BC retira licença do Master-Bank, causando receio no mercado

A crise de liquidez atingiu os bancos médios e pequenos, impossibilitando as operações de pagamento entre eles Foto: RIA Nóvosti

A crise de liquidez atingiu os bancos médios e pequenos, impossibilitando as operações de pagamento entre eles Foto: RIA Nóvosti

Desde que Elvira Nabiullina tomou posse como presidente do Banco Central da Rússia no verão passado, a instituição anulou as licenças de 22 bancos, entre os quais dois grandes, causando uma grande preocupação no mercado.

O Banco da Rússia retirou a licença do Master-Bank, um dos maiores bancos de varejo russos, incluído na lista dos 100 maiores bancos do país em termos de ativos (80,87 bilhões de rublos), por suspeita de prestação de serviços à economia paralela. Como resultado, os especialistas estão conjeturando se a medida pode provocar uma crise bancária e se os depositantes estão preocupados com a perspectiva de perder suas poupanças, sacando seu dinheiro.

Desde que Elvira Nabiúllina tomou posse como presidente do Banco Central da Rússia no verão passado, a instituição anulou as licenças de 22 bancos, entre os quais dois grandes, causando uma grande preocupação no  mercado. Sua recente declaração de que o Master-Bank não é o único do gênero causou pânico e nervosismo entre os banqueiros. Na internet, foi publicada uma "lista negra" não oficial dos bancos a serem encerrados. Como resultado, a Associação Interbancária de Câmbio de Moscou divulgou uma carta na qual se declarou preocupada com a possibilidade de o mercado interbancário entrar em colapso, como aconteceu em 2004, e solicitou ao Banco Central pensar bem suas ações.

Crise

A crise de liquidez atingiu os bancos médios e pequenos, impossibilitando as operações de pagamento entre eles. As taxas de juros sobre os empréstimos interbancários subiram para 120% ao ano enquanto uma taxa de juro comum não superava 1% a 2%. As pessoas físicas e jurídicas começaram a retirar seus depósitos. A crise foi provocada pela anulação das licenças de dois bancos de médio porte e a instabilidade geral no mercado de empréstimos interbancários. O Master-Bank não é o primeiro banco grande a perder sua  licença. Em setembro passado, foi retirada a licença do Banco Púchkino. Agora, os dois bancos devem pagar a seus depositantes indenizações no valor de 30 bilhões de rublos e 20 bilhões de rublos, respectivamente.

No final de setembro passado, o montante total dos recursos destinados ao pagamento de indenizações do seguro de depósito, mantidos em poder da ASD (Agência de Seguro de Depósito), era de 238,7 bilhões de rublos. No entanto, os depositantes duvidam que esses recursos sejam suficientes para pagar indenizações do seguro de depósito em caso de falências de outros bancos até o final deste ano. "A retirada da licença de um banco de varejo tão grande é uma falência forçada, mas um procedimento normal", afirma o diretor-geral da Agência Nacional de Avaliação, Víctor Tchetverikov. Segundo ele, os recursos da ASD  serão suficientes para pagar indenizações do seguro de depósito em caso de falência de vários bancos.

Limpando o mercado dos chamados "bancos duvidosos", o Banco Central luta contra a corrupção e a sonegação de impostos, afirma Chris Weafer, fundador e sócio sênior da Consultoria Macro. "A fuga de capitais é um grande problema para a Rússia. Desde meados de 2008, a saída de capitais do país somou US$  400 bilhões. Um quarto desse montante foi retirado por pessoas físicas e empresas especializadas na exportação de dinheiro. O governo declarou reiteradas vezes ter decidido acabar com bancos criados para servir aos interesses de grupos de empresários ou beneficiários isolados, mas esse processo era lento demais", explica Weafer.

Participantes do mercado dizem que o Banco Central faz o possível para evitar o pânico, exorta os banqueiros a trabalhar em conformidade com a lei e deixa bem claro que aqueles que cumprirem as regras estabelecidas não terão problemas.

Nenhum dos especialistas faz previsões apocalípticas sobre o colapso do sistema bancário russo e uma possível crise bancária. "O Banco Central está realizando uma limpeza do setor bancário. Além disso, sua nova equipe deseja demonstrar eficácia", diz uma fonte de um dos maiores bancos de varejo russos. "A atual situação não vai levar a uma crise bancária: o sistema é bastante estável. Alguns bancos deixarão indubitavelmente o mercado. O Banco Central sinalizou que continuará com sua política de retirada do mercado dos bancos implicados em operações duvidosas", disse Mikhail Kuzmin, analista financeiro do Investcafe Independent.

É cada vez mais frequente ouvir dizer que a limpeza global do sistema bancário russo vai reforçar o setor público na banca. A situação corrente no mercado vai provocar a população a mudar seu dinheiro para bancos grandes, na maioria das vezes, estatais, ressalta Kuzmin.

Os primeiros sinais dessa tendência já podem ser observados. Conforme especialistas da Agência Nacional de Avaliação, em outubro passado, a saída de depósitos de pessoas físicas dos bancos não incluídos na lista das dez maiores instituições financeiras do país para bancos maiores foi de 25% a 40%. Por exemplo, o Sberbank (Banco de Poupança) recebeu cerca de 40% dos depósitos retirados (50 bilhões de rublos ) e o banco VTB 24 (subsidiária de varejo do banco VTB), 21% ( 25 bilhões de rublos).

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