Para alcançar líder China, Rússia quer exportar pirotecnia

O fogo de artifício não é um produto de primeira necessidade, logo abandonado pelos consumidores ao primeiro sinal de estagnação econômica Foto: Vitáli Ankov/RIA Nóvosti

O fogo de artifício não é um produto de primeira necessidade, logo abandonado pelos consumidores ao primeiro sinal de estagnação econômica Foto: Vitáli Ankov/RIA Nóvosti

A China é o líder tradicional no mercado planetário de pirotecnia. A Rússia, entre os cinco maiores importadores, tem seus fabricantes próprios, mas não consegue superar os chineses no mercado interno.

A Rússia, como todos os outros países, deve sua arte pirotécnica à China Antiga, pioneira na área. Hoje, a China continua a ser, inquestionavelmente, a maior fornecedora de artefatos pirotécnicos para todo o mundo.

“Mais de 90% dos produtos pirotécnicos do mercado russo são originários da China”, diz Víktor Samochin, vice-presidente da Associação Pirotécnica de Moscou.

A APR (Associação Pirotécnica da Rússia) garante que o país está entre os cinco maiores importadores da pirotecnia chinesa. No entanto, os peritos sublinham que a China, sendo o maior produtor de fogos de artifício, também é o maior consumidor do mundo.

“O mercado de consumo de produtos pirotécnicos na China supera quatro vezes o de exportação”, realça Vladímir Jíkharev, vice-presidente da APR.

Segundo a Associação de Pirotecnia da Rússia (APR), a produção mundial de pirotecnia se concentra na China, que tem de 60% a 65% do mercado. A seguir vêm Brasil, Índia e Filipinas, cada um com 5% a 10%. A parte dos países desenvolvidos, sobretudo europeus, não supera os 20%. 

A superioridade desta indústria chinesa reside não apenas em sua indiscutível qualidade, como também nos baixos preços, que se mantêm estáveis graças ao reduzido custo de produção. “O clima chinês possibilita esta perigosa produção ao ar livre”, salienta Samochin. “Se, na China, os químicos podem ser secados ao sol, na Rússia precisamos de pavilhões especiais devido a nossas peculiares condições climáticas”, explica Jíkharev.

Apesar disso, a Rússia, contrariamente à maior parte dos países europeus, se gaba de ter sua própria produção, ainda que esta corresponda a uma pequena parte, mesmo em termos de mercado interno. Jíkharev calcula que toda a produção russa não vai além de 5% a 7% no setor da pirotecnia de entretenimento. O restante das necessidades é suprido pela importação, principalmente chinesa.

No entanto, a Rússia fabrica 90% nos segmentos especializados, como fogos de bengala, bombas de carnaval e fogos luminosos de mesa, diz Artiom Muranov, diretor do Departamento de Atividade Econômica Externa, Marketing e Vendas da Produção Civil e Pirotécnicos do Instituto de Investigação Científica (IIC) de Química Aplicada.

Experiência de exportação

Os representantes do mercado russo querem, no entanto, alargar tanto sua produção, como sua área de exportação, a começar pela Alemanha.

“No ano passado, certificamos naquele país nossos fogos de bengala e artefatos de estudo e imitação chamados ZigZag. No segundo semestre, nossos clientes europeus fizeram compras num montante superior a 100 mil euros”, diz Muranov, do IIC de Química Aplicada. Segundo ele, os produtores russos planejam fornecer para toda a Europa através da Alemanha.

Para os especialistas, o dinamismo do IIC de Química Aplicada se explica não só pelo crescimento da empresa, mas também pela procura existente no mercado. Jíkharev lembra que a produção chinesa inundou o mercado russo, deixando um nicho reduzido para os fabricantes nacionais. Procurando escoar sua produção, os russos se viram para o estrangeiro, sobretudo para seus vizinhos mais próximos da Europa.

Baixa da procura

O fogo de artifício não é um produto de primeira necessidade, logo abandonado pelos consumidores ao primeiro sinal de estagnação econômica.  O valor deste mercado na Rússia é estimado em US$ 100 milhões.

Nos dois últimos anos, a procura caiu. Na quadra natalícia, que na Rússia vai de 1º a 8 de janeiro, as receitas dos varejistas perfazem 70% de seu volume de negócios anual.

No ano passado, as vendas sofreram uma queda de 20%; no início deste ano, segundo cálculos prévios, será de 15%. O gasto médio de um comprador rondará  os US$ 150. 

 

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