbank Currency Exchange caiu mais que 5%, e a Russian Trade System, 6,5%, na manhã seguinte à introdução das tropas russas.Pelos cálculos do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, a iniciativa custou à Rússia cerca de $400 milhões.
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Outros comparam a tendência atual com a guerra da Geórgia, em 2008. “Os gastos com atividades militares na península serão comparáveis com as despesas dos cinco dias do conflito com a Geórgia”, adiantou à RBK o chefe do Centro de Prognóstico Militar, Anatóli Tsiganok. Além dos gastos militares, as autoridades de Moscou se dispuseram a fornecer também ajuda financeira à Crimeia, que está afundada em dívidas.
A pressão por parte da União Europeia e dos EUA é mais um fator que preocupa os investidores. As possíveis sanções políticas (exclusão do G8) e econômicas poderão causar novo impacto na balança da Rússia, que é o terceiro maior exportador para a UE (depois dos Estados Unidos e China) e o principal vendedor de energia à Europa.
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