Aumento da inflação assusta russos, aponta pesquisa

Os cidadãos indicam como fator principal o aumento dos gastos Foto: ITAR-TASS

Os cidadãos indicam como fator principal o aumento dos gastos Foto: ITAR-TASS

A porcentagem de russos que esperam ver sua situação financeira melhorada ao longo do ano caiu em um terço, e o principal fator para o aumento das previsões pessimistas é a aceleração da inflação. É o que aponta pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa da Opinião Pública da Rússia (VTSIOM na sigla russa).

Segundo levantamento recente do Centro de Pesquisa da Opinião Pública da Rússia (VTSIOM na sigla russa), a maioria dos russos (60%) acredita que a situação financeira de suas famílias não vai mudar durante o ano. O pessimismo prevalece entre os cidadãos ao longo dos últimos dez anos.

Um quinto dos russos (17%) acreditam que a sua situação financeira vai piorar em 2014. Um ano atrás, era menor o número de cidadãos céticos –12%.

Apenas 15% dos entrevistados espera melhoria da situação material. Estas expectativas são hoje mais típicas de jovens com idades compreendidas entre 18 e os 24 anos (dentro deste universo, a parcela dos otimistas é de 25%), assim como de moradores de cidades de tamanho médio (19%).

A principal razão para a possível deterioração das condições materiais dos russos ao longo de vários anos foi indicada como sendo a inflação elevada (74% afirmaram isso este ano, contra 67% em 2008).

Os cidadãos indicam também como fator principal o aumento dos gastos. No ano passado foi bem maior a parcela daqueles que deram esta resposta: passaram de 44% em 2013 para 53% em 2014. Um em cada dez (9%) se queixa que o seu bem-estar poder vir a piorar devido ao pagamento de juros de créditos obtidos. A perda do trabalho é a principal preocupação de 8% dos inquiridos, que é significativamente menor do que em 2013 (18%).

A principal fonte de rendimento para os russos continua tradicionalmente sendo o salário de sua atividade principal –foi essa a afirmação de 66% dos entrevistados. Mas também há russos que pretendem aumentar a sua renda com um trabalho extra, seja por contrato ou sem contratação oficial –eles são 17%.

No último ano duplicou a percentagem de indagados que esperam uma melhoria da sua situação econômica mediante a obtenção de vários tipos de pensões ou aposentadorias (13% em 2014 contra 7% em 2013). Um em cada dez inquiridos pretende lucrar com o seu próprio negócio ou atividade profissional liberal. Mais raros são os russos que esperam ajuda financeira de parentes e amigos (6%) e o recebimento de abonos de família e outros pagamentos (4%).

Constante

De acordo com a diretora da empresa de projetos sociológicos Bachkírova e Partniôri (Bachkírova e Associados), Elena Bachkírova, esta tendência de queda das expectativas dos russos em relação à sua situação material tem sido uma constante nos últimos anos.

"Alguns anos atrás, cerca de 50% dos moradores entrevistados achavam que o seu bem-estar material não iria sofrer alterações no futuro próximo. Esse número era reflexo das expectativas elevadas dos russos quando comparadas com o seu estado de espírito nos dias de hoje, quando já 60% da população não espera nenhuma mudança. E, acima de tudo, não existem razões econômicas para isso: a situação está piorando não só na Rússia, mas no mundo inteiro. Os preços estão subindo", diz Bachkirova.

A especialista da Câmara Pública para os Assuntos Sociais e Política Demográfica Dária Khalturina indicou que o período entre 2000 e 2008 se caracterizou por aumento rápido da renda.

"Basicamente, isso se deveu ao fato de muitos russos terem um padrão de vida baixo, que, na verdade, foi nivelado e trazido para cima. Durante esse tempo os cidadãos se acostumaram a ver o crescimento de receita como um fenômeno necessário. No momento atual não estamos atravessando nenhuma crise de verdade, o que aconteceu foi a estagnação. Mas os russos estão acostumados a aumentos salariais e sem isso se sentem desconfortáveis", diz Khalturina.

Não é por acaso que o principal fator da deterioração do bem-estar dos cidadãos acostumados ao aumento dos rendimentos é precisamente indicado como sendo a inflação, que desvaloriza os salários.

Ao mesmo tempo, e de acordo com especialistas, nas cidades com mais de um milhão de habitantes já praticamente se esgotaram os recursos para aumentar salários: o teto foi atingido. Por outro lado, nas cidades de valor populacional médio ainda existe potencial para crescer, por isso seus habitantes estão mais otimistas no que se refere à sua situação material. 


Publicado originalmente pelo Izvéstia

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